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Antibióticos fortalecem bactérias?

#Ciência et al. (Conteúdos repletos de informações científicas)

Saiba como o mau uso desses medicamentos pode levar a quadros piores de infecção

DESTAQUES:
• Antibióticos são importantes medicamentos no combate a infecções bacterianas;
• O mau uso de antibióticos pode agravar infecções e levar à seleção de bactérias resistentes;
• Só use antibióticos com a devida orientação médica, e nunca suspenda seu uso antes do que foi prescrito, mesmo que se sinta bem!

Durante toda a nossa vida nós criamos relações com diversos seres vivos que estão no ambiente, sejam eles pessoas, animais, plantas, entre outros. Para além destes seres vivos, que conseguimos enxergar facilmente no dia a dia, existe uma infinidade de outros seres vivos bem pequenos que fazem parte do ambiente e até mesmo estão no nosso corpo.

Dentre esses seres pequeninos – os microorganismos – estão as bactérias. Assim como existem diversas espécies de animais, cada um com suas particularidades e características, também existem as várias bactérias cada uma com seu jeito específico. Da mesma forma que os mamíferos compartilham características como, por exemplo, ter uma grande quantidade de células, ter um coração e um cérebro, as bactérias compartilham também algumas características importantes para sua sobrevivência; por exemplo, todas elas são compostas apenas por uma célula. 

As bactérias estabelecem diferentes relações com os seres humanos, algumas benéficas para nossa sobrevivência, mas algumas podem acabar fazendo mal para nossa saúde. Elas não são malvadas! Quem dita as regras é a natureza! É como vemos na televisão a leoa atacando a zebra indefesa, sabe? Não é nada pessoal com a dona Zebra, é só que a leoa não pode ir no açougue comprar uma carne moída. Então acaba sobrando para a dona zebra mesmo. 

antibióticos bactérias
Imagem de leoa caçando de uma zebra. Fonte: Blog mundo animal e vida selvagem, 2017.

Voltando para as bactérias, algumas delas podem se alojar no corpo dos seres humanos e ficar a vontade demais utilizando nossos nutrientes para sua sobrevivência, causando assim desconfortos e doenças no corpo. Graças a diversos estudos de cientistas como Alexander Fleming, Howard Florey e Ernst Chain, agora nós temos remédios contra a ação dessas bactérias abusadas que chegam igual visita indesejada e não vão mais embora. Chamamos esses remédios de antibióticos.

CO primeiro e mais famoso antibiótico identificado foi a Penicilina, um composto produzido por fungos do gênero Penicillium, capaz de impedir o crescimento de bactérias. Mas é preciso estar atento! Cada tipo de bactéria deve ser tratada com um tipo específico de antibiótico, ou então o efeito poderá trazer danos ainda maiores para seu organismo.

Em caso de suspeita de infecção é necessário fazer uma visita ao médico porque ele tem o conhecimento para saber se sua doença é causada por uma infecção bacteriana ou não. Ademais, ele vai saber exatamente qual é o tipo de antibiótico para ser usado no seu tratamento. Por isso, procure seu médico de confiança e siga corretamente o tratamento para uma recuperação rápida e responsável. 

Caso o uso de antibióticos não seja recomendado e acompanhado por um médico, as bactérias podem adquirir algo que é chamado de resistência a antibióticos. Mas calma lá que vou explicar o que isso significa. 

As bactérias se multiplicam por divisão celular: uma bactéria cresce, cresce, e se divide em duas. Ao se multiplicarem, os “filhotes” adquirem as características da célula-mãe, assim como você apresenta características do seu pai e de sua mãe: altura, cor de cabelo, pele e olhos. Essas características são determinadas por informações contidas no seu DNA, mas podem vir acompanhadas de mutações, ou seja, alterações aleatórias do DNA, que ocorrem por erros na cópia dele durante a reprodução. Essas mutações podem ser benéficas ou maléficas. 

Por exemplo, vamos comparar bactérias e antibióticos a zebras e leões, onde a zebra é a bactéria e o leão, o antibiótico. Caso uma zebra nasça com uma alteração onde seus músculos são prejudicados (modificação maléfica), ela certamente não terá muita chance de correr do leão que se aproxima dela, sendo uma presa fácil; assim, a característica de seus músculos fracos não será repassada aos seus filhotes já que ela não irá se reproduzir por ter virado o jantar do leão.

Em outra situação, os músculos de outra zebra apresentam uma performance muito maior do que os músculos das outras zebras (modificação benéfica), sendo uma presa difícil de alcançar; assim, esta zebra musculosa irá se reproduzir, podendo passar essa característica para seus filhotes; essa zebra, no entanto, pode ser “combatida” caso seja perseguida por muitos leões ao mesmo tempo. Todavia, caso um leão muito mais rápido do que a zebra musculosa apareça, ela certamente não terá a mesma vantagem de antes.

Quando um médico ou médica pede, por exemplo, que você use um antibiótico por 7 dias mas no terceiro dia você já se sente bem e para de tomar, você está matando as bactérias fracas, mas não está utilizando a quantidade necessária de antibióticos para ir contra as bactérias mais fortes, o que acaba levando à multiplicação dessas bactérias e permitindo que sua “força” seja passada aos seus filhos. Dessa forma, futuramente os antibióticos normais já não serão mais eficazes, levando a uma onda de infecções ocasionada por essa bactéria resistente.

Falando individualmente, isso levará à necessidade de utilizar outros tipos de antibióticos e/ou de aumentar a dose do medicamento, que também pode aumentar seus efeitos colaterais. Mas ainda mais preocupante é se pensarmos no sentido de população: se muitas pessoas fazem mau uso de antibióticos e muitos tipos de bactérias tornam-se cada vez mais resistentes, precisaremos da produção de novos antibióticos, uma tarefa muito difícil, demorada e cara.

Assim, o uso de antibióticos deve ser recomendado por um médico, sendo o medicamento utilizado pelo tempo necessário que foi prescrito por esse profissional, independente da sua sensação de melhora.. Seja consciente! 

Portanto, o nosso papel é de utilizar esses medicamentos com responsabilidade e espalhar a notícia para geral, sejam nossos amigos ou parentes, de que é importante utilizar sim os remédios porém sempre tendo cuidado e seguindo as recomendações médicas. Contamos com vocês!

 

Colaboração:

Anna Beatriz Costa da Silva

Beatriz Cassiano Michelon

Jakeline de Oliveira Carvalho

Juliano Mendes Gomes Ferreira

Victor Isamu Kuceki Otsuka

 

Referências

Livro “Microbiologia Médica”, de autoria de Murray, P.; Rosenthal, K.; e Pfaller, M., publicado pela editora Guanabara Koogan em 2017. 8a ed.

 

(Editoração: Fernando F. Mecca e Nathália A Khaled)

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