A infertilidade é um problema de saúde pública que afeta 10-15% dos casais em todo o mundo, e a ciência está sempre atrás de novos tratamentos para permitir que casais realizem o sonho de ter filhos. No dia 4 de dezembro, cientistas reportaram que, pela primeira vez, houve o nascimento de um bebê gerado em um útero transplantado proveniente de uma doadora morta, estudo e procedimento realizados no Brasil. Em setembro de 2016 uma mulher que nasceu sem o útero recebeu transplante de uma doadora que sofreu morte cerebral. Sete meses após o transplante, ela recebeu embriões gerados após um ciclo de fertilização in vitro, e alcançou a gravidez. O bebê nasceu saudável no dia 15 de dezembro de 2017, e o útero transplantado foi removido no momento da cesárea. Apenas duas outras gestações após transplantes de útero já foram publicadas anteriormente, na Suíça e outra nos EUA – porém com órgãos de doadores vivos. Uma tentativa de transplante uterino com doador falecido foi realizada em 2011 na Turquia, mas o resultado foi um aborto. O uso de doadores mortos amplia enormemente o acesso a esse tratamento, tornando o transplante uterino uma opção terapêutica para mulheres que desejam realizar suas próprias gestações. Esse avanço na medicina, que está tendo destaque no mundo todo, foi realizado por uma equipe totalmente brasileira, mais uma vez mostrando a enorme relevância da ciência no Brasil.
Figura: Imagem do bebê após o nascimento. Imagem: Ejzenberg.
Tweet-science: Viviane Paiva Santana
Artigo original: Revista The Lancet (Dez/2018) # Livebirth after uterus transplantation from a deceased donor in a recipient with uterine infertility. Autores: D. Ejzenberg, W. Andraus, L. Mendes, e colaboradores
(Editoração: Fernando Mecca, Gabriela Duarte e André Pessoni)