Pesquisadores mostraram que, nos Estados Unidos, já existe uma chance de identificar alguém com 60% de acerto apenas com uma amostra de seu DNA e esta probabilidade vai continuar aumentando rapidamente nos próximos anos. Combinando sequências completas de DNA disponíveis em bancos de dados com algumas poucas informações biográficas, é possível descobrir o nome de alguém que nunca teve o DNA sequenciado antes. Para testar o conceito, os pesquisadores usaram uma amostra de DNA que havia sido sequenciada anteriormente e buscaram em bancos de dados de DNA por parentes distantes deste indivíduo. Eles encontraram duas amostras de DNA que possuíam parentesco com a primeira, e com essas três sequências conseguiram identificar os bisavós do primeiro indivíduo. Baseados nestas informações os pesquisadores reconstruíram a árvore genealógica da família e, sabendo que o primeiro indivíduo era uma mulher ainda viva, e quantos filhos ela tinha, eles puderam identificá-la. Este mesmo método foi utilizado para identificar um assassino em série, no começo do ano. Isso é possível nos EUA pois existem companhias que permitem a solicitação do sequenciamento do próprio DNA e busca por parentes, o que cria um extenso banco de dados que atualmente já conta com 1,28 milhões de pessoas. Os pesquisadores preveem que com 3 milhões de amostras de DNA sequenciadas já será possível identificar qualquer cidadão americano. Eles também ressaltam que apesar dos benefícios na área de investigação essa tecnologia pode ser usada com más intenções. Para devolver a privacidade das pessoas sobre seu DNA, eles sugerem que um sistema de senhas seja criado, de modo que as pessoas só tenham permissão de fazer buscas e comparações com seus próprios DNAs, exceto em casos de investigação criminal.
Tweet-science: Fernando F. Mecca
Artigo original: Revista Science (Out/2018) # Identity inference of genomic data using long-range familial searches. Autores: Y. Erlich, T. Shor, I. Pe’er e colaborador.
(Editoração: Gabriel Ferreira, Gabriela Duarte e André Pessoni)