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Neste livro, a pesquisadora Alanna Collen, debate sobre a importância da microbiota para a saúde humana.
Sobre Categoria: Livro Título: 10% Humanos: como os micro-organismos são a chave para a saúde do corpo e da mente Autor: Alanna Collen Ano de publicação: 2016 Editora: Sextante Páginas: 288 |

O corpo humano tem cerca de 100 trilhões de células. Imagine que “apenas” 10 trilhões dessas células sejam de fato humanas, isto é, que 90% delas sejam de outros seres vivos, que vivem associados ao nosso organismo. Pode parecer loucura, mas essa realidade já é conhecida por cientistas e pesquisadores nas últimas décadas, e ficaram disponíveis para um público mais amplo de curiosos com a publicação do livro de Alanna Collen, em 2016.
“10% Humanos: como os micro-organismos são a chave para a saúde do corpo” tem justamente a intenção de compartilhar as principais e as mais interessantes descobertas, de pesquisadores do mundo todo, sobre a existência e a função desses microrganismos para a saúde e para o bem estar do nosso corpo.
Desde o século XVII, o advento do microscópio serviu para, quase que literalmente, abrir nossos olhos para um mundo até então desconhecido: o dos seres vivos invisíveis ao olho nu, ou microrganismos. Desde então, diversos avanços na área da saúde ocorreram, uma vez que estes seres – como bactérias, fungos, protozoários e até vírus – podem causar doenças humanas.
As relações, como bactéria-doença, são quase que naturais de serem feitas hoje em dia: aprendemos desde crianças como evitar o contágio por doenças infecciosas ou quais os tratamentos existentes para uma grande variedade delas. O que pode mudar agora, e que é defendido pela autora do livro, é não combater as doenças apenas atacando os seus agentes causadores com medicamentos, mas também entender como podemos prevenir essas doenças cultivando e auxiliando aqueles microrganismos que são benéficos para nós.
A doutora em biologia evolutiva e autora do livro, Collen, traz diversos estudos recentes que demonstram como uma microbiota comprometida pode estar relacionada com o autismo, com as doenças autoimunes, com a obesidade e com a diabetes, por exemplo. Não deveria nos surpreender que 90% das células que fazem parte do nosso corpo teriam grande influência nos 10% restantes. Ainda assim, ao longo do livro, ficamos surpresos diversas vezes em saber a extensão dessas relações, em um nível de superorganismo, e como elas influenciam nossas vidas.
O livro demonstra que o uso indiscriminado de antibióticos e de partos por procedimento cirúrgico de cesarianas podem interferir na nossa microbiota, de maneiras que ainda estamos apenas descobrindo. E que, muitas vezes, podem existir consequências negativas até maiores para nossa saúde do que aquelas que estamos tentando tratar ou evitar por meio desses medicamentos e procedimentos cirúrgicos. Isso ocorre pois, durante o nascimento em parto natural, a mãe compartilha parte de sua microbiota com o filho, o que não acontece na cesariana, e quando tomamos um antibiótico, não matamos apenas a bactéria que estava causando algum sintoma de doença, mas também podemos comprometer toda a nossa microbiota.
Do ponto de vista ético e filosófico, esse livro também é muito interessante quando nos apresenta, de maneira crua, como somos apenas mais uma espécie nesse planeta, e que apesar das nossas capacidades cognitivas e tecnológicas, estamos sujeitos à natureza e à ecologia como qualquer outro ser vivo. Nossa própria concepção de indivíduo, ou ser único, é desafiada pelo número de outros seres vivos que compartilham e influenciam o funcionamento de nosso corpo.
Essa é uma leitura rápida e leve, com muitas analogias e exemplos que permitem diversos públicos de leitores se apropriar dos conteúdos e questionar sobre nós mesmos, desde quem não trabalha com ciência até pesquisadores de outras áreas.
Colaboração: Caio M.C.A. de Oliveira sobre o autor
Caio é co-fundador do projeto Ilha do Conhecimento. Curioso sobre o mundo, estudou biologia e fez mestrado em biologia comparada na Universidade de São Paulo (USP). Querendo sempre continuar estudando, passou a atuar nas áreas de educação e divulgação científicas em diferentes projetos. Atualmente Caio é professor de biologia e iniciação científica no ensino básico, e editor de conteúdo no Ilha do Conhecimento.
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(Editoração: Beatriz Spinelli, Fernando Mecca e Loren Queli Pereira)