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Pesquisa mineira desenvolve queijo capaz de prevenir problemas intestinais

#Farol de Notícias (Atualidades científicas que foram destaque na semana)

O queijo conta com uma bactéria probiótica na sua composição e foi capaz de evitar e os reduzir os sintomas de colite ulcerativa em camundongos

Um trabalho de doutorado desenvolvido na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), pela bióloga e analista de Propriedade Intelectual da Coordenadoria de Transferência e Inovação Tecnológica (CTIT), Bárbara Cordeiro, produziu um queijo frescal capaz de reduzir e evitar casos graves de inflamações intestinais em camundongos. O produto já foi patenteado e aguarda empresas interessadas.

Trata-se de um alimento funcional, que é um alimento ou ingrediente que oferece benefícios à saúde, além de suas funções nutricionais básicas. E os probióticos são microorganismos vivos benéficos para a saúde humana. No caso, o queijo desenvolvido na UFMG foi acrescido da bactéria probiótica Lactococcus lactis NCDO 2118 e de vitaminas, associadas a esta bactéria. O queijo foi capaz de tratar e prevenir a colite ulcerativa, doença inflamatória do intestino grosso caracterizada por inflamação e ulceração da camada mais superficial do cólon. 

Imagem de microscopia eletrônica de L. lactis, colorida artificialmente. Fonte: Science Photo Library sciencephoto

As análises foram feitas em camundongos que tinham os sintomas de colite ulcerativa. Para testar o potencial do queijo no tratamento dessa doença, a equipe do Laboratório de Genética Celular e Molecular (LGCM), usou o polímero sintético sulfato de sódio dextrano (DSS) para induzir a colite ulcerativa doença em camundongos. “Submetidos ao consumo do DSS, os animais desenvolviam a doença, e, concomitantemente, nós entrávamos com o tratamento com o queijo probiótico. Induzíamos a doença nos camundongos durante sete dias e, nesse período, dávamos a eles o produto probiótico”, relata Bárbara. 

Segundo a pesquisadora, a ingestão simultânea do polímero e do queijo deveu-se ao fato de a inflamação tratada ser uma doença recidiva, cujos sintomas podem reaparecer depois de determinado tempo de remissão. “Nossa intenção principal é tratar a crise: quando o paciente tiver os sintomas, a ideia é que ele consuma o queijo, a fim de diminuir as dores ocasionadas pela inflamação ou até mesmo encurtar o tempo dos sintomas.”

O processo experimental incluiu análises imunológicas, bioquímicas e de biologia molecular. O queijo foi capaz de melhorar a saúde dos animais. No geral, eles apresentaram melhora significativa em todos os parâmetros da doença, por vezes se assemelhando, em alguns indicadores, aos padrões de um animal não doente. Mais especificamente, os animais que consumiram o queijo minas frescal probiótico tiveram uma redução na gravidade da colite com atenuação dos sinais clínicos da doença. Além disso, a ingestão do queijo restaurou a barreira epitelial do colón (a camada mais externa do cólon do intestino) e modulou a produção de citocinas pró e anti-inflamatórias (moléculas produzidas geralmente em resposta a estímulos e que funcionam como um mensageiro químico para regulação do sistema imune).

O estudo foi considerado o melhor trabalho de doutorado de 2021 no âmbito do Programa de Pós-graduação em Inovação Tecnológica (PPGIT) da UFMG. Ele também concorre ao Prêmio Capes de Teses e ao Grande Prêmio UFMG de Teses de 2022.

O queijo em questão é do tipo Minas Frescal (foto), mas a pesquisa também trabalhou com queijos do tipo Emmental e prato. Foto: UFMG/ Divulgação ufmg

A pesquisa de Bárbara Cordeiro também propôs o desenvolvimento de outros dois queijos funcionais, o francês Emmental – apesar dos bons resultados, não houve continuidade do projeto, porque não se trata de um queijo de amplo consumo no Brasil – e o queijo prato, que não apresentou as características básicas necessárias para ser considerado um bom alimento funcional. Com os resultados positivos do uso do queijo minas frescal publicados, buscam-se agora empresas parceiras para a sequência do desenvolvimento do alimento funcional em larga escala.

 

Colaboração: Jéssica de Moura Soares sobre a autora

Jéssica de Moura Soares é Bacharel em Biotecnologia pela Universidade Federal do Ceará (UFC), Mestre e agora doutoranda em Bioquímica pela Universidade de São Paulo (USP). Se interessa por iniciativas onde a ciência ajuda a transformar o mundo em um lugar mais sustentável e igualitário. Entusiasta da divulgação científica, acredita que a ciência tem que ser de fácil acesso a todos.

 

Fontes e mais informações sobre o tema:

Matéria no site G1, intitulada “UFMG desenvolve queijo capaz de prevenir e combater problemas intestinais”, publicada em 21/05/2022. https://g1.globo.com/mg/minas-gerais/noticia/2022/05/21/ufmg-desenvolve-queijo-capaz-de-prevenir-e-combater-problemas-intestinais.ghtml

Matéria no site UFMG, intitulada “Queijo frescal desenvolvido na UFMG pode prevenir e combater doenças inflamatórias intestinais”, publicada em 13/05/2022. https://ufmg.br/comunicacao/noticias/queijo-frescal-desenvolvido-na-ufmg-pode-prevenir-e-combater-doencas-inflamatorias-intestinais

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