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Inteligência Artificial: quais implicações de seu uso em trabalhos acadêmicos?

#Farol de Notícias (Atualidades científicas que foram destaque na semana)

Artigo científico escrito usando o ChatGPT abre discussão para oportunidades e desafios da IA na academia

Em um novo estudo inovador, pesquisadores da Universidade de Plymouth, na Inglaterra, usaram uma série de sugestões e perguntas para encorajar o ChatGPT a produzir o tipo de conteúdo comumente visto em publicações acadêmicas. O ChatGBT é um gerador de conversas, ou chatbot, ajustado com técnicas de aprendizado supervisionado e por reforço para ser aprimorado. Os pesquisadores dizem na seção de discussão de seu artigo – escrito sem a influência do software – que o trabalho demonstra a sofisticação que a Inteligência Artificial (IA) agora oferece e também as oportunidades e desafios que ela representa para a comunidade acadêmica.

Lançado em novembro de 2022, o ChatGPT foi desenvolvido pela empresa OpenAI e é especializado em diálogo. É considerada a mais recente plataforma de chatbot e IA, apontada como tendo o potencial de revolucionar a pesquisa e a educação. No entanto, à medida que se torna cada vez mais avançada, a tecnologia também gera preocupações e debates em todo o setor educacional sobre honestidade acadêmica e plágio. 

inteligência artificial
O ChatGPT é um modelo irmão do InstructGPT, que é treinado para seguir uma instrução em um prompt e fornecer uma resposta detalhada. Fonte: techflowpost

Para abordar esses temas, o novo estudo usa diretamente o ChatGPT para demonstrar o quão sofisticadas as chamadas Large Language Machines (LLMs) se tornaram, mas também as etapas que podem ser tomadas para garantir que sua influência permaneça positiva. Publicado no periódico Innovations in Education and Teaching International, a pesquisa foi concebida por acadêmicos da Plymouth Marjon University e da University de Plymouth. Na maior parte do artigo eles usaram uma série de sugestões e perguntas para incentivar o ChatGPT a produzir conteúdo em estilo acadêmico. Estes incluíram:

  • Elaborar um trabalho acadêmico original, com referências, descrevendo as implicações do GPT-3 para a avaliação no ensino superior;
  • Como os acadêmicos podem impedir os alunos de plagiar usando o GPT-3?
  • Existem tecnologias que verificam se o trabalho foi escrito por um chatbot?
  • Produzir vários títulos espirituosos e inteligentes para um trabalho de pesquisa acadêmica sobre os desafios que as universidades enfrentam no ChatGPT e no plágio.

Depois que o texto foi gerado, eles copiaram e colaram o texto resultante no manuscrito do artigo, ordenaram-no seguindo a estrutura sugerida pelo ChatGPT e, em seguida, inseriram referências genuínas. Esse processo só foi revelado aos leitores na seção de discussão do artigo, que foi escrita apenas pelos pesquisadores, sem a assistência da IA.

Nessa seção, os autores do estudo destacam que o texto produzido pelo ChatGPT – embora muito mais sofisticado do que as inovações anteriores nessa área – pode ser relativamente estereotipado, e que várias ferramentas de detecção de IA existentes entenderiam isso. No entanto, eles também discutem que suas descobertas devem servir como um alerta para que os funcionários das universidades pensem com muito cuidado sobre o design de suas avaliações e as formas de garantir que a desonestidade acadêmica seja claramente explicada aos alunos e minimizada.

A Professora Debby Cotton, Diretora de Prática Acadêmica e Professora de ensino superior na Plymouth Marjon University, é a principal autora do estudo. Ela diz: “Este último desenvolvimento de IA obviamente traz enormes desafios para as universidades, não apenas em testar o conhecimento dos alunos e ensinar habilidades de escrita – mas, olhando positivamente, é uma oportunidade para repensarmos o que queremos que os alunos aprendam e por quê. Eu gosto de pensar que a IA nos permitiria automatizar algumas das tarefas mais administrativas que os acadêmicos realizam, permitindo que mais tempo fosse gasto trabalhando com os alunos.”

O Dr. Reuben Shipway, professor de Biologia Marinha na Universidade de Plymouth, disse: “Com qualquer nova tecnologia revolucionária – e esta é uma tecnologia revolucionária – haverá vencedores e perdedores. Os perdedores serão aqueles que não conseguirem se adaptar a um cenário em rápida mudança. Os vencedores adotarão uma abordagem pragmática e aproveitarão essa tecnologia a seu favor.”

 

Colaboração:

Jéssica de Moura Soares sobre a autora

Jéssica de Moura Soares é bacharel em Biotecnologia pela Universidade Federal do Ceará (UFC), Mestre e agora doutoranda em Bioquímica pela Universidade de São Paulo (USP). Se interessa por iniciativas onde a ciência ajuda a transformar o mundo em um lugar mais sustentável e igualitário. Entusiasta da divulgação científica, acredita que a ciência tem que ser de fácil acesso a todos.

 

Fontes e mais informações sobre o tema:

Matéria no site Science Daily, intitulada “Paper written using ChatGPT demonstrates opportunities and challenges of AI in academia”, publicado em 23/03/23.

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