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Trajetória na ciência: entrevista com Natany Garcia Reis

#Especiais (Especiais temáticos repletos de informações científicas)

Nessa nova entrevista especial para o Mês da Mulher, conheça Natany e o que ela pensa do fazer ciência sendo mulher no Brasil.

DESTAQUES:
– Natany é biomédica, mestra e doutora em Fisiologia. Além disso, tem uma verdadeira paixão em conversar com mulheres sobre a ciência da gestação e maternidade. Ainda trabalha com divulgação científica sobre o tema;
– A pesquisadora acredita na possibilidade de mudar o mundo através da ciência e compartilha sua inspiração em ingressar nessa área por três grandes mulheres, suas professoras;
– Segundo Natany, um grande caminho pela representatividade das mulheres na ciência ainda precisa ser percorrido. Ela aponta a necessidade da implementação de políticas afirmativas para igualdade de gênero;
– O envolvimento da sociedade em geral é imprescindível para o crescimento da ciência no Brasil, e isso pode ser alcançado através da divulgação científica.

1) Para que o público te conheça, como você se apresentaria brevemente?  

Natany é filha de Ademir e Fátima e neta de dona Maria. Como uma boa mineira, amo pão de queijo com café e tutu de feijão. Eu sou fascinada pelo universo de Harry Potter e amo uma boa música, principalmente MPB. Desde muito pequena, era muito curiosa e apesar de não haver ninguém próximo nesse mundo da ciência, eu já sabia que seria cientista.

Eu também sou biomédica, mestra e doutora em Fisiologia. As iniciações científicas, o mestrado e o doutorado foram uma consequência de uma vontade de menina, mudar o mundo através da ciência e da educação. Hoje em dia eu encontrei uma nova paixão, a divulgação científica. Eu tenho uma verdadeira paixão em conversar com mulheres sobre a ciência da gestação e maternidade. Talvez essa seja a minha forma de mudar o mundo. 

 

2) O que motivou sua escolha por uma trajetória científica, especialmente na área de Biologia e Fisiologia Humana? E como é o seu dia a dia de trabalho na pesquisa?

A curiosidade me motivou a entrar na ciência. O organismo humano é algo único e a minha curiosidade em entender todos os processos que acontecem ali e que geram saúde ou doença…isso foi o que me motivou a estudar Fisiologia Humana.

Nesse momento o meu trabalho na pesquisa está um pouquinho diferente. Eu acabei de defender o meu doutorado e, como parte importante da ciência, precisamos publicar os nossos resultados para a comunidade científica. Então estou escrevendo os artigos para a publicação.

 

3) A área de Ciências Biológicas, especialmente a área médica, é uma das mais equitativas em termos de participação de mulheres na ciência. Segundo o Elsevier Gender Report 2020, mulheres são maioria nas áreas de Medicina, Imunologia, Neurociências e Bioquímica. No entanto, essa participação é desigual na representação em publicações, citações e lideranças. Como a ciência brasileira pode avançar na representatividade de gênero?

Eu acredito que a ciência brasileira já deu o primeiro passo, a inclusão da licença-maternidade no currículo Lattes foi uma grande conquista para as mães cientistas, as quais sofriam com a redução da produtividade nesse período tão delicado. Entretanto, um grande caminho ainda precisa ser percorrido. As mulheres estão longe de serem representadas nos cargos de liderança e é nítido como ainda precisamos nos provar competentes, a todo tempo, simplesmente por sermos mulheres. Nesse sentido, são necessários mais programas e políticas para que as meninas se sintam representadas e estimuladas a fazer ciência. Assim como as universidades, instituições de pesquisas e agências de fomento precisam implementar políticas afirmativas para igualdade de gênero.

 

4) Você tem o histórico de participar como monitora de cursos de verão na Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto e também já colaborou com iniciativas de divulgação e popularização da ciência. Qual a importância de aproximar o conteúdo científico de outros públicos, e quais os desafios de se fazer isso quando se trabalha diretamente com pesquisa básica?

Não é possível cobrar da sociedade que apoiem e lutem conosco por mais investimento em ciência e tecnologia se essas pessoas não conhecem o nosso trabalho e muito menos sabem o que fazemos diariamente. Por isso, a divulgação científica não é só importante, ela é imprescindível se quisermos que a ciência brasileira cresça. 

Eu não acredito que a pesquisa básica nos limite de alguma forma na hora de divulgar ciência. Eu concordo que nos falta preparo na hora de deixar o nosso “academiquês” de lado e explicar de uma forma mais fácil e clara sobre algum assunto, entretanto, nós temos capacidade de fazer isso. Essa experiência vem com o tempo e nos faz profissionais muito melhores.

 

5) Quais outras mulheres, dentro ou fora da área científica, são inspiração em sua trajetória? E o que você diria para inspirar jovens meninas na ciência?

Eu tenho um orgulho imenso de dizer que TODA a minha trajetória científica foi inspirada por grandes mulheres. Essas mulheres foram minhas professoras. A Profa. Lucilene Gomes Diniz, foi minha professora no ensino médio e me apresentou ao mundo da Biologia. As Profas. Maria Theresa Laguna e Ana Paula Coelho Balbi foram minhas primeiras orientadoras de iniciação científica e me fizeram apaixonar pela Fisiologia Humana. São três mulheres que tem minha admiração e gratidão eternas.

E, para a nova geração de meninas, eu diria que a ciência é um mundo mágico. A história de mudar o mundo é real e acontece em uma bancada de laboratório. Vocês têm espaço e vocês são bem-vindas. E eu espero do fundo do meu coração que vocês possam se encontrar nesse universo, assim como eu me encontrei. E se precisarem de apoio, eu estou aqui, assim como outras mulheres que vieram antes ou virão  depois de mim.

 

mulheres na ciênciaSobre a entrevistada: Natany Garcia Reis

Links: lattes, e-mail, instagram

Natany é biomédica, mestra e doutora em Fisiologia. Além disso, tem uma verdadeira paixão em conversar com mulheres sobre a ciência da gestação e maternidade e trabalha com divulgação científica sobre o tema.

 

(Editoração: Caio M. C. A. de Oliveira, Eduardo Domingos Borges e Fernando Mecca)

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