#Especiais (Especiais temáticos repletos de informações científicas)
Enquanto você debatia o que era cringe pesquisadores renderam notícias dos mais variados estudos científicos, selecionamos as imperdíveis do ano
O ano de 2021 continuou sendo marcado pela pandemia de COVID-19 e os vários memes que a internet e reality shows, mais populares do que nunca, geraram. Nesse turbilhão de acontecimentos é natural que você tenha deixado algo importante passar. Por isso, a Ilha do Conhecimento fez uma seleção das principais notícias do mundo da ciência durante o ano. Em nossa retrospectiva, saiba dos acontecimentos mais importantes e interessantes de diversas áreas de pesquisa!
Astronomia e física
2021 foi o ano marcado por viagens que transportaram civis para ver a Terra (redonda!) do espaço. Os empresários e bilionários Richard Branson (Virgin Galactic) , Jeff Bezos (Blue Origin) e Elon Musk (SpaceX) concretizaram e iniciaram oficialmente a era do turismo espacial. Apesar da controvérsia da exorbitante quantidade de dinheiro investido para realização dos feitos, enquanto diversos países enfrentam grave crise socioeconômica no mundo, o sucesso das missões aponta para o futuro da exploração espacial: a participação cada vez maior de financiamento privado.
Já no campo da ciência básica tivemos a primeira pista de uma possível quebra das leis da física em 50 anos! Cientistas americanos demonstraram que as partículas subatômicas chamadas múons podem ser muito mais magnéticas e oscilar de maneiras originalmente não previstas pelos modelos teóricos padrões aceitos atualmente. Estudos estão sendo realizados por diversos pesquisadores pelo mundo para ver se encontraram dados similares e visando compreender melhor o fenômeno. Sendo correto, essa descoberta sinaliza que possam existir outras partículas ou forças ainda a serem descobertas pela ciência.
Paleontologia e arqueologia
Em se tratando do passado do ser humano na Terra, neste ano a pintura mais antiga de animais foi descoberta. Tratam-se de desenhos em vermelho ocre que possivelmente retratam alvos de caçadas humanas, encontrados em uma caverna da ilha Sulawesi, na Indonésia. A análise dos minerais da tinta na rocha datou em mais de 45 mil anos a pintura. Ainda esse ano, evidências de sepultamento de quase 80 mil anos atrás foram encontradas na África, demonstrando que a prática de enterrar seus mortos é algo bastante antigo em nossa espécie.
Em um passado mais distante, mamutes que viveram mais de um milhão de anos atrás tiveram seu DNA sequenciado a partir de amostras de dentes molares encontradas na Sibéria, nos anos 1970. Assim, pela primeira vez foi possível sequenciar material genético com idade tão antiga. O estudo do DNA de espécies extintas ajuda os cientistas a conhecer melhor a evolução das espécies e o passado da Terra.
Meio ambiente e sustentabilidade
Após décadas de anúncio pela comunidade científica, as mudanças climáticas hoje já são realidade. Isso foi o que mostrou o relatório do Painel de Mudanças Climáticas das Nações Unidas, o IPCC, publicado esse ano. O aumento de 1,1 °C na temperatura do planeta já registrado comparado com a média entre 1850-1900 deve continuar crescendo, e já é responsável por diversos eventos climáticos extremos pelo mundo, como secas, incêndios florestais e inundações.
Infelizmente, o encontro de 196 governantes de nações ocorrido em Novembro, na COP 26, teve como principal resultado o ceticismo da comunidade científica. Nessa reunião, que tem como objetivo traçar metas para desacelerar tais mudanças no clima, ocorreu a assinatura de um pacto para a redução de 45% das emissões de gás carbônico até 2030. O principal problema é que não temos consenso se isso é o suficiente para frear as mudanças climáticas já observadas, e ainda depende do real comprometimento dos países com mudanças drásticas em suas matrizes energéticas.
Tecnologia
Em 2020 falamos sobre um software de inteligência artificial desenvolvido para nos ajudar a entender melhor a estrutura e a função das proteínas. E mais uma vez precisaremos listar essa tecnologia como uma das mais importantes do ano. Isso porque ao longo de 2021 mais de 350 mil estruturas de proteínas ainda não conhecidas foram previstas utilizando essa técnica. A descoberta esta cada vez mais perto de nos ajudar a compreender melhor o funcionamento da biologia de diversos seres vivos, além de auxiliar no desenvolvimento de medicamentos.
Outro avanço dentro de uma tecnologia já conhecida e promissora foi a da edição genética por CRISPR–Cas9. Também chamada de tesouras moleculares, a técnica já é uma queridinha no campo da biotecnologia há algum tempo. Contudo, em 2021 pesquisadores publicaram o resultado de um teste clínico aplicando a tecnologia para o tratamento de uma doença em humanos. No estudo, eles foram capazes de introduzir esse maquinário dentro do organismos de pacientes com Amiloidose por Transtirretina, que causa má formação de proteínas nos tecidos e órgãos humanos. Não só a eficácia do tratamento foi alta, atingindo melhora de 87% da formação proteica, como também a técnica se mostrou segura para os pacientes. No futuro, diversas doenças poderão ser tratadas de maneira similar.
Medicina e saúde
Quando se trata de desenvolvimento de medicamentos, com certeza testes adicionais das mais diversas vacinas contra COVID-19, muitas desenvolvidas desde 2020, continuaram marcando o ano e a área de saúde pelo mundo. Com esses inumeráveis estudos descobrimos que podemos (e devemos) aplicar vacina em crianças e adolescentes, que a combinação de diferentes vacinas costuma ser mais eficaz na resposta imunológica que causa, bem como que para diversas variantes do SARS-CoV-2 uma terceira dose se faz necessária. Essa corrida armamentista deve continuar em 2022.
Ainda falando em vacinas, precisamos citar a aprovação pela Organização Mundial da Saúde (OMS) da primeira vacina contra a malária. Essa doença que é causada por um protozoário parasita transmitido pela picada de mosquitos é considerada grave e pode levar à morte. De fato, apenas em 2020 mais de 600 mil pessoas morreram de malária no mundo. O que faz dessa doença mais preocupante é que ela causa morte principalmente em crianças de até cinco anos, sendo 80% das vítimas. A vacina Mosqirix teve uma eficácia de 56% ao longo do ano, o que representa um grande avanço na prevenção da doença, ao mesmo tempo um compromisso de manter outras medidas de maneira complementar nas regiões de incidência da malária, como uso de repelentes e redes nas camas.
Contudo, vacinas certamente não foram o único destaque da área da saúde em 2021. Talvez o feito que causou mais discussão no ano tenha sido o primeiro transplante de um órgão de porco para um ser humano. Chamado xenotransplante, um rim geneticamente alterado que se desenvolveu em um porco foi utilizado para repor o de um paciente que estava na fila de transplante de órgãos. Os médicos responsáveis atestaram a eficácia do transplante no curto prazo, e agora acompanham o desenvolvimento do paciente ao longo do tempo. A polêmica gerada no entorno do estudo consiste no fato que a técnica pode aumentar a demanda da criação e uso de animais para uso pelo ser humano, bem como a possibilidade de doenças serem carregadas destes animais para os pacientes, causando o surgimento de novas doenças para humanos. Por outro lado, se bem sucedida no longo prazo, existe um potencial de transplante de outros órgãos e diminuição das filas de pacientes que precisam de um novo órgão, o que salvaria vidas humanas.
Com certeza podemos esperar avanços e descobertas ainda mais incríveis neste e nos próximos anos no mundo da ciência! Acompanhe as publicações da Ilha do Conhecimento para não perder nenhuma novidade da Ciência em 2022.
Colaboração:
Caio M. C. A. de Oliveira sobre o autor
Caio é co-fundador do projeto Ilha do Conhecimento. Curioso sobre o mundo, estudou biologia e fez mestrado em biologia comparada na Universidade de São Paulo (USP). Querendo sempre continuar estudando, passou a atuar nas áreas de educação e divulgação científicas em diferentes projetos. Atualmente Caio é professor de biologia e iniciação científica no ensino básico, e editor de conteúdo no Ilha do Conhecimento.
Fontes e referências bibliográficas:
https://ilhadoconhecimento.com.br/?s=2021
https://www.nature.com/articles/d41586-021-03734-6
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(Editoração: Fernando F. Mecca)