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Rede de “estradas celestiais” no espaço é revelada

Cientistas desvendam como a gravidade dos planetas forma uma rede de estradas no espaço, mudando a dinâmica de viagem espacial pelo sistema solar conhecida até então.

 

Desde os anos 60, com o lançamento de Star Trek (Jornada nas Estrelas), o sonho de viajar pelo espaço é compartilhado por muitos. O universo de Star Trek conta com naves capazes de percorrer longas distâncias em uma velocidade maior que a velocidade da luz, através de uma tecnologia chamada de dobra espacial. Já pensou em chegar rapidinho aos confins do nosso sistema solar e ver os lindos conjuntos de satélites naturais dos planetas gigantes ou admirar os planetas anões mais distantes do sol, como Plutão e Éris? Em novembro de 2020, pesquisadores da Universidade da Califórnia fizeram uma descoberta que pode mudar o entendimento de viagens espaciais. Foram identificados corredores espaciais conectados, formando uma rede de rodovias interligadas, capazes de acelerar o tempo de viagens espaciais.

 

Representação do planeta terra vista do espaço, com uma nave espacial ao longe.
Vista fictícia do planeta Terra. Fonte: PIXY#OGR

 

O transporte no espaço é decorrente da existência de corredores que formam um “circuito de estradas celestiais”. Cada planeta é capaz de criar seu próprio circuito, no entanto, só agora foi descoberto que esses circuitos podem se conectar aos de outros planetas compondo um circuito mais complexo. Isso acontece devido à atração gravitacional entre os planetas, formando rotas expressas de transportes que refletem uma atuação ao longo de várias décadas, em oposição às centenas de milhares ou milhões de anos que geralmente caracterizam a dinâmica do Sistema Solar. Os pesquisadores chegaram a essa conclusão a partir de dados obtidos de simulações de computador, sendo as estruturas desses corredores resolvidas a  partir de dados numéricos sobre milhões de órbitas do nosso sistema solar. Essas informações permitiram entender como os arcos que formam as estradas espaciais de cada planeta são formados e como eles se encaixam para gerar o que foi chamado de “coletores espaciais”, ou seja, essas rodovias celestiais.

 

Simulação de como são formadas as “estradas celestiais” durante um período de 120 anos. Fonte: Youtube/Reprodução da BBC News Brasil.

 

As estradas celestiais mais influentes no sistema solar são as de Júpiter, maior planeta do sistema, devido às fortes forças gravitacionais que ele exerce. Os autores do trabalho ressaltam no artigo que “não deve ser surpresa que Júpiter pode induzir transporte em grande escala no período de décadas, já que as missões espaciais foram projetadas especificamente para transporte assistido por Júpiter, como aconteceu com os voos das sondas Voyager 1 e Voyager 2.

Os autores concluíram que essa descoberta tem implicações importantes para o delineamento de planos de navegação de naves espaciais e no projeto de missões, essas variedades também podem explicar a aparente natureza errática dos cometas e sua eventual morte. Além disso, entender esses corredores é fundamental para analisar como corpos celestes se comportam nas proximidades da Terra, controlando os encontros de asteroides e meteoritos, bem como pode favorecer o monitoramento de satélites artificiais terrestres. Essa descoberta muda toda dinâmica de transporte espacial previamente conhecida, representando um marco na área.

 

News: Iasmin Taveira

sobre a autora

Fontes e mais informações sobre o tema:

Artigo científico intitulado “The arches of chaos in the Solar System”, publicado na revista SCIENCE ADVANCES em 2020, de autoria de Nataša Todorović e colaboradores.
https://advances.sciencemag.org/content/6/48/eabd1313

Matéria no site BBC News Brasil, intitulada “A fascinante descoberta da rede de ‘estradas celestiais’ que poderia revolucionar viagens espaciais”, publicada em 08/02/2021.
https://www.bbc.com/portuguese/geral-55980139

Matéria no site ScinceDaily, intitulada “New superhighway system discovered in the Solar Syste”, publicada em 09/12/2020.
https://www.sciencedaily.com/releases/2020/12/201209094216.htm

 

(Editoração: André Pessoni)

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