#Ciência et al. (Especiais temáticos repletos de informações científicas)
Preparando para a quinta década de existência.
DESTAQUES: – Assembleia Geral das Nações Unidas revisou estratégias para acelerar as ações em torno de acabar com a AIDS até 2030; – As Profilaxias Pré e Pós-Exposição ao HIV (PrEP e PEP) são importantes ferramentas para atingir esse objetivo; – Enfrentamento das desigualdades, investimento em saúde global, cumprimento de metas e esforço em ações coletivas são consideradas as ações necessárias, por parte dos governos, para erradicar a doença. |
Sabe-se que os primeiros casos descobertos do Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) foram relatados nos Estados Unidos em junho de 1981. Desse modo, acabamos de atingir a marca do 41º aniversário da descrição do HIV, o causador da Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS).
Ao longo desse período, houve muitos avanços no combate ao vírus. Nesse sentido, a Assembleia Geral das Nações Unidas, em reunião neste mês de junho, revisou a estratégia que havia sido implementada no último ano para acelerar as ações em torno de acabar com a AIDS até 2030, ou seja, evitar ingressar em sua quinta década.
Parte dessa preocupação ainda é em decorrência do HIV continuar prosseguindo infectando muito mais pessoas do que era esperado pela Organização das Nações Unidas (ONU): não dá para descuidar do vírus! A África, por exemplo, ainda segue sendo o continente com a maior parcela de pessoas soropositivas (cerca de 25,3 milhões de infectados), bem como de mortes relacionadas à Aids. Seguido do continente africano, temos a Ásia como o mais afetado, isso de acordo com dados de 2019. Outro ponto de preocupação, adveio com a crise sanitária provocada pela pandemia da COVID-19. Ela fez com que em torno de 40 países registrassem queda da testagem do HIV, sendo este um ponto importante para controle da infecção pelo vírus e, consequentemente, da doença.
Não restam dúvidas de que o grande objetivo é encontrar a cura da AIDS. Contudo, para atingir tal feito, são necessários investimentos em diagnóstico em massa, tratamento de qualidade, desenvolvimento de uma vacina, como também pelo fim da cadeia de transmissão do HIV.
Atualmente, umas das ferramentas que podem ser citadas como tendo um impacto significativo na redução da cadeia de transmissão do vírus é o uso de PrEP e PEP. Mas o que vem a ser essas duas siglas? A PrEP é a Profilaxia Pré-Exposição ao HIV. É um tipo de coquetel que se toma todo dia, sem exposição anterior e no intuito de não pegar o vírus. Aqui podemos fazer uma analogia com a pílula de anticoncepcional, a qual a mulher toma para evitar uma gravidez. Já a PEP é a Profilaxia Pós-Exposição ao HIV. Neste caso, estamos falando de após ter tido contato sexual (ou outras formas de exposição a fluídos contaminados) com uma pessoa soropositiva. Então, a pessoa toma o coquetel durante um mês, no intuito de não pegar o vírus, o qual foi exposto. De volta à analogia, seria semelhante ao efeito da “pílula do dia seguinte” para a evitar gravidez.
Assim, quando utilizamos as ferramentas de PrEP e PEP, realizamos tratamento para não ter o HIV, e evitamos a exposição ao vírus (principalmente com uso de preservativos), consequentemente evitamos casos novos. Vale lembrar que PrEP e PEP são disponíveis na rede pública de saúde pelo Sistema Único de Saúde (SUS) brasileiro, sendo de acesso a todos cidadãos.
Entre os pontos levantados como fundamentais pela Assembleia Geral das Nações Unidas para acabar com a AIDS, vencer a COVID-19, e impedir futuras pandemias por agentes infecciosos, está a garantia de acesso global a tecnologias de saúde que salvam vidas. Somado a isso, a agência da ONU ressalta a necessidade de trabalhar em conjunto para acelerar ações em torno do progresso da implementação de algumas estratégias. São elas: enfrentamento das desigualdades; investimento em saúde global; cumprimento de metas, e por fim, esforço em ação coletiva. A figura abaixo sintetiza os onze pilares da Agenda 2030 para os objetivos do desenvolvimento sustentável, importantes na resposta à Epidemia de HIV/AIDS.
Pois bem, acredita-se que seja sim possível acabar com a epidemia do HIV antes de 2030. Todavia, isso exigirá um certo esforço no fortalecimento das ações e da solidariedade em todo mundo.
Colaboração:
Loren Queli Pereira sobre a autora
Loren é biomédica, mestra em Ciências pela Universidade Federal do Triângulo Mineiro – UFTM, em Uberaba-MG. Atualmente cursa doutorado pelo Programa de Pós-graduação em Medicina Tropical e Infectologia também pela UFTM. Loren é engajada com pesquisa e produção de conteúdo para divulgação científica, além de integrar a equipe de site e edição de textos da Ilha do Conhecimento.
Referências:
Artigo científico intitulado “Intersecting Pandemics of HIV and SARS-CoV-2: Commentary on the Special Issue”, publicado na revista Current HIV/AIDS reports em 2022, de autoria de Vermund, S.
Artigo científico intitulado “Knowledge of PEP and PrEP among people living with HIV/aids in Brazil.”, publicado na revista BMC Public Health em 2021, de autoria de Souza, L., Elias, H., Fernandes, N. e colaboradores.
Artigo científico intitulado “Reflections on 40 Years of AIDS” na revista Emerging Infection Disease em 2021, de autoria de Cock, K., e Jaffe, H.
Artigo científico intitulado “VIH/sida. VIH et Covid-19: deux pandémies virales en interaction”, publicado na revista Nouveautés en Médecine em 2021, de autoria de Tshikung, O., e Calmy, A.
Matéria no site Nações Unidas Brasil intitulada “Mundo deve acelerar esforços para acabar com a AIDS até 2030”, publicada em 13/06/2022. (Website)
Matéria no site R7 intitulada “Pandemia afasta ONU da meta de acabar com a Aids até 2030”, publicada em 01/12/2021. (Website)
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(Editoração: Fernando F. Mecca e Loren Pereira)