As primeiras evidências de exoplanetas, isto é, planetas orbitando estrelas fora do nosso sistema solar, são conhecidas desde 1917, embora apenas nas últimas três décadas a busca por estes corpos astronômicos tenham se intensificado. Exoplanetas são identificados por perturbações na observação da luz de uma estrela, como sombras geradas por sua passagem em frente à fonte luminosa. Apesar de hoje serem conhecidos mais de 3800 exoplanetas, nenhuma exolua – satélites naturais orbitando exoplanetas – teve sua existência confirmada. No último dia 3 de outubro esse cenário pode ter mudado, já que novas observações do Telescópio Espacial Hubble suportam a descoberta da primeira exolua, a 8 mil anos-luz de distância da Terra. Por um período de 40 horas em outubro de 2017, astrônomos observaram variações na luz vinda da estrela Kepler 1625, que sugeriam a existência de um exoplaneta de tamanho compatível com Júpiter, equivalente a aproximadamente 1321 Terras. O telescópio também identificou uma segunda perturbação na luz que ocorria antes ou depois do deslocamento do exoplaneta, padrão que seria esperado caso um satélite o orbitasse. Além disso, um atraso no período estimado da órbita desse exoplaneta sugere a influência gravitacional de outro corpo astronômico, suportando a hipótese da existência de uma exolua. A exolua, apelidada de “Neptomoon” (Neptolua, em português), possui massa parecida com a do planeta Netuno – dez vezes a massa combinada de todas as luas e planetas terrestres de nosso sistema solar. O grupo de astrônomos pretende ainda confirmar a descoberta da exolua quando o exoplaneta transitar novamente em frente à estrela Kepler 1625, o que deve acontecer em maio de 2019.
Tweet-science: Gabriel S. Ferreira
Artigo original: Revista Science Advances (Out/2018) # Evidence for a large exomoon orbiting Kepler-1625b. Autores: A. Teachey e D. Kipping.
(Editoração: Priscila Rothier, Gabriela Duarte e Caio Oliveira)