Desde os anos 1950, médicos e pesquisadores apontam para o tálamo como a estrutura cerebral responsável pela nossa consciência. Por causa disso, várias tentativas de estimulação dessa estrutura foram realizadas buscando o tratamento de problemas ligados à consciência, porém essas tentativas não obtiveram muito êxito. Neste estudo, pesquisadores estudaram pacientes que sofreram derrames nos quais o tálamo foi afetado. Foram utilizadas técnicas de para verificar com precisão as áreas do cérebro afetadas pelo derrame e também foi realizada avaliação dos níveis de consciência dos pacientes nas 12h seguintes ao derrame. Diferentemente do que se acreditava, ocorreu perda de consciência somente em pacientes com lesões atingindo outras áreas além do tálamo, como o hipotálamo e o tronco cerebral. Isso indica que a neurocircuitaria responsável pela consciência passa pelo tronco cerebral e hipotálamo, mas não pelo tálamo, como se acreditava antes. Os pesquisadores enfatizam que estes dados se referem a um aspecto específico da consciência, chamado vigília. Além da vigília, um outro aspecto da consciência é o da percepção e este sim, apontam os pesquisadores, pode depender do tálamo. Estas novas descobertas podem dar espaço para uma maior compreensão das origens biológicas da nossa consciência, além de criar a oportunidade de novos –e mais funcionais– tratamentos na clínica médica.
Figura: Esquema de um cérebro humano em vista lateral (esq.) e frontal (dir.). Em vermelho, o tálamo; sob ele, em marrom, o tronco cerebral. Imagem: Wikimedia Commons.
Tweet-science: Fernando F. Mecca
Artigo original: Revista Annals of Neurology (Nov/2018) # Thalamic Strokes that Severely Impair Arousal Extend into the Brainstem. Autores: J. Hindman, M. Bowren, J. Bruss, e colaboradores
(Editoração: Gabriela Duarte, Gabriel Ferreira e André Pessoni)