Os sinais vitais do planeta alertam para ameaças catastróficas para humanidade baseadas nos recentes desastres naturais do planeta.
Desde 2019 os cientistas avisam que há tendências preocupantes em relação às mudanças climáticas, somadas a um esforço insuficiente para lidar com essa questão. Depois da publicação do artigo de Ripple e colaboradores em 2020, onde foram discutidas as questões climáticas e seus impactos no mundo, muitos países reconheceram a emergência climática em declarações formais. Apesar disso, o aumento sem precedentes de desastres relacionados ao clima desde 2019 mostra que uma atualização desses dados é necessária. Assim, os cientistas avaliaram 31 métricas climáticas que mensuram a saúde ecológica do planeta e observaram que 18 delas encontram-se em novos níveis máximos ou mínimos recordes de alterações negativas relacionadas à saúde ecológica. A pesquisa foi publicada esta semana na revista BioScience.
Os pesquisadores apontam neste trabalho pontos marcantes que são de extrema relevância para entender as implicações das ações antrópicas ao guiar as mudanças climáticas no mundo e seus impactos. Dentre as temáticas mais relevantes, os cientistas discutem a importância da produção de carne e seu alto consumo; a política econômica climática e a importância de aumentar as taxas de preço para emissão de CO2; as fontes energéticas e a necessidade de substituir as fontes energéticas fósseis, bem como destacam a necessidade de diminuir investimentos nessa área.
Além disso, num cenário ecológico, as métricas indicam que os níveis atmosféricos de metano e dióxido de carbono atingiram índices recorde. Somado a isso, o gelo do Ártico e as geleiras estão no nível mais baixo de todos os tempos, enquanto, o nível do mar e as temperaturas oceânicas estão no máximo.
Com foco na Amazônia, os pesquisadores destacam que a destruição da floresta atingiu um máximo, em 12 anos, de 1,11 milhão de hectares destruídos em 2019 e 2020 devido a incêndios, secas, exploração madeireira e fragmentação, fazendo com que esta região atue como uma fonte de carbono em vez de um sumidouro de carbono. Essa destruição é atribuída ao enfraquecimento da fiscalização do desmatamento, desencadeando um forte aumento no desmatamento ilegal. As implicações dessa destruição são refletidas no aquecimento global, crise hídrica e chuvas torrenciais na Europa.
William Ripple, autor deste estudo e daquele feito em 2019, constatou em entrevista que é preciso parar de tratar a emergência climática como uma questão autônoma e que o aquecimento global não é o único sintoma de nosso estressado sistema terrestre. A conclusão central do seu trabalho é que a superexploração do planeta pelos humanos trouxe esses problemas, portanto, promover mudança em nosso estilo de vida é essencial. Novas políticas climáticas devem fazer parte dos planos de recuperação do COVID-19, onde a união num esforço global com um senso comum de urgência, cooperação e igualdade é fundamental para salvar o planeta e a humanidade.
News: Iasmin Taveira
Fontes e mais informações sobre o tema:
Matéria no site Olhar Digital, intitulada “Planeta Terra entra na UTI e está próximo da fase terminal, apontam cientistas”, publicado em 28/07/2021.
https://olhardigital.com.br/2021/07/28/ciencia-e-espaco/planeta-terra-entra-na-uti-e-esta-proximo-da-fase-terminal-diz-cientistas/
Artigo científico intitulado “World Scientists’ Warning of a Climate Emergency 2021”, publicado na revista BioScience em 2021, de autoria de Ripple e colaboradores.
https://academic.oup.com/bioscience/advance-article/doi/10.1093/biosci/biab079/6325731
(Editoração: André Pessoni)