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Sífilis: breve abordagem da IST no Brasil

#Ciência et al. (Conteúdos repletos de informações científicas)

DESTAQUES:
• É uma infecção sexualmente transmissível causada pela bactéria Treponema pallidum;
• O tratamento eficaz é disponibilizado no Sistema Único de Saúde (SUS) em Unidades Básicas de Saúde;
• A sífilis congênita é uma preocupação crescente no país e ações do Ministério da Saúde visam combater tanto a sífilis adquirida quanto a congênita.

Em novembro de 2016, o departamento de vigilância, prevenção e controle das Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST), do HIV/Aids e das Hepatites Virais passou a utilizar essa nova nomenclatura. O termo IST substituiu a expressão Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST), porque destaca a possibilidade de uma pessoa ter e transmitir uma infecção, mesmo sem sinais e sintomas.

Nessa lógica, a Sífilis é uma Infecção Sexualmente Transmissível (IST) causada pela bactéria Treponema pallidum. O Treponema pertence ao filo Spirochaetes com três subespécies morfologicamente indistinguíveis: 

  • T. pallidum pallidum;
  • T. pallidum pertenue;
  • T. pallidum endemicum.
sífilis treponema pallidum
Bactéria Treponema pallidum. Fonte da imagem: National Geographic.

Esses Treponemas podem causar as doenças, conhecidas como treponemoatoses, chamadas de Sífilis, Bouba e Bejel. 

O formato helicoidal é a característica morfológica marcante dessas bactérias, levando as mesmas a se locomoverem em movimentos semelhantes a um “saca-rolhas”. Seu tamanho padrão varia entre 5 e 20 μm de comprimento e 0,1 a 0,2 μm de diâmetro.

Os seres humanos são os únicos hospedeiros desses agentes etiológicos. Devido à quantidade pequena de proteínas detectáveis em sua parede celular, a bactéria não aciona o sistema imune humano de forma eficiente, o que muitas vezes faz os indivíduos infectados não apresentarem sintomas. No entanto, devido à considerável produção de lipoproteínas, uma resposta inflamatória vai ser desencadeada. Assim, há pouco conhecimento sobre o mecanismo patogênico da doença, sabendo-se que a infecção ocorre a partir da aderência da bactéria ao epitélio do hospedeiro e da entrada da bactéria na circulação sanguínea, ou seja, da aderência. 

A Sífilis é uma doença curável, mas se não for diagnosticada e tratada, pode causar complicações. A doença apresenta três fases, descritas abaixo na tabela.

tabela sífilis

No que se refere à epidemiologia no Brasil, entre janeiro e junho de 2022 foram registrados 122 mil novos casos de sífilis. Segundo o Ministério da Saúde, nesse período foram diagnosticados 79,5 mil casos de sífilis adquirida (via sexual), 31 mil registros em gestantes e 12 mil ocorrências de sífilis congênita (transmissão de mãe para bebê durante a gestação). Desde 2010 a notificação de casos de sífilis no Brasil se tornou obrigatória.

A principal forma de transmissão da sífilis é por meio de relações sexuais desprotegidas e, para prevenir a doença, é fundamental o uso de preservativos. Seu diagnóstico é realizado por meio de teste rápido e está disponível nos serviços de saúde do SUS, sendo prático e de fácil execução, com leitura do resultado em no máximo 30 minutos. 

O tratamento é considerado bastante eficaz e realizado com o antibiótico chamado penicilina benzatina, popularmente conhecida como benzetacil. Esse medicamento está disponível nas UBS (unidades básicas de saúde) do Sistema Único de Saúde (SUS). Vale reforçar que o uso inadequado do antibiótico pode causar a resistência da bactéria e dificultar o tratamento.

Atualmente, na tentativa de sensibilizar a população e conter o avanço da doença, o Governo Federal lançou recentemente campanhas para que a população se previna das infecções sexualmente transmissíveis. 

campanha sífilis
Imagens da campanha para a prevenção e diagnóstico precoce de Sífilis feita pelo Governo Federal.

Além disso, foram disponibilizadas atualizações do manual técnico para diagnóstico da sífilis no país, que pode ser encontrado aqui.

 

Colaboração:

amamentaçãoPriscilla Elias Ferreira da Silva sobre a autora

Priscilla é licenciada em Ciências Biológicas, mestra em Ciências (Clínica das Doenças Infecciosas e Parasitárias) e doutora em Ciências (Parasitologia e Imunologia Aplicadas) pelo Programa de Pós-Graduação em Medicina Tropical e Infectologia da UFTM. Faz pesquisas na área da Leishmaniose Visceral (LV) com ênfase em estudos envolvendo flebotomíneos.

 

Referências

Artigo científico intitulado “Brief history of syphilis”, publicado na revista Journal of Medicine and Life em 2014, de autoria de Tampa, M. e colaboradores.

Artigo científico intitulado “Syphilis”, publicado na revista Nature Reviews em 2017, de autoria de Peeling, R.W.

Artigo científico intitulado “The endemic treponematoses”, publicado na revista Clinical Microbiology Reviews em 2014, de autoria de Giacani, L. e Lukehart S.A.

Boletim Epidemiológico de Sífilis, publicado pelo Ministério da Saúde em 2022. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/centrais-de-conteudo/publicacoes/boletins/epidemiologicos/especiais/2022/boletim-epidemiologico-de-sifilis-numero-especial-out-2022/view 

Infecções Sexualmente Transmissíveis, publicado pelo Ministério da Saúde em 2023. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/i/ist 

Sífilis e resistência a antibióticos é tema do podcast Fiocruz no Ar. Publicado pela Fundação Oswaldo Cruz em 2020. Disponível em: https://portal.fiocruz.br/noticia/sifilis-e-resistencia-antibioticos-e-tema-do-podcast-fiocruz-no-ar

(Editoração: Nathália A. Khaled)

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