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Dez acontecimentos científicos que marcaram o ano de 2019

Conheça ou reveja as mais recentes e importantes histórias do mundo da ciência 

Da computação quântica ao desbravamento do Universo, 2019 foi um ano de descobertas científicas revolucionárias e de debates acadêmicos que mobilizaram toda sociedade. Para recordar esses principais acontecimentos, a equipe do Ilha do Conhecimento selecionou os 10 eventos da ciência mais marcantes de 2019.

 

1) Cientistas ressuscitam cérebro de porcos mortos

sinapses em neurônios de cérebro de porco ressuscitado
Imagem: Getty Images

Buscando investigar melhor como podemos definir o que seria “morrer” em nível biológico, pesquisadores da renomada Universidade de Yale (Estados Unidos) foram capazes de reviver cérebros de porcos abatidos há quatro horas. Para isso, um sistema desenvolvido bombeou uma substância que substituiu o sangue nos cérebros, o que foi suficiente para que diversas atividades celulares fossem retomadas. Apesar das discussões éticas que envolvem o experimento, é importante ressaltar que as funções retomadas eram básicas, de metabolismo e conexões celulares, não havendo recuperação de atividades cognitivas complexas, como a consciência. Esse tipo de experimento traz a tona a importância de continuarmos estudando o fenômeno “morrer”, para que possamos delimitar de maneira cada vez mais precisa, do ponto de vista médico e legal, o que consideramos um estado irreversível de morte.

O Ilha do Conhecimento noticiou a pesquisa e você pode conferir nosso post para entender esse estudo em mais detalhes.

 

2) Quimera de ser humano com macaco criado pela primeira vez em laboratório

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Imagem: Igenomix

Mitologias e histórias de ficção à parte, quimeras são seres vivos com células (e material genético) de dois ou mais indivíduos, frequentemente de espécies distintas. Embora fruto de muito debate ético, pesquisadores criam esse tipo de organismos para diversas aplicações, por exemplo na área da saúde, com a possibilidade de desenvolver órgãos em outros animais para transplantar em humanos. E foi exatamente com objetivo de investigar essa possibilidade que, em 2019, pesquisadores fizeram a primeira quimera de um ser humano com um macaco, um embrião apenas, que não se desenvolveu em um animal adulto. Dois anos antes, em 2017, já havia sido criado nos Estados Unidos um embrião de quimera de ser humano com porcos. Dessa vez, contudo, devido a proximidade evolutiva do ser humano com macacos, mais debates éticos no entorno de tais tipos de pesquisas foram suscitados na academia, embora os pesquisadores responsáveis tenham seguido códigos de bioética e legislação vigente da China, onde o experimento foi realizado.

Veja um artigo mais detalhado dessa noticia no jornal The Guardian.

 

3) Primeira fotografia de um buraco negro

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Imagem: The Astrophysical Journal/ Akiyama et al., 2019.

Uma associação de diversos laboratórios e telescópios ao redor do mundo conseguiu, pela primeira vez, registrar uma imagem de um buraco negro. As fotos mostram o buraco cercado por um anel extremamente luminoso, formado por gases sendo sugados pela gravidade do buraco negro. Além de serem belas imagens, estes registros são importantes para aumentar nossa compreensão sobre estes misteriosos corpos celestes.

Nós já falamos sobre este acontecimento, e você pode ler mais clicando aqui.

 

4) Clima de preocupação com o planeta

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Imagem: BBC

O ano de 2019 ficou marcado por debates calorosos sobre o aquecimento global e o papel de cada indivíduo para desacelerar seus efeitos catastróficos. A jovem sueca, Greta Thunberg, virou um símbolo dessa causa e porta-voz dos cientistas que estudam as mudanças climáticas e alertam: se não zerarmos as emissões de CO2 até 2050, os desastres naturais, que já estão comprovadamente mais intensos, serão cada vez mais frequente e possivelmente irreversíveis.

Enquanto nações, como o Reino Unido, reforçaram seu comprometimento com a meta de zerar suas emissões, alguns países, como EUA e Brasil, vão na contramão, rejeitando as evidências científicas e incentivando políticas prejudiciais ao meio ambiente. Em um episódio preocupante que demonstrou perfeitamente o descaso do atual governo brasileiro com a ciência, o físico e pesquisador Ricardo Galvão foi exonerado do cargo de diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) após rebater críticas do presidente Jair Bolsonaro aos dados apresentados pelo Instituto que mostraram o aumento do desmatamento na Amazônia. Meses depois, Galvão foi apontado como um dos 10 cientistas mais importantes do mundo em 2019 pela revista Nature.

Fizemos um especial sobre a conservação da Amazônia que pode ser conferido nos links (Entender para conservar: o caso das importantes várzeas amazônicas e Ameaça às terras indígenas compromete a preservação da Amazônia no Brasil). Para saber mais sobre o aquecimento global e as decisões polêmicas do governo brasileiro confira o link da matéria completa da revista Nature.

 

5) Avanços na computação quântica

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Imagem: CTNET/Stephen Shankland

Após mais de 10 anos de trabalho, a Google anunciou ter alcançado a “supremacia quantum”. De acordo com a empresa, sua máquina, que tem estrutura baseada nas leis da física aplicadas em partículas minúsculas como os átomos, foi capaz de realizar em 200 segundos uma tarefa que o mais rápido supercomputador existente realizaria em 10 mil anos!

Devido a sua velocidade extraordinária para realizar testes e simulações, a computação quântica promete melhorias significativas em diversas áreas, dentre elas: o desenvolvimento de fármacos, investimentos financeiros, e planejamento urbano. A demonstração foi considerada um passo importante para o futuro do processamento de dados mas ainda vai demorar algum tempo para que essa tecnologia seja explorada em todo seu potencial. Além da Google, outras empresas, como a IBM, a Microsoft, e a Amazon, também estão investindo pesado em estudos nessa área e tiveram avanços importantes em 2019.

Saiba mais lendo a matéria completa da CNET.

6) Nova espécie e mais informações sobre linhagens de humanos

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Imagem: ScienceMag/Maayan Hare

Uma linhagem completamente nova de humanos foi identificada no ano passado. Os Homo luzonensis viveram na Ilha de Luzon, nas Filipinas, cerca de 60 mil anos atrás. A descoberta da espécie foi feita a partir de sete dentes e seis pequenos ossos encontrados na região e foi publicada na revista Nature no mês de abril.

Além disso, cientistas conseguiram recriar pela primeira vez a face de uma linhagem extinta de humanos descoberta em 2010 na caverna Denisova, na Sibéria. A tarefa não foi fácil, pois o registro fóssil do grupo, denominado Hominídeos de Denisova, é escasso, consistindo apenas de alguns dentes e pequenos ossos – incluindo os do dedinho de uma jovem que viveu na região há 75 mil anos. O processo de reconstrução se baseou em informações epigenéticas que, quando comparadas com grupos próximos (como Neandertais e humanos modernos) permitiram identificar as principais diferenças genômicas e como elas podem ter influenciado a sua aparência.

Em 2018 publicamos um texto sobre outra peça desse grande quebra-cabeças que é a origem da nossa espécie (veja aqui). Confira mais sobre assunto nas matérias originais (National Geographic e Science).

7) Tsunamis causadas pelo impacto de meteoro matou e arrastou dinossauros

tsunami causada por meteoro matou dinossauros
Imagem: Robert DePalma

Que um gigantesco meteoro se chocou com a Terra e extinguiu os dinossauros – com exceção das aves – você já sabia. Mas quais consequências imediatas cada indivíduo de dinossauro e demais seres vivos que habitavam a Terra no período Cretáceo (66 milhões de anos atrás) realmente experimentaram naquele dia? Em 2019, grupos de pesquisadores de diferentes universidades, como a Universidade da Califórnia nos Estados Unidos, descobriram em sítios paleontológicos aglomerados de fósseis com peixes, répteis, plantas e dinossauros (como o famoso Triceratops), que teriam sido arrastados por tsunamis causadas pelo impacto direto do meteoro na península de Yucatan (México).

Se quiser saber mais sobre esse fatídico evento veja as reportagens da BBC e Eureka Alert.

 

8) Cães e gatos realmente gostam de nós

gato e cachorro com seus donos
Imagem: SocialMoms

Uma série de estudos tem deixado cada vez mais claro que nossos animais favoritos não nos acompanham só porque temos comida, mas realmente gostam de nós. Muito se diz que cães foram selecionados como os pets de nossos ancestrais por serem animais que entendem bem os humanos. Entretanto, novos estudos mostram que talvez eles não nos entendam tão melhor do que lobos… Mas, eles certamente gostam mais de nós. 

Descobertas recentes apontam que a capacidade de gostar de outras espécies parece ser o fator crucial do sucesso de domesticação dos cães. Já quanto aos gatos, foi demonstrado que em situações estressantes, eles procuram ficar mais tempo perto do dono. E esta preferência é bastante específica: os gatos ficam mais com seus donos do que com outras pessoas com as quais já interagiram por várias horas e dias.

Para ler mais sobre este assunto, dê uma olhada nas reportagens do New York Times (e 3).

 

9) Descoberta espécie de aranha que amamenta seus filhotes com leite

pesquisa mostra que aranha produz leite
Imagem: Science/AAAS

Todo seguidor de alguma dieta sabe que existem diversas alternativas para o leite de vaca nos supermercados, como os leites de soja e amêndoas, entre outros, chamados leites vegetais. Contudo, na natureza sem indústrias alimentícias fitness, a produção de leite e amamentação é considerada uma característica exclusiva e definidora do grupo dos animais mamíferos, como nós, as vacas, cachorros e baleias. Cientistas descobriram que a espécie de aranha Toxeus magnus é capaz do mesmo feito que nossos parentes mais próximos. Já era conhecido que outras espécies de animais, como baratas, pombos e tubarões, tinham algum tipo de substância produzida e consumida pela prole, porém, não de tanta importância ou por tanto tempo como nos mamíferos ou na aranha estudada. Esse tipo de pesquisa serve para compreendermos melhor o que compreendemos como leite, e também as diversas origens possíveis para algum tipo de substância sintetizada ou modificado por progenitores cujas crias dependem disso para sobrevivência.

Se interessou? O Ilha do Conhecimento já tinha falado em mais detalhes sobre essa descoberta.

 

10) Reposição de microbiota intestinal evita efeitos duradouros da fome

bactérias do intestino transplante
Imagem: InfoEscola

Crianças que sofrem desnutrição na infância e mais tarde recebem alimentação adequada não estão totalmente salvas: elas ainda apresentam problemas de crescimento e desenvolvimento cerebral, por exemplo. Mas um novo tratamento está sendo proposto, com reposição de bactérias intestinais que estão presentes na maioria das pessoas, mas não naquelas que sofreram desnutrição na infância. Após o tratamento, aumentou a produção de proteínas ligadas ao crescimento.

Nós falamos um pouco mais sobre esta descoberta, veja. O artigo original da revista Science pode ser acessado aqui.

 

Especial de férias: Caio Oliveira sobre o autor

                                 Eduardo Borges sobre o autor

                                 Fernando Mecca sobre o autor

(Editoração: Priscila Rothier, Caio Oliveira)

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