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Instabilidade climática prenuncia um verão de 6 meses em 2100 que pode alterar drasticamente o nosso modo de vida

Estudo aponta que aquecimento global e as mudanças climáticas decorrentes da ação humana representam ameaça iminente à humanidade.

 

O efeito estufa é responsável por manter a temperatura da terra propícia para a vida. Desde a revolução industrial, a emissão de poluentes tem aumentado consideravelmente e isso levou ao chamado aquecimento global, que consiste numa intensificação do efeito estufa. O aquecimento global tem tido consequências ameaçadoras para a humanidade, uma vez que causa alterações nos ciclos naturais do planeta. Essas alterações estão diretamente relacionadas às mudanças climáticas, que têm, por sua vez, influência negativa sobre nossos modos de produção, principalmente em relação a atividades agropecuárias. Nesse contexto assustador, um grupo de pesquisadores chinês publicou em fevereiro deste ano um estudo que aponta um futuro de implicações negativas nas 4 estações do ano.

Visando inicialmente entender como o início de novas estações mudava de ano para ano, os cientistas utilizaram dados históricos climáticos de um período de 60 anos (1952 a 2011) no hemisfério norte e observaram que, nesse período, o verão aumentou  seu tempo de duração, enquanto as demais estações diminuíram. Também observaram que a primavera e o verão começaram cada vez mais cedo, enquanto o outono e inverno iniciaram cada vez mais tarde. Os dados mostraram que o verão prolongou-se de 78 para 95 dias, enquanto, o inverno encolheu de 76 para 73 dias. As estações de transição também diminuíram, com a primavera encurtando de 124 para 115 dias e o outono de 87 para 82 dias. Além disso, as temperaturas médias do verão e do inverno tornaram-se mais quentes. Os autores do trabalho atribuem essas mudanças em comprimentos e inícios das estações à intensificação do efeito estufa.

 

Imagem de chaminés de indústrias eliminando nuvens de gás branco no céu.
Gases estufa sendo liberados na produção industrial. Fonte: Wikimedia Commons (Wikipedia) / Reprodução Época Negócios.

 

Com base nesses dados, os pesquisadores ainda criaram modelos computacionais que prediziam as mudanças sazonais, ou seja, nas estações até o ano de 2100. Dentre as predições, a mais alarmante foi aquela onde a primavera e o verão começarão um mês antes em 2100 do que em 2011, enquanto o outono e o inverno começarão meio mês depois. Isso significa que o hemisfério Norte irá passar metade do ano no verão, com temperaturas cada vez maiores. Essa é a predição climática futura num cenário onde não sejam feitos esforços efetivos para mitigar o aquecimento global.

Os pesquisadores reforçam que mesmo se a taxa de aquecimento atual não acelerar, as mudanças nas estações ainda serão exacerbadas no futuro como consequência do nosso modo de produção atual. A mudança do relógio sazonal implica em estações agrícolas perturbadas, elevação do nível do mar, derretimento de geleiras, extinção em massa de espécies, desertificação de biomas e maior intensidade de eventos climáticos extremos, representando grandes riscos para a humanidade.

 

Mapas do mundo mostrando países em cores diferentes de acordo com a temperatura.
As distribuições espaciais das temperaturas na extensão de quatro estações durante 1952-2011. Distribuições sazonais de primavera (a, e), verão (b, f), outono (c, g) e inverno (d, h). A imagem indica que quanto mais vermelho, maior a temperatura. Fonte: Wang, 2021.

 

Num esforço mundial liderado pela ONU  para conter essas mudanças climáticas, o Acordo de Paris foi firmado por 195 países em 2015. De modo geral, esse tratado internacional afirma uma promessa na diminuição da emissão de gases estufa, com o objetivo principal de manter o aquecimento global no nível tolerável entre 1,5 e 2°C. Tais medidas e seu cumprimento representam esperança para a humanidade. Porém, é importante lembrar que essas medidas apenas diminuirão os impactos do aquecimento global e, como ressaltam os pesquisadores chineses, ainda veremos consequências de nosso modo de produção, tornando imediata a necessidade de conter as mudanças climáticas nos voltando para um modelo de desenvolvimento sustentável. 

 

News: Iasmin Taveira

sobre a autora

Fontes e mais informações sobre o tema:

Artigo científico intitulado “Changing Lengths of the Four Seasons by Global Warming”, publicado na revista Geophysical Research Letters em 2021, de autoria de  Wang e colaboradores.
https://agupubs.onlinelibrary.wiley.com/doi/abs/10.1029/2020GL091753

Matéria no site SoCientifica, intitulada “Em 20110 o verão durará 6 meses no hemisfério Norte”, publicada em 13/03/2021.
https://socientifica.com.br/verao-mais-longo-no-hemisferio-norte/

Matéria no site Live Science, intitulada “6 months of summer could be the norm by 2100, study finds”, publicada em 11/03/2021.
https://www.livescience.com/six-month-long-summers-2100.html

Artigo no site Wikipédia, acesso em 18/03/2021.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Acordo_de_Paris_(2015)

 

(Editoração: André Pessoni)

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