As mariposas Biston betularia são famosas por representarem um dos mais comuns e evidentes exemplos de evolução. Os adultos da espécie possuem padrão de cores determinado geneticamente, e indivíduos de cores mais escuras se tornaram mais comuns durante a revolução industrial: a poluição fez com que as cascas das árvores ficassem mais escuras, de modo que mariposas mais claras eram alvos mais fáceis para predadores.
Entretanto, este não é o único aspecto interessante sobre estes animais. Suas larvas, ao contrário dos adultos, podem mudar lentamente sua cor, de modo a aclimatar-se ao seu ambiente. Um novo estudo mostrou que a mudança de cor das larvas da mariposa B. betularia ocorre mesmo se seus “olhos” (ou ocelos) forem tampados. Além disso, estas larvas preferem permanecer sobre galhos de mesma cor, ainda que não possam ver estes galhos. As larvas tiveram seus ocelos pintados de preto, para não enxergarem seu ambiente, e foram colocadas entre gravetos verde, brancos, marrons ou pretos, e mudaram de cor tão adequadamente quanto outras larvas, com a visão normal.
Os pesquisadores identificaram, também, genes especificamente relacionados com a visão distribuídos nas células da epiderme destes animais. Esses genes produzem opsinas, proteínas capazes de reagir a cores específicas de luz. Este trabalho é o primeiro a mostrar receptores específicos de luz fora dos olhos em artrópodes.
Larvas de B. betularia imitando diferentes cores de gravetos. Para cada cor apresentada há uma larva com a visão normal, e outra com os ocelos cobertos. Imagem adaptada de Eacock et al, 2019.
Tweet-science: Fernando F. Mecca
Artigo original:
Revista Communications Biology (Ago/2019) # Adaptive colour change and background choice behaviour in peppered moth caterpillars is mediated by extraocular photoreception. A. Eacock, H. Rowland, A. van’t Hof, e colaboradores.
(Editoração: Priscila Rothier, Gabriel Ferreira)