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Oferecendo mais perguntas do que respostas, o autor disseca o conceito de tempo e a sua percepção através das perspectivas de diferentes áreas do conhecimento, além da sua própria experiência
Sobre Categoria: Livro Título: Por que o tempo voa: Uma investigação sobretudo científica Autor: Alan Burdick Ano de publicação: 2020 Editora: Todavia Páginas: 400 |
A palavra “tempo” pode ter muitos significados dependendo do contexto em que está inserida. Por exemplo, pode se referir à situação meteorológica atual de uma determinada área (como está o tempo em São Paulo hoje?), uma contagem que se inicia a partir de um momento (você está grávida há quanto tempo?), a forma como flexionamos o uso das palavras (qual o tempo verbal correto nesta frase?) ou ainda como organizamos a ordem dos acontecimentos (isso ocorreu no passado, ou seja, muito tempo atrás). Da mesma forma, a nossa percepção do tempo – aquele medido em segundos e minutos – parece variar de acordo com as nossas emoções. Quem nunca se queixou de que o tempo parece passar muito mais rapidamente durante as férias? Ou, inversamente, de que a hora do recreio não chegava nunca? Aliás, os anos não pareciam muito mais longos quando éramos crianças? Foram indagações como essas que levaram o autor Alan Burdick a uma jornada de quase 10 anos para tentar compreender melhor algo que está sempre presente nas nossas vidas: o Tempo.
Durante sua investigação, que, como o próprio subtítulo diz, é sobretudo científica, Burdick busca informações com especialistas de três áreas do conhecimento que estudam o tempo em seus diferentes aspectos: a física, a biologia e a psicologia. No entanto, os questionamentos filosóficos sobre o assunto, envoltos pelas experiências pessoais do autor, que acabara de ser pai de gêmeos quando iniciou seus estudos, são o que dão vida às histórias narradas e aos experimentos descritos.
Logo no início, após nos contar sobre o funcionamento dos relógios atômicos usados para determinar a hora ao redor do mundo, Burdick conclui que, apesar da ultra precisão dos equipamentos, a determinação da hora oficial do planeta ainda é feita por cientistas com base em uma média das marcações desses relógios, tornando a medição de certa forma “subjetiva”.
Em seguida, o autor versa sobre o “tempo biológico”, o chamado ciclo circadiano e sua assustadora precisão. Esse “relógio interno” presente nos seres vivos é controlado por sinais bioquímicos internos e sincronizado por estímulos externos, principalmente a luz solar, e faz com que grande parte dos organismos funcionem (até mesmo no nível celular) em um ritmo de aproximadamente vinte e quatro horas. O que nos leva a concluir que nossa percepção do tempo e a forma como o dividimos não são tão arbitrárias assim, afinal.
No restante do livro, Burnick explora o tempo como visto pela psicologia, e relata uma série de experimentos dos quais o autor fez questão de participar. Apesar da controvérsia sobre a replicabilidade de alguns desses testes, as reações do autor aos resultados, muitas vezes surpreendentes, evocam reações universais em relação a maneira como percebemos o tempo no nosso dia-a-dia.
No fim, somos deixados com mais perguntas do que respostas, mas essa odisseia está bem longe de ser uma perda de tempo! O livro é repleto de informações e, por conta da sua abordagem notadamente interdisciplinar, oferece uma ótima oportunidade para os leitores despertarem seu interesse por diferentes campos da ciência. A leitura é agradável, apesar de densa em algumas partes por conta da complexidade do tema, e é indicada para todos que têm curiosidade sobre o assunto, especialmente para aqueles que já são familiares com alguma das áreas abordadas.
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Colaboração: Eduardo Domingos Borges
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(Editoração: Beatriz Spinelli, Fernando Mecca e Caio Oliveira)