Com o avanço das inteligências artificiais alimentando sonhos tecnológicos, como carros que dirigem sozinhos ou robôs-serviçais, um bom sistema de localização é uma necessidade a ser estudada. Os sistemas atuais, como o GPS, têm margens de erro relativamente grandes, na casa dos metros. Tentando resolver esse problema, cientistas procuraram inspiração em formigas do deserto da Tunísia conhecidas como Cataglyphis fortis. Enquanto a maioria das formigas retorna para o ninho seguindo feromônios, as C. fortis não têm essa opção: o calor intenso do deserto faz as trilhas de feromônio desaparecerem muito rápido. Ao invés disso, estas formigas combinam contagem de passos, fluxo óptico e a luz solar polarizada para se localizar e conseguir chegar em casa – tudo isso com um diminuto cérebro de poucos milhares de neurônios (para comparação, nós temos cerca de 100 bilhões de neurônios!). Cientistas construíram então um robô com sensores ópticos, contando com 14 pixels de definição – dois deles dedicados a polarizar e analisar a luz solar, e os outros responsáveis por medir o fluxo óptico. Com tecnologias imitando as formigas do deserto, o robô conseguiu achar seu caminho de volta para casa em 100% das vezes, com margem de erro de 6,5 cm. O refinamento dessa tecnologia pode trazer um substituto interessante para ferramentas como o GPS, ou se tornar um complemento importante às formas de localização que já usamos, particularmente aumentando a precisão em curtas e médias distâncias.
Vídeo: O robô produzido utilizando o novo sistema de localização inspirado na biologia das C. fortis. Fonte: Dupeyroux et al., 2019.
Tweet-science: Fernando F. Mecca
Artigo original: Revista Science Robotics (Fev/2019) # AntBot: A six-legged walking robot able to home like desert ants in outdoor environments. Autores: J. Dupeyroux, J. Serres e S. Viollet.
(Editoração: Gabriel Ferreira, Priscila Rothier, André Pessoni e Caio Oliveira)