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IPCC: relatório final resume consenso científico sobre aquecimento global e alerta para ações urgentes

#Farol de Notícias (Atualidades científicas que foram destaque na semana)

Painel da ONU divulga relatório resumido que mostra um resumo final do consenso científico dos últimos anos sobre o aquecimento do planeta e alerta que o ritmo atual das ações globais é ‘insuficiente’

O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas da ONU, IPCC, divulgou no dia 20 de março de 2023 um novo relatório contendo um resumo do consenso científico dos últimos anos sobre o aquecimento do planeta. Nesse relatório não há novos estudos, mas revela que os cientistas ainda têm esperança de garantir um futuro habitável na Terra se tomarmos medidas urgentes agora. Apesar disso, o IPCC relembra que esse desafio continua cada vez maior.

Para que o aquecimento do planeta não ultrapasse o limite de 1,5 graus até o fim do século precisamos reduzir as emissões globais pela metade até  2030 e em até 99% até 2050. Entre as principais conclusões, o relatório também ressalta que existem soluções viáveis e eficazes para nos adaptarmos às mudanças climáticas e reduzirmos de forma global as emissões de poluentes.

O atual relatório é uma síntese do último ciclo de avaliações sobre o aquecimento global provocado pelo homem, realizado pelo IPCC. O próximo relatório só deve ser publicado no final desta década. Esse painel é reconhecido mundialmente como a fonte mais confiável de informações sobre as mudanças do clima. “Este Relatório Síntese ressalta a urgência de tomar medidas mais ambiciosas e mostra que, se agirmos agora, ainda podemos garantir um futuro sustentável habitável para todos”, disse o presidente do IPCC, Hoesung Lee.

aquecimento global
Figura 1. O uso de combustíveis fósseis é o principal fator que leva ao aquecimento global. Fonte: freepik.com

Entre suas principais conclusões, o relatório, que tem 93 autores, demonstra que  ainda há esperança para a ação global frente a estabilização da emissão de gases de efeito estufa na atmosfera. Também pontua que existem várias opções viáveis e eficazes para nos adaptarmos às mudanças climáticas e reduzirmos globalmente as emissões de poluentes, incluindo energia solar e eólica, eletrificação de sistemas urbanos, infraestrutura urbana verde, redução do desperdício, perda de alimentos e etc. Dentre as principais conclusões do relatório, estão:

  • O uso de combustíveis fósseis está impulsionando de forma esmagadora o aquecimento global;
  • A temperatura global da superfície aumentou mais rapidamente desde 1970 do que em qualquer outro período de 50 anos durante os últimos 2000 anos;
  • Para manter o aquecimento em 1,5°C em relação aos níveis pré-industriais, as emissões de gases de efeito estufa devem ser reduzidas de forma profunda, rápida e sustentável em todos os setores;
  • Para chegar lá, segundo os atuais cálculos do IPCC, precisamos reduzir as emissões globais pela metade até 2030 [48%] e até 99% até 2050;
  • Os atuais níveis de financiamento para o clima são altamente inadequados, e ainda pesadamente ofuscados pelos fluxos financeiros para as energias fósseis;
  • A mudança climática reduziu a segurança alimentar e afetou a segurança da água, e os eventos de calor extremo estão aumentando as taxas de mortalidade e doenças;
  • Apesar da crescente conscientização e criação de políticas, o planejamento e a implementação da adaptação estão ficando aquém do necessário;
  • Para que o nosso mundo seja sustentável e igualitário, precisamos tomar as medidas certas agora;
  • Um futuro resiliente e habitável ainda está disponível para nós, mas as ações tomadas nesta década para produzir cortes de emissões profundos, rápidos e sustentados representam uma janela rapidamente estreita para a humanidade limitar o aquecimento a 1,5°C com mínimo ou nenhum excesso.

 

Na última conferência do clima da ONU, a COP 27, o documento final assinado pelos mais de 200 países-membros contemplou pela primeira vez na história uma resolução sobre um tipo de financiamento climático a países vulneráveis à crise do clima. Chamado de perdas e danos, esse fundo era uma das questões-chave da cúpula do ano passado e uma demanda antiga de países em desenvolvimento. Apesar de essa ser uma grande conquista apontada por especialistas, a COP 27 de Sharm El-Sheikh também foi tida como muito insuficiente em outros aspectos. 

Por isso, diversas reivindicações permanecem em aberto e devem ser discutidas até a próxima cúpula da ONU este ano, em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos. Assim, o relatório síntese terá um papel fundamental na cúpula, já que esta será a primeira conferência a analisar os esforços globais para reduzir as emissões desde o acordo de Paris, e incluirá petições de países mais pobres que pedem por mais ajuda. “A constatação do relatório é de que o mundo tem muito mais investimentos indo pro problema, para financiar formas de produzir energia com combustíveis sujos do que investimentos em solucionar o problema, em mitigação e adaptação”, diz Marcio Astrini, secretário executivo do Observatório do Clima.

 

Colaboração:

Jéssica de Moura Soares sobre a autora

Jéssica de Moura Soares é bacharel em Biotecnologia pela Universidade Federal do Ceará (UFC), Mestre e agora doutoranda em Bioquímica pela Universidade de São Paulo (USP). Se interessa por iniciativas onde a ciência ajuda a transformar o mundo em um lugar mais sustentável e igualitário. Entusiasta da divulgação científica, acredita que a ciência tem que ser de fácil acesso a todos.

 

Fontes e mais informações sobre o tema:

Matéria no site G1, intitulada “IPCC: ações urgentes contra mudanças climáticas ainda podem garantir ‘futuro habitável’ na Terra” , publicada em 20/03/23. https://g1.globo.com/meio-ambiente/noticia/2023/03/20/ipcc-acoes-urgentes-contra-mudancas-climaticas-ainda-podem-garantir-futuro-habitavel-na-terra.ghtml

Relatório AR6 Synthesis Report, publicado em 20/03/23 no site https://www.ipcc.ch/report/ar6/syr/

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