Lançamento foi feito em parceria com a NASA e envolve contribuições para pesquisas na Estação Espacial Internacional.
A semana foi marcada pelo reavivamento das discussões a respeito da exploração científica e econômica do espaço. O motivo foi o lançamento histórico do foguete Falcon 9 no último dia 30, marcando a primeira vez que um foguete tripulado foi lançado por uma empresa privada. A responsável pelo feito é a SpaceX, empreendimento do bilionário Elon Musk, em parceria com a Nasa, agência espacial estadunidense.
Os astronautas Douglas Hurley e Robert Behnken foram mandados do Centro Espacial Kennedy, localizado em Cabo Canaveral (Flórida, EUA), para a Estação Espacial Internacional. A estação é um projeto coletivo de agências espaciais do mundo inteiro e funciona como um laboratório em órbita. A previsão é de que Hurley e Behnken permaneçam na estação por dois a três meses e que, durante esse período, contribuam para pesquisas desenvolvidas por outra equipe de astronautas que fazem parte da Expedição 63.
SpaceX lança Falcon 9 na missão Crew Dragon Demo-2, com destino a Estação Espacial Internacional. Imagem: Bill Ingalls/NASA/Reprodução de Space.
Pesquisa no espaço
A Expedição 63 conta com dois astronautas estadunidenses e um astronauta russo que estão na Estação Espacial Internacional desde abril de 2020. A equipe investiga como o corpo humano reage à microgravidade durante intervalos longos de tempo. Outras pesquisas desenvolvidas pelos astronautas incluem o teste de tecnologias de trajes espaciais e de sistemas de processamento de dejetos, fundamentais para aperfeiçoar missões futuras.
Pensando em aplicações mais amplas, a Expedição 63 também testa os efeitos da microgravidade sobre cultura de células-tronco, que podem contribuir para o desenvolvimento de órgãos em laboratórios. A organização de colóides para impressão 3D também tem sido estudada. Colóides são misturas que parecem homogêneas, mas que na verdade são partículas dispersas em um fluido, como leite, iogurtes e neblina. A organização dessas partículas muda de acordo com a temperatura, com a densidade e com o movimento. Por meio de uma mistura coloidal, moléculas muito grandes poderiam se organizar de forma menos viscosa e mais favorável ao uso em jatos de tinta.
Equipe da Expedição 63. Imagem: Andrey Shelepin/Gagarin Cosmonaut Training Center / Reprodução de Space.
Interesses comerciais
Para a Space X, a missão é importante porque permite validar tecnologias desenvolvidas pela empresa nos últimos anos. De especial interesse para o empreendimento de Musk é a certificação de que a nave Dragon V2 é capaz de transportar seres humanos ao espaço. A nave foi lançada junto com o foguete Falcon 9.
Outro ponto de grande importância para a empresa é a recuperação do primeiro estágio do Falcon 9. Em geral, os foguetes – que são caríssimos – são descartáveis. A SpaceX desenvolveu um sistema para recuperar o primeiro estágio do foguete, que impulsiona o lançamento pela queima de combustível. Essa é a parte mais cara e pesada. Por isso, ela se desacopla do resto da estrutura alguns minutos após o lançamento para diminuir o peso e a resistência à gravidade.
Com vários sensores e um sistema de controle da queima de combustível, a SpaceX consegue controlar a trajetória de retorno com mais precisão e posicionar um navio para recuperar os foguetes com menos danos e de forma mais rápida. Isso aumenta a eficiência e diminui os custos da missão espacial.
Foguete Falcon 9, lançado no último sábado para envio de astronautas à Estação Espacial Internacional é recuperado em segurança. Imagem: Olhar Digital.
Para o futuro, os planos da SpaceX incluem investir no turismo espacial, com o envio de três turistas para Estação Espacial Internacional em 2021. No próximo ano a empresa também pretende começar testes com o foguete Starship, que, segundo as ideias de Musk, realizará o transporte de pessoas até Marte.
A parceria com a Nasa deve continuar pelo menos até 2022, com previsão de seis lançamentos voltados a atividades de coleta de dados e pesquisa.
News: Luanne Caires
Fontes:
SpaceX: o lançamento do foguete, a missão e o que vem depois (Nexo Jornal)
Por que o pouso do primeiro estágio do Falcon 9 foi incrível? (Uol Tilt)
Processos de AM por jateamento de material e jateamento de aglutinante. Capítulo 8 do livro “Manufatura aditiva: tecnologias e aplicações da impressão 3D”, de Neri Volpato (Editora Blucher, 2017).
(Editoração: André Pessoni)