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Vacinação: mitos esclarecidos

#Especiais (Especiais temáticos repletos de informações científicas)

O que é falso e o que é fato sobre as vacinas

Destaques:
– A OMS considerou, em 2019, a hesitação vacinal como uma ameaça global à saúde;
– Vacinas tiveram êxito em reduzir epidemias, por exemplo, zerando o número de casos de varíola em 1971;
– O fenômeno da imunidade de rebanho só é possível quando há uma grande cobertura vacinal, imunizando inclusive pessoas saudáveis;
– É impossível sobrecarregar o sistema imune com vacinas, devido à enorme capacidade de produção de linfócitos B e anticorpos.

#UPVacinas
#UniãoPróVacina

 

De acordo com a Organização Mundial da Saúde, a vacinação salva de 2 a 3 milhões de vidas no mundo a cada ano. Apesar de estar entre as ferramentas mais eficazes para a promoção da saúde pública e individual, informações mal formuladas e falsas acerca da vacinação vêm cada vez mais ganhando publicidade, alimentando movimentos anti-vacina (em inglês, antivax) em todo o mundo e, com isso, diminuindo as coberturas vacinais em vários países. Em 2019, a OMS incluiu a “hesitação vacinal”, ou seja, a relutância ou recusa em se vacinar, como uma das 10 ameaças globais à saúde, ressaltando a importância da imunização para a prevenção de doenças infecciosas e cânceres. 

Em uma era em que as informações viajam muito rapidamente, a propagação de fake news contribui diretamente para o fortalecimento dos mitos que envolvem as vacinas. Em contrapartida, a comunidade científica trava uma luta diária para divulgar dados e informações válidas, a fim de desacelerar o crescimento de movimentos contrários à manutenção da saúde global. 

Este artigo reúne 5 mitos comumente disseminados entre a população, para que possam ser esclarecidos em detalhes e, assim, facilitar o nosso entendimento do que são e de como funcionam as vacinas. 


Mito 1: Vacinas causam autismo

Não existe qualquer evidência científica que associe a vacinação com o desenvolvimento do transtorno. Esse mito surgiu em 1998 devido ao estudo do gastroenterologista britânico Andrew Wakefield, que associava a vacina tríplice viral (contra sarampo, caxumba e rubéola) com o autismo. Entretanto, em 2004, o Comitê de Revisão de Segurança de Imunização da Academia Nacional de Medicina dos EUA publicou um relatório refutando o artigo que, por ser considerado fraudulento por conter informações falsas e inconsistentes, foi retratado em 2010. 


Mito 2: A vacina causa a doença que deveria prevenir

A possibilidade de uma vacina provocar a patologia da qual a pessoa deveria ser protegida é quase nula. Para explicar este (quase-)mito, precisamos falar brevemente de dois tipos de vacinas em particular. As inativadas, feitas a partir de organismos que foram mortos através de processos químicos ou físicos; e as atenuadas, que são elaboradas com organismos vivos, mas de patogenicidade limitada. Vacinas inativadas são incapazes de causar a doença, o que é uma grande vantagem para pacientes imunodeficientes. Um exemplo desse caso é a vacina influenza trivalente. Durante a época da gripe, é muito comum que as pessoas associem a vacinação com o posterior surgimento da doença; no entanto, processos agudos respiratórios (como resfriados) que se manifestam após a administração da vacina são apenas coincidências – afinal, é também nesta época que eles são comuns. Por outro lado, vacinas atenuadas possuem o risco, ainda que quase inexistente, de provocarem a doença no indivíduo. Nesses casos, durante a produção da vacina é feito um balanço entre o risco da ocorrência de efeitos adversos e a possibilidade de se contrair a doença, caso a imunização não seja feita. Em outras palavras, mesmo com vacinas atenuadas, a chance de ficar doente devido à vacinação ainda é muito menor do que a de adoecer sem ela.


Mito 3: Pessoas saudáveis não precisam se vacinar

Ao contrário do que se pode pensar, pessoas que não costumam ficar doentes também precisam ter o calendário de vacinação em dia. Esse mito é muito comum para aqueles que acreditam na vacina como uma forma de tratamento e não de prevenção, porém estar saudável hoje não impedirá o indivíduo de contrair a doença no futuro. Além disso, existe um fenômeno chamado “imunidade de rebanho”, que acontece quando uma porcentagem suficiente da população está imunizada e aqueles que por alguma razão não podem ser vacinados – como crianças, pessoas sob tratamentos rigorosos (como antitumorais) ou que possuem alguma condição que compromete seu sistema imune – são protegidos pelo grupo. No entanto, a imunidade de rebanho só acontece se a grande maioria da população é vacinada.


Mito 4: Não é preciso se vacinar contra doenças que já foram erradicadas

A única doença globalmente erradicada hoje é a varíola, para a qual não é necessário tomar a vacina desde a década de 1980. Por outro lado, algumas doenças são erradicadas apenas localmente, significando que podem ser reintroduzidas por viajantes de outros países e continentes. Além disso, certas doenças possuem reservatórios naturais, o que significa que o patógeno pode sobreviver no ambiente – em plantas, animais, na água, etc. – sem necessariamente infectar um hospedeiro humano, tornando sua erradicação quase impossível. Portanto, ainda é necessário se vacinar contra doenças que possam estar erradicadas no seu país.

importância da imunidade de rebanho para saúde pública
O que é imunidade de rebanho? Imagem: adaptada de Sociedade Britânica de Imunologia.



Mito 5: Vacinas sobrecarregam o sistema imunológico

Não é possível sobrecarregar o sistema imune através da vacinação. A vacina é constituída de um ou mais antígenos, moléculas que serão reconhecidas pelos anticorpos e, então, desencadearão a resposta imune. Nosso corpo é capaz de produzir milhões de linfócitos B – as células responsáveis pela produção de anticorpos – que são renovadas todos os dias. Teoricamente, devido à essa enorme quantidade de células B e, consequentemente, de anticorpos presente no nosso sangue, uma criança seria capaz de tomar 10.000 vacinas de uma vez. 

 

Esses são apenas alguns dos mitos disseminados dia após dia, principalmente através de redes sociais como Whatsapp e Facebook, endossados por discursos anticientíficos. É importante saber buscar a procedência das notícias e a credibilidade das fontes, para não contribuir com a propagação de informações errôneas que, no caso das vacinas, podem impactar direta e negativamente a saúde da população.

Especial “UP Vacinas”: Viktor F. B. Dettmann sobre o autor

Fontes consultadas:

Artigo científico intitulado “Addressing parents’ concerns: do multiple vaccines overwhelm or weaken the infant’s immune system?”, publicado na revista Pediatrics em 2002, de autoria de Offit, P.; Quarles, J.; Gerber, M.; e colaboradores;

– Relatório do Institute of Medicine (US) Immunization Safety Review Committee, intitulado “Immunization Safety Review: Vaccines and Autism”, publicado pela National Academies Press em 2004 (Relatório);

– Artigo científico intitulado “Vaccine Safety: Myths and Misinformation”, publicado na revista Frontiers in Microbiology em 2020, de autoria de Geoghegan S.; O’Callaghan, K.; Offit, P.;

– Guia do Ministério da Saúde intitulado “Guia de vigilância em saúde: volume único”, publicado em 2017 (Guia);

Site da Organização Mundial da Saúde (Website).

 

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(Editoração: Fernando Mecca, Beatriz Spinelli e Caio Oliveira)

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