Armas, Germes e Aço: Os Destinos das Sociedades Humanas – Livro

Livro explica, através de métodos da biologia evolutiva, porque as sociedades humanas se desenvolveram de forma diferente ao redor do mundo

Os povos da Europa, Ásia e Norte da África desenvolveram-se mais rapidamente do que os de outras regiões do mundo, tanto em termos de tecnologias, quanto do tamanho e complexidade de suas sociedades. Mais tarde, estes mesmos povos acabaram dominando e subjugando outras sociedades. Se por um lado estes fatos são evidentes, por outro resta uma pergunta: por que houve essa diferença? Por que alguns povos desenvolveram mais tecnologias e dominaram os outros?

É esta pergunta que Armas, Germes e Aço procura responder. Certo de que a resposta não estava em diferenças de capacidade intelectual ou moral entre os diversos povos humanos da Terra, Jared Diamond – biólogo e biogeógrafo – ganhou o Pulitzer relatando os resultados de sua investigação neste livro.

A geografia e a biologia são apontadas como grandes diferenciais entre os povos, segundo Diamond. No livro, o autor mostra um grande volume de evidências de que os povos ao redor do globo têm as mesmas capacidades, mas desenvolveram suas culturas e sociedades de formas diferentes por conta do contexto em que se encontravam. As plantas disponíveis para cultivo na região, os animais úteis e domesticáveis, e a facilidade de se comunicar com outros povos são alguns dos fatores mais importantes para o desenvolvimento e crescimento das sociedades humanas, e são drasticamente variáveis. Por exemplo, grupos humanos vivendo há 5 mil anos na Mesopotâmia podiam trocar cultivos com outros povos na China; já os nativos da Tasmânia provavelmente nunca entraram em contato com outros povos para trocar conhecimentos.

Os “germes” do título são consequência de outro fenômeno: as diferenças entre os povos se acumulam. Regiões que permitiram a criação e ampliação da agricultura levaram à formação de sociedades com um grande número de pessoas vivendo juntas. Em consequência, doenças se espalhavam muito mais rapidamente, e ao longo de gerações estes grupos adquiriram resistência por seleção natural. Mais tarde, ao entrar em contato com sociedades mais isoladas, os germes com os quais as grandes sociedades estavam acostumadas tornavam-se armas contra outros povos.

Mesmo com muita informação, Armas, Germes e Aço é uma leitura fluida e prazerosa. As evidências são muito bem organizadas ao longo do texto, todos os conceitos são exemplificados de forma rica e interessante; é impossível não se contagiar com o ânimo do autor em responder uma questão tão importante e impactante! Uma leitura imprescindível para compreender a complexidade e a diversidade de culturas e sociedades no mundo.

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Colaboração: Fernando F. Mecca

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(Editoração: Priscila Rothier e Eduardo Borges)