Alguns estudos em animais, ou pequenos grupos de humanos, vêm apontando para a possibilidade de alterações na microbiota intestinal estarem relacionadas com distúrbios da saúde mental, como a depressão, por exemplo. Um novo estudo com mais de 2000 pessoas de dois países diferentes demonstrou que a presença de dois tipos de bactérias intestinais é reduzida em pacientes depressivos. Comparando sujeitos saudáveis com depressivos na Bélgica e na Holanda, foi possível averiguar que as bactérias Coprococcus e Dialister estão ausentes ou em menor quantidade nos intestinos de depressivos, em comparação com pessoas saudáveis. A diferença se mantém mesmo levando em consideração diversos fatores que afetam a microbiota intestinal, como idade, sexo, ou uso de antidepressivos. Os autores ainda não garantem que essas alterações sejam causa, e não consequência, da depressão, mas os resultados são promissores. Outros grupos já iniciaram pesquisas com suplementos em comprimidos para a microbiota intestinal, e até com transplantes fecais, como possíveis tratamentos contra a depressão. O mecanismo pelo qual a microbiota intestinal e a saúde mental se relacionam também ainda é desconhecido, mas o estudo levantou 56 diferentes compostos importantes para o funcionamento do sistema nervoso que são produzidos ou quebrados pelas bactérias. Entre eles, ressalta-se que as Coprococcus parecem estar relacionadas com a produção de dopamina, um dos principais neurotransmissores relacionados com a depressão.
Tweet-science: Fernando F. Mecca
Artigo original: Revista Nature Microbiology (Fev/2019) # The neuroactive potential of the human gut microbiota in quality of life and depression. M. Valles-Colomer, G. Falony, Y. Darzi, e colaboradores.
(Editoração: Priscila Rothier, Gabriel Ferreira, André Pessoni e Caio Oliveira)