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Conheça os hábitos dos flebotomíneos – grupo que inclui os transmissores da Leishmaniose
DESTAQUES: • Flebotomíneos são dípteros – insetos como moscas e mosquitos, com 1 par de asas funcionais; • Têm ampla distribuição no Brasil e grande diversidade de espécies; • Podem ser encontrados próximos de residências e criações de animais, principalmente em lugares sombreados e com acúmulo de matéria orgânica; • Fêmeas de algumas espécies são vetores de Leishmaniose Visceral e Leishmaniose Tegumentar. |
Flebotomíneos são pequenos dípteros pertencentes à família Psychodidae e à subfamília Phlebotominae. Os flebotomíneos adultos são insetos de pequeno porte, medindo de 3 a 5 mm de comprimento, possuem corpo com densa pilosidade e sua coloração varia entre as cores palha e castanho (Figuras 1 e 2). Ao redor do Brasil, esses pequenos dípteros recebem variados nomes populares como “mosquito palha”, “cangalhinha”, “birigui”, “tatuquira”, “asa dura” e “palhinha”. O ciclo de desenvolvimento do flebotomíneo varia entre 35 e 45 dias, passando pelas fases: ovo, larva, pupa e adulto.
Esses insetos possuem como habitat locais úmidos, com pouca luminosidade e movimentação do ar, essas características se justificam devido a sua estrutura frágil e seu tamanho reduzido. Eles são encontrados em ambientes protegidos como ocos de árvores, grutas, fendas de rochas e buracos no solo. Sua atividade de movimentação e alimentação acontecem normalmente ao pôr do sol e a noite em ambientes de mata fechada, mas há casos em que suas atividades podem ser diurnas.
Uma característica interessante sobre seu voo é que geralmente eles voam baixo e em pequenos saltos e seu pouso é peculiar: suas asas se posicionam de forma ereta, levantadas e entreabertas (Figura 1). A sua picada no hospedeiro vertebrado costuma ser bastante incômoda e dolorosa. Uma fêmea de flebotomíneo, dependendo da espécie, pode colocar de 40 a 100 ovos ao longo da sua vida!
O aumento na distribuição e densidade dos flebotomíneos é resultado do aumento de criadouros, fontes sanguíneas, migrações humanas, desmatamentos e mudanças climáticas que afetam diretamente a sua dispersão. Existem mais de 600 espécies de flebotomíneos descritas e cerca de 98 são vetores comprovados ou suspeitos de transmitirem as Leishmanioses. Os membros da subfamília Phlebotominae predominam nas regiões tropicais e subtropicais, sendo divididos em seis gêneros.
Por necessitarem de sangue para completar seu ciclo ovariano, as fêmeas dos flebotomíneos precisam sair de seus abrigos para buscar alimentação, sugando o sangue de diversos animais, incluindo humanos. Dessa forma, por serem hematófagas, essas fêmeas estão envolvidas na transmissão de Leishmaniose aos animais dos quais se alimentam.
Também por esse hábito alimentar, flebotomíneos se concentram em locais próximos a criadouros de animais e ambientes peridomiciliares; abrigos de animais domésticos configuram-se no melhor cenário para o seu repasto sanguíneo. Os machos geralmente se alimentam de seivas de plantas, constituindo-se em importante fonte de energia. A depender da disponibilidade de alimento, as fêmeas também poderão se alimentar de soluções açucaradas de vegetais.
É muito importante ressaltar que a probabilidade de transmissão da Leishmaniose irá depender de variados fatores, tais como as condições ambientais e climáticas da região, e a exposição dos humanos aos flebotomíneos. Para monitoramento da doença, existem programas bem estabelecidos, lançados pelo Ministério da Saúde, que visam a vigilância e o controle dessas enfermidades.
Nesses casos, intervenções integradas, como por exemplo, a vigilância entomológica, podem ser realizadas a nível local a fim de investigar a presença do vetor. Em vista disso, podem ser utilizadas armadilhas de fonte luminosa para captura dos insetos tanto em ambiente intradomiciliar quanto peridomiciliar (Figura 3). Trabalhos colaborativos entre universidades e serviços de saúde municipal são essenciais para atingir esses objetivos.
Colaboração:
Priscilla Elias Ferreira da Silva sobre a autora
Licenciada em Ciências Biológicas, Mestra em Ciências (Clínica das Doenças Infecciosas e Parasitárias). Atualmente é doutoranda em Ciências (Parasitologia e Imunologia Aplicadas) pelo Programa de Pós-Graduação em Medicina Tropical e Infectologia da UFTM. Faz pesquisas na área da Leishmaniose Visceral (LV), Doença Tropical Negligenciada de suma importância no Brasil.
Referências
Artigo científico intitulado “Insectos vectores de agentes infecciosos” publicado na revista Biomédica em 2017, de autoria de Pardo, R., Cabrera, O., López, R. e colaboradores.
Livro “Atlas interativo de leishmaniose nas Américas: aspectos clínicos e diagnósticos diferenciais.”, de autoria de Maia-Elkhoury, A., Hernandez, C., Ovalle-Bracho, C., e colaboradores, publicado pela Organização Pan-Americana da Saúde em 2021.
Manual do Ministério da Saúde do Brasil intitulado “Manual de vigilância da leishmaniose tegumentar [recurso eletrônico]“, publicado em 2017.
Manual do Ministério da Saúde do Brasil intitulado “Manual de vigilância e controle da leishmaniose visceral”publicado em 2014.
Relatório da Organização Pan-Americana de Saúde intitulado “Consulta De Expertos Ops/Oms sobre Leishmaniasis Visceral En Las Américas: informe final, publicado em 2005. (Website) (https://iris.paho.org/handle/10665.2/50253)
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(Editoração: Fernando F. Mecca, Loren Pereira e Priscilla Elias Ferreira da Silva)