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Reflexões sobre como as nossas conexões no mundo podem afetar as vidas de cada um.
Sobre Categoria: Livro Título: Linked: A ciência dos networks Autor: Albert-Laszlo Barabási Ano de publicação: 2002 Editora: Leopardo Editora Páginas: 241 |
Barabási, o autor do livro, é um físico e pesquisador da Universidade de Notre Dame, nos Estados Unidos. Ele escreveu Linked (do inglês, conectado) para espalhar a palavra sobre “como tudo está conectado a tudo e o que isso significa para os negócios, relações sociais e ciência”, frase essa colocada na capa do livro.
É possível, para o leitor, reconhecer que Barabási está recontando seus próprios esforços para entender como as redes e as conexões evoluem e quais são as implicações para tudo e para todos que fazem parte de uma rede, o que envolve literalmente todas as coisas e todas as pessoas, por estarem todos conectados a algo.
Barabási inicia seu livro com a noção de que o networking não é um fenômeno recente. Ele reconta a história de MafiaBoy, um adolescente canadense que atacou e paralisou a internet ao desativar o mecanismo de busca Yahoo em 2000, e torna a história de MafiaBoy análoga à história de Paulo, um dos apóstolos de Jesus. Paulo é creditado por espalhar a palavra do Cristianismo em sua caminhada de cerca de 10.000 milhas durante 12 anos. A ligação? Ambos os homens entendiam de sistemas.
MafiaBoy reconheceu que poderia paralisar uma parte significativa da Internet desativando um conector principal, como o Yahoo, na rede mundial de computadores. Ficou muito abstrato? Então, podemos pegar o exemplo das grandes vias da cidade de São Paulo. Se estiver com muito trânsito em uma rua pequena de bairro, o que acontece com o trânsito da cidade? Nada. E se estiver muito trânsito na Marginal Tietê?
Voltando um pouco, os esforços do apóstolo Paulo também não foram uma coincidência aleatória. Ele não falava simplesmente com quem por acaso encontrava em suas viagens. Em vez disso, ele viajou para as principais comunidades existentes na época, falando com pessoas influentes das mesmas… e aqui estamos nós, mais de 2 mil anos depois, com o Cristianismo seguindo como grupo religioso com mais seguidores no mundo.
Em termos matemáticos, uma coleção abstrata de nós (pontos ou vértices, como chamamos para polígonos, como o quadrado) ligados por arestas formam um grafo, e esses nomes começam a tomar forma com a Teoria dos Grafos.
Utilizemos como exemplo a rede social. Ela é um grafo complexo composto por pessoas, que são os nós, e suas interações, como amizades e trabalho, que são as arestas. “Rede” é um termo menos formal frequentemente usado como sinônimo de grafo, “complexo” é mais uma questão de gosto, mas que para o autor remete a uma estrutura que não pode ser descrita de forma simples e trivial, pois cada nó – ou pessoa, no caso da nossa rede social – está ligado a um número diferente de outras pessoas e de formas diferentes a cada uma.
Por exemplo, uma pessoa ligada a 4 outras pessoas que também estão ligadas a um mesmo número de pessoas formam um grafo que conseguimos visualizar rapidamente em nossa mente. Já uma pessoa ligada a centenas de pessoas que também são conectadas a muitas outras pessoas, apesar de conseguirmos pensar sobre, não podemos visualizar de forma tão simples.
A equipe de pesquisa de Barabási descobriu que nas redes do mundo real existem nós conectores, que são os que de alguma forma reúnem muito mais links do que outros nós, e suas conexões são com nós não-aleatórios, que são também bem conectados. Eles chamaram esses nós fortemente conectados de hubs.
“Em meio a esse universo… encontra-se um punhado de pessoas que tem um dom realmente extraordinário de fazer amigos e conhecidos. Elas são conectores” (p. 50). Barabási utiliza essa analogia social para descrever hubs como os pontos em uma rede que têm muitas conexões. Ele continua demonstrando os exemplos sociais de hubs usando o “The Bacon Factor”. The Bacon Factor é uma brincadeira do entretenimento, que demonstra como qualquer estrela de Hollywood pode ser ligada ao ator Kevin Bacon em seis “movimentos” entre as pessoas.
O exemplo acima é baseado na Teoria do Seis Graus de Separação (para mim interessantíssima, vale a pena ler mais sobre), de Stanley Milgram, que em termos gerais diz que precisamos apenas de seis conexões (as arestas) para que qualquer pessoa esteja conectada a qualquer outra pessoa no mundo, mas que isso não pode ser feito de forma aleatória. As conexões precisam ser estudadas passo a passo, e as conexões que já existem no mundo precisam ser entendidas para ver como elas se formaram.
Se você é novo na Teoria dos Grafos e no entendimento de como tudo está conectado, e deseja uma introdução clara e sem desafios sobre o assunto, Linked é um livro super indicado para começar. É legível e tem uma grande quantidade de exemplos interessantes de redes na natureza. Embora a Teoria dos Grafos não se baseie apenas em modelos reais, é na natureza e no nosso dia a dia que coisas novas e interessantes estão acontecendo.
Colaboração: Nathália Amato Khaled sobre a autora
Perita criminal, doutora em genômica/bioinformática, mestre em imunologia e graduada em Biomedicina. Fascinada pela área forense desde os 11 anos de idade, atua na mesma e vê na educação e na ciência as possibilidades de mudanças significativas no mundo. É responsável pelo desenvolvimento do Website e gestão de Conteúdo no Ilha do Conhecimento.
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(Editoração: Beatriz Spinelli, Fernando Mecca e Nathália Khaled)