Um grupo internacional de pesquisadores concluiu que a face saliente dos Neandertais os ajudava a aquecer e umidificar um maior volume de ar enquanto caçavam grandes presas. Utilizando imagens de tomografia computadorizada e simulações computacionais, o grupo liderado por pesquisadores da Universidade da Nova Inglaterra, Austrália, decidiu investigar se as faces robustas e salientes dos Neandertais poderiam ser relacionadas a algum aspecto de sua biologia. Hipóteses anteriores sugeriam que esta característica seria relacionada a uma maior capacidade que os Neandertais possuíam de desenvolver fortes mordidas com os dentes frontais. Simulando mordidas nestes dentes em Neandertais, humanos modernos de diversas populações e em outro humano, o Homo heidelbergensis, os pesquisadores descartaram esta hipótese, uma vez que tanto os humanos modernos como o Homo heidelbergensis eram capazes de produzir mordidas mais fortes com menos esforço muscular. Buscando outra resposta, eles também simularam a passagem de ar pelas cavidades nasais e concluíram que as cavidades de ambos Neandertais e humanos modernos são mais eficientes que as do Homo heidelbergensis em aquecer e umidificar o ar que passa em direção aos pulmões. Além disso, as cavidades nasais dos Neandertais permitiam a passagem de um volume maior de ar que dos outros humanos. Com estes dados, os pesquisadores sugerem que a face saliente de Neandertais seria mais eficiente em obter e aquecer oxigênio para respiração nos ambientes gelados em que viviam, o que os permitia desenvolver um estilo de vida mais enérgico, inclusive enquanto caçavam grandes animais.
Tweet-science: Gabriel S. Ferreira
Artigo original: Revista Proceedings of the Royal Society B (Abr/2018) # Computer simulations show that Neanderthal facial morphology representes adaptation to cold and high energy demands, but not heavy biting. Autores: S. Wroe, C. Parr, J. Ledogar, e colaboradores.
(Editoração: Fernando Mecca, Gabriela Duarte e Caio Oliveira)