Enterrada por séculos, a cidade foi fundada pelo avô de Tutancâmon e é a maior descoberta da Arqueologia das últimas décadas
Em um comunicado divulgado no dia 8 de abril, uma missão arqueológica anunciou a descoberta de uma “cidade dourada perdida” perto de Luxor, antiga cidade de Tebas, onde fica o lendário Vale dos Reis. Trata-se de uma cidade fundada há mais de 3000 anos, que recebeu o nome de So’oud Atun (Ascensão de Aton). Até agora, a equipe liderada pelo famoso egiptólogo Zahi Hawass, encontrou um distrito administrativo e uma área residencial. Segundo os pesquisadores, o local foi fundado durante o reinado do faraó Amenhotep III, entre 1386 e 1353 a.C., e pode revelar informações inéditas sobre a dinastia de faraós.
A escavação começou em setembro de 2020 e o objetivo inicial da equipe era procurar um templo mortuário de Tutancâmon, perto de Luxor, cidade egípcia que fica perto do Rio Nilo. Porém, após algumas semanas, os pesquisadores acabaram encontrando formações de tijolos em todas as direções. A cidade encontra-se muito bem preservada e com indícios de ter sido deixada às pressas, o que levou vários pesquisadores a chamá-la de “versão egípcia de Pompéia”.
Os arqueólogos encontraram edifícios e objetos bem conservados. Encontraram uma padaria contendo cerâmicas de armazenamento e fornos, assim como jóias, moldes para fabricação de amuletos, potes usados para transportar carne, entre outros utensílios. Um esqueleto humano com uma corda enrolada nos joelhos também chamou a atenção dos arqueólogos. Além da área residencial, também foi identificado um distrito administrativo, os dois setores separados por um muro em formato zig-zag.
Todos esses detalhes contribuíram para os arqueólogos determinarem precisamente o período em que a cidade existiu. Por exemplo, hieróglifos na tampa de vasos de vinhos e outros recipientes revelaram o nome de pessoas e outras informações que comprovam o governo conjunto de Amenhotep III e Akhenaton. Além disso, os arqueólogos encontraram tijolos de barro com o selo de Amenhotep. A descoberta pode ajudar a preencher as lacunas da história de Tutancâmon.
Segundo as informações históricas trazidas pela revista Super Interessante, Amenhothep IV reinou junto com seu pai, Amenhothep III, até o fim de sua vida. Porém, após a morte do pai, Amenhothep IV decidiu revolucionar a forma de governo, rompendo com muitas tradições do governo do antigo faraó. Ele iniciou, por exemplo, muitas mudanças na cultura, arte e, principalmente, na religião, adotando como obrigatório apenas a adoração ao deus sol Aton (que dá nome à cidade). Amenhotep IV também mudou seu nome para Akhenaton, que significa “devoto a Aton”. Depois disso, Akhenaton e sua esposa, Nefertiti, também mudaram a residência real de Tebas para a cidade de Amarna, 400 quilômetros ao norte da antiga capital. E então foi lá que nasceu Tutancâmon, filho de Akhenaton.
Detalhe dos artefatos encontrados na cidade, entre eles jóias e cerâmicas. Fonte: Fadel Dawood / Getty Images
Até hoje, os pesquisadores ainda não sabem explicar o que motivou a mudança de cidade, mas a descoberta da cidade perdida pode revelar novas pistas para essa história, incluindo inscrições em So’oud Atun que datam de 1337 a.C., apenas um ano antes de a família se estabelecer em Amarna. Os pesquisadores consideram a hipótese que, após a morte de Akhenaton, a cidade tenha sido reocupada por seu filho, Tutancâmon. Ele foi responsável por desfazer as alterações feitas pelo pai, incluindo as mudanças na arte e religião. Ay, o sucessor de Tutancâmon, também parece ter ocupado So’oud Atun.
Vasos de cerâmica encontrados no local da escavação. Fonte: Fadel Dawood / Getty Images
Nesse contexto, os especialistas, como a professora da Universidade John Hopkins, Betsy Brian, já afirmam que a cidade é a segunda maior descoberta arqueológica desde a tumba de Tutancâmon, que aconteceu na década de 1920, e que ajudou a desvendar muitos mistérios da história do Egito.
News: Jéssica Soares
Fontes e mais informações sobre o tema:
Matéria no site da revista Super Interessante, intitulada “Arqueólogos desenterram cidade perdida de 3 mil anos no Egito”, publicada em 12/04/21.
https://super.abril.com.br/historia/arqueologos-desenterram-cidade-perdida-de-3-mil-anos-no-egito/
Matéria no site CNN Brasil, intitulada “Escondida por séculos, grande cidade faraônica é descoberta no Egito; veja fotos”, publicada em 10/04/21.
https://www.cnnbrasil.com.br/internacional/2021/04/10/escondida-por-seculos-grande-cidade-faraonica-e-descoberta-no-egito-veja-fotos
(Editoração: André Pessoni)