iEstudar o processo de evolução da nossa linguagem é importante para que possamos compreender como os seres humanos se tornaram o que são hoje, tanto do ponto de vista cultural, quanto biológico. Uma das formas de se investigar como esse processo ocorreu é através de modelos computacionais, que são capazes de realizar uma grande quantidade de simulações a partir da inclusão de informações baseadas no que é observado na natureza como parâmetros. Foi por meio desse método que um estudo demonstrou que a evolução cultural, por meio da qual humanos criam novas línguas, e a evolução biológica, responsável pelo surgimento de traços necessários para que a comunicação ocorra, acontecem em ritmos diferentes, mas podem coevoluir a longo prazo. Mais especificamente, foi observada que essa diferença no ritmo da evolução ocorria de acordo com o período de tempo que se estivesse considerando (mais longo ou mais curto) e de acordo com a existência de uma maior ou menor quantidade de normas sociais de uso da língua. Assim, em períodos mais curtos de tempo, as simulações demonstraram que a evolução biológica (genética) não conseguia acompanhar o ritmo de evolução cultural (das línguas utilizadas), pois a cultura evoluía muito mais rapidamente do que os genes dos indivíduos que utilizavam uma determinada língua. Em outras palavras, o tempo necessário para que uma população que utilizasse uma determinada língua se adaptasse à sua necessidade era diferente do tempo percorrido até o nascimento de novos descendentes que já possuíam essas características adaptativas. A longo prazo, entretanto, esse ritmo de evolução passava a co-ocorrer, em especial em línguas que continham expressividade suficiente para permitir uma comunicação eficiente. Sendo assim, a evolução das línguas e da faculdade da linguagem ocorrem em ritmos distintos, mas dependem uma da outra para acontecer.
Tweet-science: Ana Carolina Gomes da Silva
Artigo original: An integrated model of gene-culture coevolution of language mediated by phenotypic plasticity # Scientific Reports (Maio/2018). Autores: T. Azumagakito, R. Suzuki, A. Takaya.
(Editoração: Gabriela R. Duarte, Fernando F. Mecca e Caio M.C.A. de Oliveira)