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Projeto Sirius, a fonte de luz síncroton brasileira

Acelerador de partículas brasileiro auxilia no desenvolvimento de pesquisas

Destaques:
– Projeto Sirius possibilita o desenvolvimento de pesquisas com luz síncroton no Brasil;
– Projeto Sirius atua no desenvolvimento de diversas áreas, como agrícola, saúde e meio ambiente;
– Acelerador de partículas favorece o desenvolvimento da ciência no Brasil.

O que é?

Projeto Sirius é o nome dado à iniciativa cujo cerne consiste em uma grande máquina aceleradora de partículas, com  uma fonte de luz síncroton – um tipo de onda eletromagnética dentro de uma faixa ampla do espectro eletromagnético – estável de última geração (a mais sofisticada no mundo), projetada para ter o maior brilho de sua classe energética. É formado por um acelerador de elétrons com energia de 3 GeV (giga eletron-volts) e com 318,4 metros de circunferência. 

Vista externa de uma das extensões (ao fundo no imagem) laboratoriais do projeto Sirius. Imagem: Francisco Pereira Alves Neto

De infraestrutura avançada, suas operações acontecem 24 horas por dia, de modo ininterrupto (salvo ocasiões específicas). Os estudos com luz síncroton são multidisciplinares, o que significa que diversas áreas do conhecimento são beneficiadas, por exemplo:

  • Agricultura: realização de análises avançadas sobre a composição do solo; desenvolvimento de fertilizantes mais sofisticados, de menor custo e mais sustentáveis; estudos sobre a composição nutricional de espécies variadas de cultivo comercial.
  • Saúde: mapeamento da dinâmica bioquímica de estruturas dos seres vivos, permitindo que novas aparelhagens e/ou medicamentos sejam mais eficientes para o combate a múltiplas doenças. 
  • Meio ambiente: obtenção de novas tecnologias que permitam a exploração mais sustentável de combustíveis fósseis, bem como produção tecnológica inovadora de combustíveis sustentáveis, como a baseada em energia solar. 

Para a obtenção de luz ou radiação síncroton é necessário que partículas eletricamente carregadas sejam aceleradas a velocidades próximas à velocidade da luz (aproximadamente 300 000 km/s) e que suas respectivas trajetórias sejam desviadas por campos magnéticos.

 

Entrada de visitantes para as instalações do Projeto Sirius. Imagem: Francisco Pereira Alves Neto.

Por que o nome Sirius?

Em referência à estrela homônima mais brilhante do céu noturno da constelação de Canis Major, que pode ser observada de qualquer lugar da Terra. A analogia ao Projeto Sirius é pelo fato de que a luz síncroton é a mais brilhante em energia e construção.

Fachada das instalações do Projeto Sirius. Imagem: Francisco Pereira Alves Neto.

Onde fica?

O Projeto Sirius é vinculado diretamente ao Laboratório Nacional de Luz Síncroton (LNLS), o qual é apenas um dos laboratórios que faz parte do Centro Nacional de Pesquisas em Energia e Materiais (CNPEM), uma Organização Social que responde diretamente ao Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovação e Comunicações (MCTIC). As instalações estão no Polo II de Alta Tecnologia da cidade de Campinas, no interior de São Paulo, próximo à Universidade Estadual de Campinas. Qualquer pesquisador do mundo pode solicitar o uso do acelerador de elétrons, bastando entrar em contato com o LNLS, que por sua vez pode cobrir muitas das despesas de alimentação, pesquisa, transporte e acomodação da pessoa ou da equipe interessada.

 

Quanto custou?

De acordo com as informações do próprio CNPEM e do jornal Folha de São Paulo, o orçamento do Projeto Sirius, distribuído entre 2012 e 2020, é de 1,3 bilhão de reais, de um total de 1,8 bilhão de reais previstos. Para efeitos de comparação com a construção de estágios para a Copa do Mundo de Futebol de 2014 no Brasil, apenas o estádio de futebol Mané Garrincha, em Brasília, teve um custo de 1,5 bilhão de reais para ser construído –  isso sem considerar o orçamento dos demais 11 estádios que foram construídos e/ou reformados para o evento.

 

Qual é o papel do Brasil na produção de luz síncroton?

Além do fato de que diversas áreas usufruem do Projeto Sirius, a construção das instalações foi feita quase inteiramente com tecnologia nacional. A instalação do Sirius e a sua manutenção constante favorece o desenvolvimento nacional de conhecimento qualificado, colocando estrategicamente o Brasil na vanguarda da produção científica-tecnológica de luz síncroton. Desse modo, o Brasil tem a capacidade de liderar novas investigações científicas que, por sua vez, terão o potencial de criação de novas tecnologias que podem fazer a diferença na formação de um futuro mais sustentável, de uma sociedade mais participativa e de uma economia nacional frutífera e sem fronteiras.

Vista interna do Projeto Sirius, ainda em fase de finalização das instalações (em 2018). Imagem: Francisco Pereira Alves Neto.

Para mais informações

1) Sociedade Brasileira de Física. Projeto Sirius inaugura primeira etapa. http://www.sbfisica.org.br/v1/home/index.php/pt/acontece/815-projeto-sirius-inaugura-primeira-etapa Acesso em: 23 mar. 2020

2) Vídeo do canal da Pesquisa Fapesp no Youtube sobre o Sirius. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=lbxOSSUkgv0 Acesso em: 23 mar. 2020

3) Podcast sobre o Projeto Sirius do Lúmina podcast, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Disponível em: https://www.ufrgs.https://www.ufrgs.br/luminapodcasts/site/episodio/t10e31-projeto-siriusbr/luminapodcasts/site/episodio/t10e31-projeto-sirius Acesso em: 23 mar. 2020

Colaboração: Francisco Pereira Alves Neto sobre o autor

Fontes consultadas:

Projeto Sirius (Website);

– Laboratório Nacional de Luz Síncroton (LNLS) (Link);

– Centro Nacional de Pesquisas em Energia e Materiais (CNPEM) (Link);

– MORAES, FT. Prédio do bilionário acelerador de partícula de Campinas é entregue (Reportagem Folha de S. Paulo);

– BENITES, A. Estádio mais caro da Copa abriga secretarias para justificar investimento (Reportagem El País).

(Editoração: Beatriz Spinelli, Priscila Rothier e Caio Oliveira)

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