A média da cobertura de vacinação infantil está pouco acima de 50% para várias vacinas previstas no calendário nacional, o que aumenta o risco de propagação de doenças.
O índice de vacinação infantil no Brasil está bem abaixo do recomendado em 2020. Segundo dados do Programa Nacional de Imunizações (PNI), apenas 51% das crianças receberam as vacinas previstas no calendário de imunização. As vacinas com maior taxa de cobertura são a pneumocócica, que protege contra algumas formas de pneumonia e meningite, e a tríplice bacteriana, que previne contra tétano, difteria e coqueluche. Ainda assim, ambas estão com índice abaixo de 60%.
O ideal para garantir proteção contra as doenças é que 90 a 95% das crianças estejam vacinadas, mas o país não atinge essa meta desde 2015. Como consequência, doenças consideradas erradicadas em território brasileiro já voltaram a aparecer ou apresentam risco de voltar. É o caso do sarampo. O Brasil perdeu o certificado de erradicação da doença no ano passado e até o início de agosto mais de sete mil casos de sarampo haviam sido confirmados no país. A doença pode ser prevenida pela vacina tríplice viral, que também protege contra caxumba e rubéola e está com cobertura de 58% na primeira dose e 46% na segunda.
De acordo com nota do Ministério da Saúde, os dados do PNI para 2019 e 2020 são preliminares, já que os estados e municípios podem inserir informações sobre a cobertura vacinal de 2019 até o fim de setembro e sobre a cobertura de 2020 até 2021. Ainda assim, especialistas em entrevista ao site jornalístico G1 afirmam que é praticamente impossível que os índices de vacinação atinjam os valores ideais nos últimos quatro meses do ano.
Segundo os especialistas, os motivos para a queda na vacinação são vários. O primeiro deles é o efeito da pandemia de Covid-19, que faz as pessoas terem maior resistência a sair de casa para vacinar as crianças. Outra razão são as alterações políticas no governo federal nos últimos anos, que levaram à desarticulação técnica no Ministério da Saúde, especialmente durante o governo atual. A instabilidade da gestão ministerial e a nomeação de pessoas sem conhecimento e experiência na área de saúde desorganizam as políticas de funcionamento do SUS, que é o principal agente de vacinação no Brasil.
Outros fatores passam pelo crescimento do movimento antivacina e pelo horário em que o atendimento de vacinação é feito. Por ser realizada em horário comercial, a vacinação entra em conflito com o período em que muitos responsáveis pelas crianças estão trabalhando.
A importância de seguir o calendário de vacinação vai além de garantir a saúde individual. Segundo estimativa da Organização Mundial da Saúde (OMS), as vacinas evitam de dois a três milhões de mortes por ano em todo o mundo. A prevenção de doenças por meio das vacinas também traz benefícios econômicos, pois reduz custos com medicamentos, internações e perda da produtividade associada à ocorrência de doenças.
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News: Luanne Caires
Fontes:
Matéria no site do G1, intitulada “Metade das crianças brasileiras não recebeu todas as vacinas que deveria em 2020, apontam dados do Ministério da Saúde”, publicada em 08/09/2020.
https://g1.globo.com/bemestar/vacina/noticia/2020/09/08/metade-das-criancas-brasileiras-nao-receberam-todas-as-vacinas-que-deveriam-em-2020-apontam-dados-do-ministerio-da-saude.ghtml
Matéria no site da BBC Brasil, intitulada “Vacinas evitam 4 mortes por minuto e poupam R$ 250 milhões por dia”, publicada em 07/09/2020.
https://www.bbc.com/portuguese/internacional-54029641
Série especial de textos no site do projeto Ilha do Conhecimento, em parceria com a União Pró-Vacina, publicada entre abril e agosto de 2020.
http://ilhadoconhecimento.com.br/especiais/
(Editoração: André Pessoni)