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O melhor da ciência em 2023

#ESPECIAL DE FÉRIAS (Especiais temáticos sobre diferentes áreas da ciência)

Um resumo das descobertas mais interessantes do ano passado

O ano virou e 2024 já está a todo vapor, então já está na hora de fazermos o último passo da nossa retrospectiva 2023: olhar para além da própria Ilha do Conhecimento e rever as maiores histórias da ciência neste ano!

1) Perspectivas da edição genética na medicina

O método Crispr de edição genética (sobre o qual você pode ler mais aqui) revolucionou as possibilidades dessa área. Em 2023, o governo do Reino Unido autorizou o uso desta ferramenta para tratar a anemia falciforme e a talassemia beta – dois tipos de anemia com causas genéticas. Ainda existe duvida sobre efeitos colaterais e se o tratamento pode ser mantido por conta de seu alto custo, mas é um passo muito importante.

Outra forma de edição genética tem ganhado espaço: diversas companhias farmacêuticas estão apostando em edições do RNA ao invés do DNA. Essa técnica se aproveita de uma enzima que ocorre naturalmente em nossas células, a ADAR, que substitui partes de RNAs em dupla fita. A principal proposta é, portanto, criar sinalizadores de RNA em dupla fita que “atraem” a ADAR para fitas de RNA mensageiro carregando um código defeituoso, e substituir esse erro. A principal doença contra a qual a técnica está sendo testada é a deficiência de alfa-1 antitripsina, uma doença pulmonar grave causada por uma mutação pontual no gene da alfa-1-antitripsina.

 

2) O ano mais quente da história

O ano de 2023 ganhou um lugar especial nos registros da humanidade: foi o ano mais quente desde que começamos este tipo de registro. Não é novidade que o aquecimento global causado por humanos continua progredindo, mas 2023 trouxe alguns fenômenos espantosos. Por exemplo, a cidade de Phoenix, no Arizona (EUA) registrou 31 dias consecutivos com temperaturas acima de 43  ͦC; na ilha da Florida Keys (EUA), termômetros registraram temperaturas acima de 38 graus Célsius na água do mar. Só em um final de semana, nos EUA, mais de 110 milhões de pessoas estavam sob alertas de altas temperaturas.

E os especialistas já avisam: embora o fenômeno do El Niño contribua para o calor, o segundo ano deste fenômeno é que costuma ser mais quente – talvez o recorde de 2023 não dure muito tempo.

 

3) Quando os humanos foram além da África? 

Já é uma informação muito consolidada que nossa espécie, Homo sapiens, surgiu na África e depois espalhou-se pelos outros continentes. Entretanto, uma nova pesquisa comparando o DNA de fósseis com humanos vivos notou que há partes de herança Neandertal em populações africanas modernas, e essas heranças têm origens há mais de 250 mil anos. Essa nova visão permite compreender que o H. sapiens saiu da África mais cedo do que imaginamos, e provavelmente passou por vários eventos de dispersão e retorno para o continente-mãe.

 

4) Avanços da inteligência artificial

O campo da inteligência artificial (IA) continua se expandindo de forma impressionante, com as mais diversas aplicações. No resumo do ano passado falamos sobre a Alfafold, uma IA capaz de prever a forma de uma proteína. Desta vez, queremos destacar a Alfafold 2, que também é capaz de criar novas proteínas, permitindo soluções na indústria e farmacêutica para a criação dos mais diversos compostos.

A IA tem ganhado espaço também fora de campos profissionais. O sucesso de ferramentas como o ChatGPT foi imenso ao longo do ano, possibilitando que qualquer pessoa com acesso à internet faça uso de uma ferramenta que se parece mais com as IA que sonhávamos anos atrás assistindo filmes e séries de ficção científica.

 

5) A COVID-19 continua nos afetando seriamente

Apesar de estar gradativamente sumindo dos noticiários, a COVID-19 ainda impacta nossas vidas. Novas variantes surgem rapidamente, e a adesão da população à vacinação vem caindo. Nos EUA, estima-se que 70% da população tomou sua primeira série de vacinas, mas menos de 20% foram vacinados com a dose bivalente. Ainda nos EUA, cerca de 5.000 pessoas foram hospitalizadas por dia, e 1.200 faleceram pela COVID-19. Além disso, cerca de 6% da população relata sintomas de COVID longa, das quais ¼ limitações significativas para suas tarefas diárias.

A doença não afeta nossa saúde apenas de maneira direta: embora haja cada vez mais evidências de que o vírus Sars-CoV-2 passou para nós de outros animais, os boatos de que ele teria sido geneticamente desenhado em algum laboratório continuam fortes, e alimentam o aumento de restrições contra pesquisas envolvendo doenças infecciosas, o que pode nos deixar ainda mais desprotegidos contra pandemias futuras.

Essa foi nossa seleção das mais importantes histórias da ciência em 2023. Para não perder novidades igualmente interessantes ao longo de 2024, acompanhe a Ilha do Conhecimento!

 

Colaboração:

Fernando Figueiredo Mecca sobre o autor

Biólogo, mestre em neurociências, é atualmente doutorando e professor. Fernando também é um dos revisores de texto da Ilha e quem costuma trocar e-mails com os colaboradores. Estuda os efeitos de antidepressivos sobre sinais elétricos de áreas específicas do cérebro. Tem também interesse em evolução, ensino de ciências e divulgação científica.

Iasmin Cartaxo Taveira sobre a autora

Iasmin Taveira queria ser cientista desde criança e acredita que tornar o conhecimento acessível é o melhor jeito de promover desenvolvimento social. É Biotecnologista pela UFPB, mestre e doutoranda em bioquímica na FMRP/USP.

 

Referências bibliográficas:

https://www.smithsonianmag.com/science-nature/the-ten-most-significant-science-stories-of-2023-180983484/

https://www.nature.com/articles/s41587-023-02063-5https://www.nature.com/articles/s41587-023-01705-y

https://www.nature.com/articles/s41587-023-01709-8

https://www.science.org/content/article/scienceadviser-all-breakthroughs-2023-what-topped-science-s-list

https://www.theguardian.com/science/2023/dec/23/the-10-biggest-science-stories-of-2023-chosen-by-scientists

ciência

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