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Pesquisadores criam plataforma web gratuita que detecta fake news automaticamente

#Farol de Notícias (Atualidades científicas que foram destaque no jornalismo da semana)

O detector de notícias falsas utiliza modelos estatísticos e técnicas de aprendizado de máquinas para predizer se um texto é falso com, no mínimo, 96% de precisão.

Nos últimos anos temos vivenciado uma era de fake news em todo o mundo, uma situação sem precedentes na história, e tem sido cada vez mais difícil para as pessoas distinguirem notícias falsas das reais. Nesse cenário, pesquisadores ligados ao Centro de Ciências Matemáticas Aplicadas à Indústria (CeMEAI), sediado no Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação da Universidade de São Paulo (ICMC-USP), em São Carlos, desenvolveram uma plataforma web que pode ajudar no combate às notícias falsas. Por meio de uma combinação de modelos estatísticos e técnicas de aprendizado de máquina, a plataforma (https://sites.google.com/view/detector-de-fake-news/p%C3%A1gina-inicial) é capaz de predizer a probabilidade de um texto ser falso.

A plataforma funciona da seguinte maneira: ao receber um texto, que deve conter a notícia completa, o sistema aplica métodos estatísticos para avaliar características de escrita, como palavras usadas ou classes gramaticais mais frequentes. Essas características, por sua vez, são utilizadas por um sistema classificador baseado em um modelo de aprendizado de máquina que é capaz de distinguir padrões de linguagem, vocabulário e semântica de notícias falsas e de verdadeiras e, dessa forma, determinar automaticamente se um texto submetido à plataforma é ou não uma fake news. “As fake news apresentam padrões na redação do texto, uso e frequência de palavras que podem ser identificáveis pelo classificador”, afirmam os pesquisadores.

fake news
O algoritmo recebe como entrada um texto que deve ter a notícia completa e analisa características da escrita para encontrar padrões que são comuns às notícias falsas. Imagem: Pixabay

Para treinar os modelos foi usado um banco de dados construído por pesquisadores da USP, composto por uma grande quantidade de notícias verdadeiras e falsas escritas em português. Além disso, os modelos foram expostos ao vocabulário usado em mais de 100 mil notícias publicadas nos últimos cinco anos. Esta base de notícias serviu de entrada para os modelos estatísticos computacionais empregados na plataforma buscarem automaticamente padrões na redação do texto, como o uso e a frequência das palavras. Em análises preliminares, os resultados indicaram que o sistema foi capaz de detectar notícias falsas com 96% de precisão.

Para melhorar a acurácia e aumentar sua capacidade de precisão é necessário que a base de dados seja sempre atualizada e que sejam dados os subsídios para os modelos empregados pela plataforma. “A ideia da plataforma é oferecer à sociedade uma ferramenta adicional para identificar de forma não somente subjetiva se uma notícia é ou não falsa”, diz Francisco Louzada Neto, diretor de transferência tecnológica do CeMEAI e coordenador do projeto.

As notícias falsas contribuem para a polarização das eleições tanto no Brasil quanto no resto do mundo. Imagem: Istoé

O projeto se torna ainda mais importante nesse ano de 2022, uma vez que os pesquisadores pretendem usar as fake news que circularão nas eleições brasileiras e as relacionadas à pandemia de COVID-19 para calibrar os modelos, além de passar por novos testes. Segundo Louzada, o combate às fake news é “uma corrida de gato e rato porque, ao mesmo tempo que têm surgido plataformas como a que desenvolvemos para detectá-las, os métodos para produzir essas notícias falsas também têm sido aprimorados”. Uma das preocupações é que o sistema também possa ser usado por criadores de fake news para avaliar o potencial de uma notícia falsa passar por verdadeira antes de ser difundida.

 

Colaboração: Jéssica de Moura Soares sobre a autora

Jéssica de Moura Soares é Bacharel em Biotecnologia pela Universidade Federal do Ceará (UFC), Mestre e agora doutoranda em Bioquímica pela Universidade de São Paulo (USP). Se interessa por iniciativas onde a ciência ajuda a transformar o mundo em um lugar mais sustentável e igualitário. Entusiasta da divulgação científica, acredita que a ciência tem que ser de fácil acesso a todos.

 

Fontes e mais informações sobre o tema:

Matéria no site Agência FAPESP, intitulada “Plataforma web detecta fake news em português de forma automática”, publicada em 23/02/22. https://agencia.fapesp.br/plataforma-web-detecta-ifake-news-i-em-portugues-de-forma-automatica/38004/

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