Nessa semana, a maior cidade do país viu o dia virar noite em plena tarde de segunda-feira (19/08). O fenômeno chamou atenção dos moradores de Região Metropolitana de São Paulo, que perto das 15 horas foi tomada pela escuridão repentina do céu, acompanhada por chuva de água acinzentada em alguns locais. No domingo anterior (18/08), uma pluma composta por material particulado concentrado já havia sido identificada por uma equipe do Ipen, usando o sistema Lidar – um radar a laser que permite a detecção de poluentes na atmosfera. O trajeto dessas partículas foi esclarecido com o auxílio de imagens da NASA e do sistema CATT-BRAMS do Inpe, que é capaz de prever a qualidade do ar para até três dias. A partir das imagens obtidas pelo BRAMS, pesquisadores concluíram que o fenômeno na capital paulista foi decorrente de incêndios florestais gerados nas regiões Centro-Oeste e Norte, em trechos da Bolívia, Mato Grosso do Sul e Rondônia, observado no Sudeste por conta da combinação dessa massa de ar poluída com uma frente fria vinda do Sul. A massa de ar particulado proveniente das queimadas nestas regiões geralmente descem para a região Sul, margeando a Cordilheira dos Andes. No entanto, por causa da frente fria vinda justamente do Sul, os ventos convergiram e desviaram o “rio” de fumaça para a região Sudeste. Além da fuligem, outros elementos poluentes se combinaram com as nuvens da frente fria, o que intensificou ainda mais a formação das nuvens escuras observadas. Os pesquisadores ainda não sabem informar se as queimadas foram acidentais ou propositais, mas sabe-se que foi necessária uma quantidade de fumaça muito grande para causar os efeitos observados em São Paulo.
Trajetória em direção ao Sudeste de partículas provenientes de queimadas nas regiões Centro-Oeste e Norte após interação com frente fria vinda do Sul. Na imagem, o vermelho representa maior quantidade de material particulado, seguido por amarelo e verde, com azul sendo a menor quantidade. Imagem: CPTEC
Tweet-science: Priscila S. Rothier
Artigo original: Agência FAPESP (Ago/2019) #Pesquisadores descrevem trajetória do “rio de fumaça” que escureceu São Paulo. Autora: Karina Toledo. Disponível em: http://agencia.fapesp.br/pesquisadores-descrevem-trajetoria-do-rio-de-fumaca-que-escureceu-sao-paulo/31280/
(Editoração: Gabriel Ferreira, Fernando Mecca, André Pessoni)