#Farol de Notícias (Atualidades científicas que foram destaque na semana)
Pessoas que odeiam coentro têm uma mutação genética que aumenta sua sensibilidade
A relação entre olfato e paladar é bem íntima. Isso é fácil de ser observado quando tomamos como exemplo situações de doenças que prejudicam a respiração e o olfato, e, por sua vez, acabam prejudicando o sabor dos alimentos. Diante disso, a ciência explica que mutações no gene OR6A2, que codifica um receptor olfativo (OR) (proteína responsável por reconhecer o cheiro), aumentam ou diminuem a sensibilidade ao coentro. É preciso lembrar que os genes estão no nosso DNA e que eles são o código que ditam a produção de RNA e proteínas no nosso corpo.
O receptor em questão pertence a uma classe de receptores responsáveis por identificar diferentes estímulos externos, como o cheiro das coisas. Essa classe de proteínas é chamada de receptores acoplados à proteína G (GPCRs). As OR estão localizadas na pele das narinas, onde detectam compostos odoríferos e enviam para o cérebro. O receptor OR6A2 reconhece moléculas orgânicas chamadas de aldeídos. De acordo com a presença ou ausência de mutações no gene que codifica esse receptor, os indivíduos têm mais ou menos sensibilidade aos aldeídos, podendo dar a percepção de gosto do coentro semelhante ao gosto de um produto de limpeza.
Alguns artigos mostram, por exemplo, que o sabor do coentro parecia ensaboado para as pessoas do Leste Asiático, da Europa e de partes da África. Mostrando que o DNA de pessoas dessa região provavelmente tinham mutações que davam esse gosto de produto de limpeza a esse tempero. No entanto, os sul-asiáticos adoravam o coentro e o incluíram como uma erva importante na culinária diária.
No entanto, apesar de as características genéticas serem inalteráveis, há evidências que a exposição repetida ao coentro pode causar dessensibilização do receptor, tornando o gosto do coentro gradativamente menos desagradável.
Colaboração: Iasmin Cartaxo Taveira sobre a autora
Iasmin Taveira queria ser cientista desde criança e acredita que tornar o conhecimento acessível é o melhor jeito de promover desenvolvimento social. É Biotecnologista pela UFPB, mestre e doutoranda em bioquímica na FMRP/USP.
Referências:
Artigo científico intitulado “The structure and function of olfactory receptors”, publicado na revista Trends in Pharmacological Sciences em 2024, de autoria de Wu e colaboradores. https://www.cell.com/trends/pharmacological-sciences/fulltext/S0165-6147(24)00004-X
Capítulo de livro intitulado “Flavors, Taste Preferences, and the Consumer: Taste Modulation and Influencing Change in Dietary Patterns for a Sustainable Earth”, publicado na revista Sustainable Protein Sources (Second Edition) em 2024, de autoria de Mcbey e Nadathur. https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/B9780323916523000307
Matéria no site G1a, intitulada “Detesta coentro? A ciência explica o motivo de parte da população detestar o gosto da planta”, publicada em 18/02/2024. https://g1.globo.com/ciencia/noticia/2024/02/18/detesta-coentro-a-ciencia-explica-o-motivo-de-parte-da-populacao-detestar-o-gosto-da-planta.ghtml