A fala é produzida por mecanismos cerebrais complexos, que envolvem desde o processamento para interpretação e associação de diferentes informações até a integração aos mecanismos responsáveis pela produção em si, como o controle da respiração, entonação e movimentos da boca e língua. Devido a essa complexidade, alternativas atuais para pessoas que perderam a habilidade da fala solucionam apenas parte de suas dificuldades, diminuindo drasticamente a fluência na comunicação (como retratado, por exemplo, no filme ‘A Teoria de Tudo’, no qual Stephen Hawking passa a se comunicar apenas por movimentos oculares nos estágios mais avançados da Esclerose Lateral Amiotrófica). Com uma abordagem inovadora, pesquisadores desenvolveram uma interface cérebro-máquina capaz de sintetizar a fala através da atividade cerebral em regiões responsáveis pela produção mecânica da fala, como a laringe, língua, lábios e mandíbula, sendo possível a reprodução de frases sem a necessidade do reconhecimento dos seus significados. Analisando a atividade elétrica de diferentes regiões do córtex cerebral ligadas a essa mecanização, estes pesquisadores associaram padrões de ativação de neurônios aos movimentos das articulações envolvidas nesta mecanização. Em seguida, associou-se os movimentos feitos pelos voluntários com os fonemas produzidos. Desta maneira, após o registro de diversas frases e fonemas, um computador foi capaz de produzir a fala a partir das atividades elétricas registradas no córtex. Apesar do estudo ter sido realizado apenas com voluntários sem dificuldades na fala, o resultados são promissores para o desenvolvimento de novas técnicas e equipamentos para auxiliar pessoas com dificuldades ou perda da fala no futuro.
Tweet-science: Leonardo Rakauskas Zacharias
Artigo original: Revista Nature (Abr/2019) # Speech synthesis from neural decoding of spoken sentences. Autores: G. Anumanchipalli, J. Chartier e E. Chang.
(Editoração: Fernando F. Mecca, Gabriel Ferreira, André Pessoni e Caio Oliveira)