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A percepção ambiental como ferramenta para o entendimento das relações humano-natureza
DESTAQUES: • O processo mental de representação do espaço acontece por meio de mecanismos perceptivos e cognitivos; • As percepções guiam nossas ações e modos de viver; • A compreensão das diferentes representações deve ser a base da busca de negociação e solução de problemas ambientais. |
Estamos em constante contato com o meio, seja ele natural ou não. Assim, para agir efetivamente em um espaço é necessária uma representação mental do mesmo. Os sentidos são parte necessária e fundamental nesse processo: sensações geram percepções que, por sua vez, geram imagens mentais.
Esse processo mental acontece por meio de mecanismos perceptivos – os sentidos – e cognitivos, como necessidades, conhecimentos prévios, valores, julgamentos e expectativas. Estes são únicos de cada indivíduo, fortemente relacionados com seu percurso cultural e sua história de vida. Além disso, o que selecionamos desse processo e que relações espaciais escolhemos dependem tanto do espaço quanto de sua função para quem o percebe. Desse modo, quanto maior a familiaridade com o espaço em questão, maior o domínio de seus elementos.
Desse modo, a relação entre o espaço e o observador não é estática. Por exemplo, o espaço urbano não é apenas um “objeto percebido”, pode ser também considerado uma construção coletiva em que o sujeito que o vivencia deixa suas marcas nele. Assim, as ações tomadas pelos indivíduos podem modificar o ambiente em que vivem e este, por sua vez, será novamente objeto de percepções, proporcionando uma relação dialética entre sujeito e ambiente. Para esse fenômeno perceptivo multidimensional entre sujeito e ambiente – seja ele natural ou não – damos o nome de Percepção Ambiental (PA).
As representações mentais do meio externo podem ser entendidas como a mediação desse processo, intermediando a percepção e ação, uma vez que representações elucidam as informações sobre o mundo. Dessa forma, a partir dessas representações do meio ambiente podemos compreender como ele é percebido e como os conceitos científicos foram aprendidos e internalizados pelas pessoas que o percebem.
Assim, o processo e a possibilidade denominados Percepção Ambiental e suas representações mostram-se um caminho para a compreensão dos laços afetivos e cognitivos entre pessoas e ambientes naturais, revelando assim atitudes, comportamentos e experiências ambientais vivenciadas pelo indivíduo, possibilitando também o entendimento da formação da identidade pessoal e grupal.
Em síntese, ao se estudar as relações pessoa-ambiente é possível identificar problemas ambientais, o comprometimento e necessidades de diferentes atores sociais, além de proporcionar informações acerca do conhecimento e saberes de comunidades. Mais do que uma ferramenta para o entendimento da relação sujeito-ambiente, o levantamento das percepções e suas representações podem nos auxiliar também em trabalhos de Educação Ambiental servindo como um diagnóstico do local; e na gestão de Unidades de Conservação e formulação de Políticas Públicas Ambientais, uma vez que conhecer as representações que as comunidades têm do meio facilita a adequação dos programas à essas comunidades.
Colaboração: Laura Detore Develey sobre a autora
Laura é bacharela e licenciada em Biologia pela Universidade de São Paulo (USP). Encantou-se pelo tema Percepção Ambiental e pelas particularidades e peculiaridades da relação humano-natureza. É educadora ambiental e atleta nas horas vagas.
Referências:
Artigo científico intitulado “A Educação Ambiental e a percepção fenomenológica, através de mapas mentais”, publicado na Revista Eletrônica do Mestrado em Educação Ambiental em 2012, de autoria de Oliveira, N.
Artigo científico intitulado “A percepção ambiental como ferramenta de propostas educativas e de políticas ambientais” publicado na revista ANAP Brasil Revista Científica em 2008, de autoria Oliveira, K. e Corona, H.
Artigo científico intitulado “A percepção ambiental como instrumento de apoio na gestão e na formulação de políticas públicas ambientais”, publicado na revista Saúde e sociedade em 2012 de autoria de Rodrigues, M., Malheiros, T., Fernandes, V. e colaboradores.
Artigo científico intitulado “A percepção ambiental e educação ambiental: uma reflexão sobre as relações interpessoais e ambientais no espaço urbano”, publicado na revista Olhares & Trilhas em 2005, de autoria de Mellazzo, G.
Artigo científico intitulado “Janelas para a percepção infantil de ambientes naturais”, publicado na revista Psicologia em Estudo em 2013, de autoria de Profice, C., Pinheiro, J., Fandi, A. e colaboradores.
Artigo científico intitulado “Notas sobre fenomenologia, percepção e educação ambiental” publicado na Revista Sinapse Ambiental em 2009 de autoria de Ribeiro, W., Lobato, W. e Liberato, R.
Artigo científico intitulado “Percepção ambiental de crianças e pré-adolescentes em vulnerabilidade social para projetos de educação ambiental” publicado na revista Ciência & Educação em 2010, de autoria de Pedrini, A., Costa, É. e Ghilardi, N.
Artigo científico intitulado “Percepção ambiental e dinâmica geoecológica: premissas para o planejamento e gestão ambiental”, publicado na revista Sociedade & Natureza em 2014, de autoria Paula, E., da Silva, E. e Gorayeb, A.
Artigo científico intitulado “Percepção ambiental em unidades de conservação: experiência com diferentes grupos etários no Parque Estadual da Serra do Rola Moça, MG”, publicado na revista Encontro de Extensão da UFMG em 2004, de autoria Jacobi, C., Fleury, L. e Rocha, A.
Artigo científico intitulado “Structures of mental spaces: How people think about space” publicado na revista Environment and behavior em 2003, de autoria de Tversky, B.
Artigo científico intitulado “O mal-estar do representacionismo: sete dores de cabeça da Ciência Cognitiva” publicado na revista Encontros com as Ciências Cognitivas em 2004, de autoria de Haselager, W.
Livro “Métodos de pesquisa nos estudos pessoa-ambiente”, de autoria de Guntert, I. e Colas, C., publicado pela editora Casa do Psicólogo em 2008.
Livro: “Percepção Ambiental: A Experiência Brasileira”, de autoria de Del Rio, V. e Oliveira, L., publicado pela editora UFSCar em 1996.
Trabalho de Conclusão de Curso (Especialização) defendido na Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Medianeira, no ano de 2014, intitulado “A percepção ambiental dos alunos de uma escola em Barueri – SP, sobre a criação de aves silvestres.”, de autoria de Silva, L.
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(Editoração: Fernando F. Mecca e Loren Pereira)