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Serviços Ecossistêmicos: o que são e qual a sua importância?

 


Destaques:

  • Serviços ecossistêmicos estão envolvidos em praticamente todos os aspectos da manutenção da vida humana;
  • Os serviços ecossistêmicos podem ser divididos em 4 categorias: provisão, reguladores, culturais e suporte;
  • O termo foi criado na década de 1970 para chamar a atenção à processos naturais “invisíveis”, mas que têm grande importância em diversas cadeias produtivas;
  • A partir da criação do termo foi possível valorar esses serviços considerando os benefícios que podem trazer a população;
  • Estima-se que o valor dos serviços ecossistêmicos fornecidos pela vegetação nativa das reservas legais brasileiras seja de R$ 6 trilhões ao ano.

 

Quase tudo o que consumimos de algum modo tem origem na natureza, diretamente ou indiretamente. Por exemplo, o sabonete que você usa para lavar as mãos pode ter origem no extrativismo realizado em comunidades tradicionais que coletam castanha na Amazônia e fazem parte de uma cooperativa que vende essas castanhas para a indústria de cosméticos.

 

– Mas os Serviços Ecossistêmicos estão relacionados apenas com produtos industrializados?

– Não!

 

Podemos definir os Serviços Ecossistêmicos como aquilo que um ecossistema fornece ao ser humano, com origem nos ciclos naturais impulsionados pela energia solar. Essa energia participa do processo de fotossíntese, por exemplo, que é o principal responsável pelo desenvolvimento da vegetação; as plantas, por sua vez, são indispensáveis para diversos aspectos da manutenção da vida como conhecemos hoje. Então, basicamente, os Serviços Ecossistêmicos sustentam a vida e a biodiversidade, além da produção de alimentos e recursos utilizados pelo homem.

 

O termo “Serviços Ecossistêmicos” foi originado na década de 1970 nos EUA, como uma resposta ecológica e econômica à degradação dos ecossistemas. Ele ganhou importância contínua no cenário político ambiental internacional até que, em 2005, a publicação da Avaliação Ecossistêmica do Milênio, resultante de um programa de pesquisas sobre o impacto das atividades humanas no meio ambiente, definiu quatro categorias para os serviços, sendo elas:

  • Provisão: responsáveis pela capacidade dos ecossistemas de prover algo (exemplos: alimentos, matéria-prima, recursos genéticos, água, etc.);
  • Reguladores: benefícios resultantes de processos naturais reguladores de condições ambientais (exemplos: regulação do clima, controle de enchentes e erosão, purificação do ar, etc.);
  • Culturais: relacionados a importância dos ecossistemas que oferecerem proventos recreacionais, educacionais ou espirituais (exemplos: turismo impulsionado por elementos naturais, o bem-estar proveniente da prática de esportes ou atividades de lazer em parques ou reservas, etc.);
  • Suporte: relacionados a processos naturais fundamentais para a manutenção e existência de outros serviços (exemplos: ciclagem de nutrientes, formação de solos, polinização, etc.).

A utilização deste termo nos ajuda a pensar além dos produtos que tem origem na natureza, em processos que não vemos mas são fundamentais para a manutenção da biodiversidade. Por exemplo, o ciclo da água e o ciclo do oxigênio são processos do sistema natural que sustentam a vida e são fundamentais para que a castanha extraída lá na Amazônia chegue no seu banheiro em forma de sabonete.

 

Esses serviços são responsáveis por manter o equilíbrio ambiental dos ecossistemas e são valorados considerando benefícios que podem trazer a população. A valoração dos ecossistemas não se restringe ao sentido econômico, também engloba o sentido humano, valorizando a vida e a necessidade de manter o ecossistema em equilíbrio para garantir o fornecimento de recursos naturais. A definição de valor envolve os sentidos moral e político, e não apenas o valor monetário. Isso quer dizer que são necessárias políticas públicas e ação humana responsável para garantir a manutenção dos Serviços Ecossistêmicos, definindo assim a correta valorização de algo que é indispensável em nossas vidas.

Recentemente um artigo científico intituladoWhy Brazil needs its Legal Reserves(Em português, “Porque o Brasil precisa das suas reservas legais”) publicado na revista “Perspectives in ecology and conservation” calculou o valor de R$ 6 trilhões ao ano de serviços ecossistêmicos fornecidos pela vegetação nativa das reservas legais (área protegida em propriedades privadas no país). São R$ 500 bilhões ao mês! Valor muitas vezes maior que qualquer imposto ou produto industrializado. Por esse motivo é urgente estruturar políticas públicas e ações sustentáveis de forma que os Serviços Ecossistêmicos sejam melhor aproveitados. É de suma importância que a sustentabilidade prevaleça sobre ações e políticas de intensificação do uso da terra para que os Serviços Ecossistêmicos resultem também em benefícios sociais e culturais para o país (além de econômicos).

Ciência et al: Saulo de Oliveria Folharini

sobre o autor

 

Fontes consultadas:

https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S253006441930118X

https://sustentabilidade.estadao.com.br/blogs/ambiente-se/vegetacao-nativa-protegida-em-propriedades-rurais-gera-servicos-avaliados-em-r-6-tri-ao-ano/

https://www.millenniumassessment.org/en/index.html

(Editoração: Eduardo Borges)

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