Em uma galáxia distante, conhecida como M87, a cerca de 500 milhões de trilhões de quilômetros de distância de nós, existe um enorme buraco negro. Com 40 bilhões de quilômetros de diâmetro (3 milhões de vezes o tamanho da Terra), e 6,5 bilhões de vezes a massa do Sol, este é um dos maiores buracos negros conhecidos pela humanidade. Direcionando uma série de telescópios distribuídos ao redor do globo, uma associação de laboratórios do mundo todo capturou a primeira fotografia de um buraco negro já registrada. Mais do que uma bela imagem, a fotografia coincide com modelos matemáticos feitos a partir das deduções de Albert Einstein, propostas no início do século passado. A fotografia mostra um disco totalmente preto (o buraco negro em si), rodeado por um enorme e brilhante “anel de fogo”, causado pelos gases superquentes que são sugados para dentro do buraco. O brilho deste anel é tão intenso quanto a luminosidade de todas as bilhões de estrelas da galáxia M87 combinadas – e só por isso fomos capazes de observar o fenômeno. O limite entre o anel e o disco preto é a região onde a gravidade é tão intensa que nem mesmo a luz consegue escapar do buraco negro. O trabalho coletivo também foi fundamental para esse grande passo na ciência: nenhum telescópio sozinho seria capaz de fotografar o buraco negro; uma associação de 12 diferentes laboratórios e 8 telescópios, espalhados em diferentes partes do planeta, foi necessária para compor a imagem.
Figura: Acima, as previsões feitas com base nas propostas de Einstein; abaixo, as fotografias trazidas ao público nesta quarta-feira, 10/04. Imagem: adaptado de Akiyama et al., 2019.
Tweet-science: Fernando F. Mecca
Artigo original: Revista The Astrophysical Journal (Abr/2019) # First M87 Event Horizon Telescope Results. I. The Shadow of the Supermassive Black Hole. K. Akiyama, A. Alberdi, W. Alef, e colaboradores.
(Editoração: Gabriel Ferreira, Priscila Rothier, André Pessoni e Caio Oliveira)