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Moléculas de colesterol sugerem que Dickinsonia era um animal

Organismos conhecidos como Ediacaranos, que viveram nos oceanos da Terra entre 570 e 541 milhões de anos atrás, intrigam a comunidade científica há mais de 70 anos. Devido às suas formas peculiares, alguns com formato de pena, como Charniodiscus, outros achatados, como Dickinsonia, os paleontólogos não apresentavam consenso quanto à natureza desses organismos. Considerados por vezes líquens, algas ou até formas de vida totalmente diferentes que desapareceram após este período, os Ediacaranos — que recebem seu nome em referência às Colinas de Ediacara, na Austrália, onde primeiramente foram encontrados — ainda são uma incógnita na história evolutiva da vida na Terra. Análises de uma fina película preservada em alguns fósseis encontrados no Mar Branco, noroeste da Rússia, apontaram que ao menos alguns destes organismos, como Beltanelliformis, poderiam ser cianobactérias. Em um novo estudo, análises geoquímicas de fósseis de 550 milhões de anos revelam a presença de colesterol, sugerindo que Dickinsonia foi um dos mais antigos animais a habitar o planeta. Essas moléculas que fazem parte da família dos colesteroides estão presentes exclusivamente em células animais, não sendo encontradas em líquens, algas ou qualquer outro tipo de organismo. Esta evidência isoladamente não seria suficiente  para sustentar a conclusão proposta. Porém, em conjunto com pistas de que alguns Ediacaranos eram capazes de se movimentar e outros estudos sobre a forma como eles cresciam, as novas evidências geoquímicas sugerem fortemente que Dickinsonia era um animal e, portanto, que esse grupo se originou antes da explosão Cambriano, há aproximadamente 541 milhões de anos, período em que até então se acreditava ter ocorrido o surgimento dos primeiros animais.

Figura: Fóssil de Dickinsonia. Imagem: Ilya Bobrovskiy.

Tweet-science: Gabriel S. Ferreira

sobre o autor

Artigo original: Revista Science (Set/2018) # Ancient steroids establish the Ediacaran fossil Dickinsonia as one of the earliest animals. Autores: I. Bobrovskiy, J.M. Hope, A. Ivantsov e colaboradores.

(Editoração: Fernando Mecca, Priscila Rothier, André Pessoni e Caio Oliveira)

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