Entender o comportamento de animais extintos é uma missão quase impossível para os paleontólogos. Embora existam estudos que reconstroem estruturas relacionadas a características comportamentais, como cérebros e músculos, evidências diretas são escassas. Como nossas únicas janelas para o passado da vida são os fósseis, que geralmente preservam apenas partes duras – como ossos e conchas – dos organismos fossilizados, informações relacionadas aos hábitos de vida são preservadas apenas em condições e casos muito especiais. Um desses fósseis bastante raros foi encontrado nos Estados Unidos, um cardume fossilizado de cerca de 50 milhões de anos dá informações diretas sobre o comportamento desta espécie de peixes extinta. A laje, contendo os fósseis de pelo menos 259 peixes da espécie Erismatopterus levatus, foi encontrada na Formação Green River, no Arizona, sudoeste dos EUA. O exemplar mostra os peixes organizados em uma estrutura alongada, com maior concentração no centro do cardume e menor quantidade de indivíduos nas bordas. Os pesquisadores também mapearam os movimentos de peixes viventes e realizaram simulações computacionais a fim de entender o tipo de formação realizada pelos indivíduos desta espécie extinta. Os resultados sugerem maior semelhança com o comportamento de outros animais que vivem hoje nos rios rochosos dos EUA, nos quais a maior densidade de indivíduos no centro do cardume protege também larvas e filhotes dos predadores.
Figura: Cardume de peixes extintos de 50 milhões de anos encontrado no Arizona, EUA. Imagem: Mizumoto et al. 2019.
Tweet-science: Gabriel S. Ferreira
Artigo original: Revista Proceedings of the Royal Society B (Mai/2019) # Inferring collective behaviour from fossilized fish shoal. Autores: N. Mizumoto, S. Miyata e S. C. Pratt.
(Editoração: Fernando F. Mecca, André Pessoni e Caio Oliveira)