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Descoberta propicia o melhor entendimento de processos que ocorrem no interior do planeta
A mina Argyle na região de Kimberley, na Austrália Ocidental, é um dos poucos depósitos económicos encontrados em um local motanhoso. Isto é, onde houve a convergência entre duas placas litosféricas, que permitiu a alteração da litosfera continental e deu origem a montanha onde a mina Argyle está há 1.800 milhões de anos. Essa pressão da convergência das placas foi mais alta que a pressão para gerar diamantes comuns, fazendo com que surgissem os diamantes rosa. Quando o continente se desfez, deixou para trás um grande depósito destes diamantes. Essa descoberta ajuda cientistas a compreender os processos que ocorrem nas profundezas do planeta e foi publicada em setembro de 2023 na revista científica Nature communications.
A grande maioria dos depósitos primários de diamantes económicos estão alojados em jazidas de diamantes, cerca de 150 km abaixo da superfície do planeta. Gerando uma alta pressão, o que permite a que os átomos de carbono se cristalizam em diamantes. Essas jazidas são compostas por uma rocha ígnea (magmática) chamada de kimberlito, que pode, ou não, conter diamantes e estão localizadas em estruturas geológicas muito antigas e ricas em minerais metálicos. Argyle é a maior fonte de diamantes naturais descoberta até à data. Os pesquisadores explicam que provavelmente a extensão litosférica que gerou a ruptura do supercontinente Nuna impulsionou a formação do complexo depósito de diamantes de Argyle. A mina funcionou até 2020 e foi responsável pela produção de mais de 90% de todos os diamantes rosas já encontrados.
Segundo os autores do estudo, sua grande contribuição científica consiste na melhoria da compreensão da ciência sobre os processos que ocorrem nas profundezas do planeta a também sobre os mecanismos de formação do depósito de Argyle.
A condição necessária para a formação de diamantes, especialmente gemas cor de rosa, vermelhas e castanhas, é uma alta pressão. Quando a pressão não é tão intensa, o que representa a maioria dos casos, os diamantes são incolores. Além disso, para extração dos diamantes é necessário um mecanismo especial para transportar rapidamente os diamantes das suas rochas geradoras do manto terrestre para a superfície. Caso contrário, os diamantes se transformam em grafite, uma forma não considerada rara de organização dos átomos de carbono. Esse mecanismo acontece por meio da extração de rochas de Kimberlito, por exemplo.
Colaboração: Iasmin Cartaxo Taveira sobre a autora
Iasmin Taveira queria ser cientista desde criança e acredita que tornar o conhecimento acessível é o melhor jeito de promover desenvolvimento social. É Biotecnologista pela UFPB, mestre e doutoranda em bioquímica na FMRP/USP.
Referências:
Artigo científico intitulado Emplacement of the Argyle diamond deposit into an ancient rift zone triggered by supercontinent breakup”, publicado na revista Nature communications em 2023, de autoria de Olierook e colaboradores. https://www.nature.com/articles/s41467-023-40904-8
Matéria no site G1, intitulada “Diamantes rosas: pedras preciosas podem estar ligadas à separação do 1º supercontinente, diz estudo”, publicada em 19/09/2023. https://g1.globo.com/ciencia/noticia/2023/09/19/diamantes-rosas-pedras-preciosas-podem-estar-ligadas-a-separacao-do-1o-supercontinente-diz-estudo.ghtml