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Tá a fim de quê?

Discutindo saúde sexual na era dos apps

Destaques:
– A infecção pelo HIV atinge desproporcionalmente a população LGBT – de acordo com a UNAIDS, programa da Organização das Nações Unidas voltada para o combate à AIDS, homens que fazem sexo com homens possuem um risco 22 vezes maior de adquirir o vírus;
– Existe um conhecimento limitado sobre as estratégias de prevenção que se restringe ao uso da camisinha masculina; pouco se sabe sobre outras formas de profilaxia, tais como os tratamento pré e pós-exposição ao vírus (respectivamente, PEP e PrEP), ou como pessoas com carga viral indetectável não transmitem o HIV;
– As relações estabelecidas pelos aplicativos revelam novos padrões de comportamento e relacionamento, colocando homens que fazem sexo com homens (HSH) frente a situações de risco de infecção pelo HIV e diferentes formas de proteção, que podem ocorrer simultaneamente.

O objetivo da pesquisa de Artur foi avaliar as vulnerabilidades e experiências dos homens (gays, bissexuais, pansexuais ou heterossexuais) que utilizam aplicativos de encontro à infecção pelo vírus HIV. Os resultados mostram que o sexo com parceiros encontrados por meio de aplicativos é ocasional, imediato, muitas vezes desprotegido e associado ao uso de drogas. No entanto, o que chamou mais a atenção foi a falta de informações sobre o status de HIV desses parceiros, mesmo o aplicativo fornecendo informações sobre a necessidade de proteção.

Os resultados apresentados fazem parte da tese de mestrado intitulada “HIV vulnerability of men who have sex with men users of geossocial dating applications”, estudo que se insere no macroprojeto ‘Comportamentos, práticas e vulnerabilidades de homens que fazem sexo com homens usuários de aplicativos geossociais para encontros’, que envolve pesquisadores  da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (EERP – USP), da Universidade Federal do Piauí (UFPI), bem como da Universidade Federal Fluminense (UFF), e que desde 2017 investigam mais de 2 mil HSH em todo o Brasil, com trabalhos publicados em periódicos nacionais.

Colaboração: Artur Acelino Francisco Luz Nunes Queiroz

sobre o autor

Fontes consultadas:

– Bauman, Z. (2004). Amor líquido: sobre a fragilidade dos laços humanos. (C. A. Medeiros, Trad.). Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed;

Queiroz, A. A. F. L. N. HIV vulnerability of men who have sex with men users of geossocial dating applications. Dissertação de Mestrado. Universidade de São Paulo. 2017;

– Queiroz, A. A. F. L. N., Matos, M. C. B., Araújo, T. M. E. D., Reis, R. K., & Sousa, Á. F. L. Infecções sexualmente transmissíveis e fatores associados ao uso do preservativo em usuários de aplicativos de encontro no Brasil. Acta Paulista de Enfermagem, 32(5), 546-553,  2019;

– Queiroz, AFLN, et al. Vulnerability to HIV among older men who have sex with men users of dating apps in Brazil. The Brazilian Journal of Infectious Diseases, 2019;

– Queiroz, AFLN, et al. “Conhecimento sobre HIV/aids e implicações no estabelecimento de parcerias entre usuários do Hornet®.” Revista Brasileira de Enfermagem 71.4 2018;

– Queiroz, Artur Acelino Francisco Luz Nunes, et al. Factors associated with self-reported non-completion of the hepatitis B vaccine series in men who have sex with men in Brazil. BMC infectious diseases, 2019;

Sousa, Alvaro Francisco Lopes, et al. “HIV Testing Among Middle-Aged and Older Men Who Have Sex With Men (MSM): A Blind Spot?.” American journal of men’s health 13.4, 2019;

– Medicina em debate: “Tá a fim de quê?” – Sexualidade, saúde e os aplicativos de relacionamento (acesse). 

(Editoração: Vinicius Anelli, Priscila Rothier e Caio Oliveira)

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