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Pesquisa mostra que mulheres na pós-menopausa são grupo de risco diante de uma rotina de noites maldormidas: as chances de desenvolverem resistência à insulina e diabetes do tipo 2
O trabalho publicado em novembro de 2023 na revista Diabetes Care explica que o tempo de sono ideal varia entre sete e nove horas todas as noites. Além disso, outros estudos já demonstraram a relação entre sono insuficiente e desenvolvimento de diabetes tipo 2. No entanto, até o momento do desenvolvimento do trabalho em questão, o impacto causal do sono insuficiente crônico no metabolismo da glicose em mulheres era desconhecido. A glicose é um açúcar utilizado para obtenção de energia e, quando não absorvido pelas células, pode se acumular no sangue e caracterizar a diabetes.
Diante disso, a nova pesquisa reuniu mulheres e criou um cenário de problemas moderados: elas tinham que se deitar mais tarde do que estavam acostumadas. Os autores observaram que foi o bastante para a resistência à insulina subir dramaticamente. O trabalho foi realizado por pesquisadores da Universidade Columbia (EUA) e financiado pelos Institutos Nacionais de Saúde (NIH em inglês).
Para chegar nessa conclusão, os autores investigaram se a restrição prolongada do sono leve, prejudicava o metabolismo da glicose em mulheres. Muitos estudos com homens já foram publicados, porém, havia uma falta de conhecimento dessa restrição em mulheres.
Sendo assim, os pesquisadores reuniram mulheres (20 a 75 anos) sem doenças cardiometabólicas e com tempo total de sono habitual (TT) confirmado por actigrafia de 7 a 9 horas/noite. Este grupo foi submetido a um estudo randomizado e cruzado com duas fases de 6 semanas: uma fase de manutenção de níveis adequados de sono e uma de 1,5 h/noite de sono leve que foram mensurados no período todos os dias. Os resultados incluíram resultados dos níveis plasmáticos (a partir de amostras de sangue) de glicose e insulina. A insulina controla a quantidade de glicose no sangue, sinalizando para as células que é necessário absorver o açúcar. A resistência à insulina impede a execução desse mecanismo, caracterizando a diabetes.
Os autores observaram que reduzir a duração do sono para 6,2 horas/noite, refletindo a duração mediana do sono de adultos norte-americanos com sono curto, durante 6 semanas prejudica a sensibilidade à insulina, independentemente do nível de gordura das mulheres analisadas. Foi observado que os níveis de insulina aumentaram cerca de 12%; entre as que estavam na pré-menopausa, chegaram a 15%; no grupo na pós-menopausa, atingiram 20%. As descobertas destacam o sono insuficiente como um fator de risco modificável para a resistência à insulina em mulheres a ser alvo dos esforços de prevenção do diabetes.
“Ao longo da existência, as mulheres enfrentam diversos períodos durante os quais dormem mal: depois do nascimento dos filhos, no climatério e na pós-menopausa. Por isso, têm uma percepção mais aguda que os homens de não conseguirem descansar o suficiente”, afirmou a professora Marie-Pierre St-Onge, diretora do centro de excelência do sono da Universidade Columbia.
Colaboração: Iasmin Cartaxo Taveira sobre a autora
Iasmin Taveira queria ser cientista desde criança e acredita que tornar o conhecimento acessível é o melhor jeito de promover desenvolvimento social. É Biotecnologista pela UFPB, mestre e doutoranda em bioquímica na FMRP/USP.
Referências:
Artigo científico intitulado Chronic Insufficient Sleep in Women Impairs Insulin Sensitivity Independent of Adiposity Changes: Results of a Randomized Trial”, publicado na revista Diabetes Care em 2023, de autoria de Zuraikat e colaboradores. https://diabetesjournals.org/care/article-abstract/doi/10.2337/dc23-1156/153802/Chronic-Insufficient-Sleep-in-Women-Impairs?redirectedFrom=fulltext
Matéria no site G1, intitulada “Privação de sono aumenta a resistência à insulina”, publicada em 23/11/2023. https://g1.globo.com/bemestar/blog/longevidade-modo-de-usar/post/2023/11/23/privacao-de-sono-aumenta-a-resistencia-a-insulina.ghtml