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500 fósseis de cocôs e vômitos coletados ao longo de 25 anos explicam o sucesso evolutivo dos dinossauros
Nova pesquisa publicada na revista Nature sugere que algumas respostas para a pergunta de como os dinossauros dominaram o mundo podem estar nas fezes destes animais. Martin Qvarnström, autor principal do estudo sobre a ascensão dos dinossauros e paleontólogo da Universidade de Uppsala, na Suécia, explica: “Sabemos muito sobre suas vidas e extinção, mas não sobre como eles surgiram”.
Para a pesquisa foram estudados mais de 500 fósseis coletados ao longo de 25 anos em cerca de 10 locais na Bacia Polonesa, uma área no sul da Polônia. Os restos datam de uma faixa de tempo que abrange o final do Triássico (cerca de 247 milhões de anos atrás) ao início do período Jurássico (200 milhões de anos atrás). Os fósseis possuíam evidências diretas sobre a alimentação (conteúdo digestivo) dos dinossauros. Essas evidências foram usadas para comparar a dinâmica trófica em cinco conjuntos de vertebrados que registram esse evento na sucessão Triássico-Jurássica da Bacia Polonesa (Europa Central).
Resíduos alimentares (bromalitos) bem preservados e associações bromalita-táxon (grupo de organismos ou populações de organismos) permitem amplas inferências de interações tróficas. “Bromalitos contém muita informação paleoecológica, mas não acho que os paleontólogos tenham realmente reconhecido isso e os tenham visto principalmente como uma piada; você coleta alguns coprólitos porque é engraçado”, disse Qvarnström, referindo-se às fezes fossilizadas. Eles descobriram que as fezes e vômitos fossilizados — cientificamente conhecidos como coprólitos e regurgitalitos, respectivamente — aumentaram em tamanho e variedade ao longo do tempo, indicando o surgimento de animais maiores e dietas diferentes.
A análise, que levou 10 anos para ser concluída, permitiu que a equipe reconstruísse por que os dinossauros vieram à proeminência. A partir dela, os pesquisadores puderam entender quantos, quais e o tamanho de dinossauros, bem como outros animais vertebrados, estavam na paisagem em um determinado momento. Os resultados, integrados com dados climáticos e vegetais, indicam um aumento gradual da diversidade de dinossauros e ocupação do ecoespaço na área.
Os autores sugerem que os processos mostrados pelos dados poloneses podem explicar os padrões globais. Dessa forma, eles adicionam novas informações para compor a resposta sobre os dinossauros como grupo dominante no planeta até a extinção em massa no final do Cretáceo.
Colaboração: Iasmin Cartaxo Taveira sobre a autora
Iasmin Taveira queria ser cientista desde criança e acredita que tornar o conhecimento acessível é o melhor jeito de promover desenvolvimento social. É Biotecnologista pela UFPB, mestre e doutoranda em bioquímica na FMRP/USP.
Referências:
Artigo científico intitulado “Digestive contents and food webs record the advent of dinosaur supremacy”, publicado na revista Nature Communications em 2024, de autoria de Qvarnström e colaboradores.
Matéria no site SóCientífica, intitulada “Cocôs e vômitos fossilizados explicam como dinossauros dominaram a Terra”, publicada em 28/11/2024.
