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O módulo espacial InSight, da Nasa, detectou aceleração na velocidade de rotação no Planeta Vermelho e os pesquisadores ainda estão tentando explicar o porquê
O planeta Marte, nosso vizinho de sistema solar, está girando mais rápido em seu eixo e os cientistas ainda não têm certeza do que está causando isso. Em Agosto, a agência espacial Nasa informou que especialistas têm analisado dados do módulo InSight para rastrear a velocidade de rotação do planeta. Foi descoberto que a duração de um dia no planeta diminuiu uma fração de milissegundo a cada ano porque ele está girando mais rápido, porém, a equipe não sabe exatamente o que está causando essa aceleração. A teoria dos especialistas é que é possível que Marte como um todo está mudando ligeiramente – por exemplo, na massa do planeta ou no que ocorre em sua superfície. Isso poderia ser consequência ao acúmulo de gelo nas calotas polares ou em locais onde as massas de terra se elevam após serem soterradas pelo gelo – também conhecido como recuperação pós-glacial.
Essas mudanças na rotação só foram detectadas agora, e não antes, porque não havia medição tão precisa quanto a registrada pelo módulo InSight, que parou de operar este ano após completar seu período estendido de missão. “Há muito tempo que estou envolvido em esforços para levar uma estação geofísica como a InSight para Marte, e resultados como este fazem valer a pena todas essas décadas de trabalho”, disse o investigador-chefe da InSight, Bruce Banerdt.
O módulo InSight foi lançado em maio de 2018 com o objetivo de coletar informações para compreender mais sobre a natureza de Marte. O InSight carregava três instrumentos principais que faziam medições: um sismógrafo, uma sonda de calor e um instrumento de medição de ondas de rádio. Juntos, eles foram chamados de Experimento de Rotação e Estrutura Interior, ou RISE, na sigla em inglês.
A função do sismógrafo era esperar pacientemente na superfície para detectar pulsos, chamados ondas sísmicas, de terremotos e de choques de impactos de meteoritos. Já a sonda de calor mediu temperaturas abaixo da superfície. Para fazer isso, o módulo cavou a uma profundidade de cerca de 5 m, mais profunda do que qualquer perfuração ou sonda anterior. Por sua vez, o instrumento de rádio rastreou a localização exata do InSight para determinar a forma como Marte se move em torno do Sol.
Todas essas informações foram utilizadas por cientistas que descobriram a aceleração da rotação do planeta. Agora eles estão tentando descobrir as possíveis razões para isso. “O que procuramos são variações de apenas algumas dezenas de centímetros ao longo de um ano marciano”, disse o autor principal do artigo e investigador principal do RISE, Sebastien Le Maistre do Observatório Real da Bélgica. “É preciso muito tempo e muitos dados acumulados antes que possamos ver essas variações”, acrescentou.
O estudo examinou dados dos primeiros 900 dias marcianos registrados pela InSight, tempo considerado suficiente para procurar tais variações.
Colaboração:
Jéssica de Moura Soares sobre a autora
Jéssica de Moura Soares é bacharel em Biotecnologia pela Universidade Federal do Ceará (UFC), Mestre e agora doutoranda em Bioquímica pela Universidade de São Paulo (USP). Se interessa por iniciativas onde a ciência ajuda a transformar o mundo em um lugar mais sustentável e igualitário. Entusiasta da divulgação científica, acredita que a ciência tem que ser de fácil acesso a todos.
Fontes e mais informações sobre o tema:
Matéria no site G1, intitulada “O mistério de por que Marte está girando cada vez mais rápido”, publicada em 05/10/23. https://g1.globo.com/ciencia/noticia/2023/10/05/o-misterio-de-por-que-marte-esta-girando-cada-vez-mais-rapido.ghtml