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Nova técnica recupera atividade de cérebros de porcos mortos há quatro horas

Assim como de outros animais, o funcionamento do cérebro humano depende de grandes estoques de energia. Quando há a interrupção de fluxo sanguíneo e da distribuição de oxigênio, as células cerebrais logo entram em processo de necrose seguida por morte, cessando qualquer tipo de atividade vital no órgão.  Mas pela primeira vez, cientistas foram capazes de recuperar a atividade celular em cérebros inteiros de porcos mortos. Para tanto, foi necessário desenvolver um sistema que simula a entrada e saída do fluxo sanguíneo no cérebro, como se ele ainda estivesse em um corpo vivo – os cérebros eram posicionados em uma câmara com temperatura controlada (37°C), e recebiam uma solução com base sanguínea contendo outras substâncias protetoras para as células. Foram usados cérebros mortos por até quatro horas de porcos entre 6-8 meses de idade, que seriam descartados por abatedouros comerciais. Com o sistema desenvolvido, foi possível preservar a arquitetura das células e reduzir a morte celular. Mais impressionantemente, os cérebros restauraram atividades metabólicas como a capacidade de dilatação dos vasos sanguíneos, resposta imunológica da glia na presença de fármacos, e atividade elétrica espontânea. Em nenhum momento foram observados indícios de atividade elétrica organizada associada com algum tipo de consciência, embora nem fosse esse o objetivo da pesquisa. Em termos clínicos, os pesquisadores afirmaram que os experimentos não geraram exatamente cérebros vivos, mas cérebros ativos no nível celular. O trabalho representa um grande passo para a medicina, demonstrando que, com as devidas intervenções cirúrgicas, grandes cérebros de mamíferos possuem a capacidade de restaurar certas atividades moleculares e celulares até horas após de sua morte.

 

Tweet-science: Priscila S. Rothier

sobre a autora

Artigo original: Revista Nature (Abr/2019) # Restoration of brain circulation and cellular functions hours post-mortem. Autores: Z. Vrselja, S. G. Daniele, e colaboradores.

(Editoração: Fernando F. Mecca, André Pessoni e Caio Oliveira)

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