Algumas construções antigas são tão imponentes que nos fazem questionar qual a história das civilizações capazes de criar obras tão majestosas. Um desses famosos exemplos é o monumento de Stonehenge, localizado no sudoeste da Inglaterra (140Km de Londres), que foi construído no final do período Neolítico (entre 3100 e 2300 a.C.). Nele, pedras de até 25 toneladas foram dispostas em circunferência demarcando o local onde havia um cemitério durante os primeiros anos de sua existência. Por muito tempo, arqueólogos acreditavam que restos mortais cremados de humanos encontrados próximos ao monumento estavam ligados à construção de Stonehenge, mas foi apenas recentemente que uma análise pôde gerar evidências mais conclusivas sobre a origem dos povos ali enterrados. A partir da detecção de isótopos de estrôncio nos restos das ossadas cremadas, pesquisadores concluíram que quase a metade dos indivíduos estudados enterrados em Stonehenge não é oriunda dos arredores do monumento, mas sim, proveniente do País de Gales, na mesma região em que parte das pedras usadas para construção do templo é originária. Uma vez que a cremação destrói matéria orgânica, inclusive o DNA, o isótopo de estrôncio confere uma boa alternativa para estudos arqueológicos por manter-se preservado nos ossos mesmo após a cremação, além de revelar os tipos alimentares ingeridos pelo indivíduo em sua última década de vida. Os resultados mostraram que presença de estrôncio nos ossos cremados de 10 dos 25 indivíduos analisados corresponde ao padrão de dieta característica do oeste da Grã-Bretanha no período da construção do monumento, que está localizado a 220Km de distância de Stonehenge. O trabalho sugere que a construção de Stonehenge envolveu tanto a troca de materiais inter-regionais, quanto o movimento de pessoas.
Tweet-science: Priscila S. Rothier
Artigo original: Strontium isotope analysis on cremated human remains from Stonehenge support links with west Wales # Revista Scientific Reports (Ago/2018). Autores: C. Snoeck, J. Pouncett, P. Claeys, S. Goderis, N. Mattielli, M. P. Pearson, C. Willis, A. Zazzo, J. A. Lee-Thorp, R. J. Schulting.
(Editoração: Gabriela Duarte, Priscila Rothier e Caio Oliveira)