#Ciência et al. (Conteúdos repletos de informações científicas)
Esses termos são sinônimos ou realmente existe diferença entre esses animais?
| DESTAQUES: • Existem muitos casos de palavras diferentes que significam a mesma coisa, como no caso da Tangerina ou Mexerica; • No reino animal muitas vezes falamos popularmente de um animal querendo se referir a outro, como no caso das tartarugas e jabuti ou ao chamar qualquer serpente ou réptil com corpo cilíndrico e sem patas de cobra; • De forma popular nenhuma denominação é errada, mas em termos formais e científicos, as cobras se referem a um grupo de serpentes, da família Elapidae, referente a animais como por exemplo as najas e as cobras-rei. |
A língua portuguesa apresenta uma grande riqueza quando falamos em terminologia, possuindo diferentes nomes para uma mesma coisa, devido principalmente à riqueza de vocabulário e aos regionalismos de língua do nosso país. Por exemplo, se você gosta de comer tangerina, como se chama essa fruta no Sudeste, vai gostar também de comer “Bergamota” no Sul (palavra de origem árabe), “Mimosa” ou “Laranja-Cravo” no Nordeste e “Poncã” (palavra de origem japonesa) ou “Mexerica” no Centro-Oeste, por se tratarem de diferentes nomes para uma mesma fruta.
O mesmo acontece quando falamos de animais. Muitas vezes, nomes populares podem parecer sinônimos e causar confusões.
Um dos casos acontece entre o que chamamos de tartaruga e jabuti. Muitas pessoas acreditam se tratar de um mesmo animal, mas as tartarugas são animais que vivem exclusivamente na água e os jabutis impreterivelmente na terra, não necessitando de tantas características hidrodinâmicas, apresentando um casco mais grosso, alto e pesado quando comparados com as tartarugas. Mesmo assim, no dia a dia não existe problema de chamar um jabuti de tartaruga, já que podemos identificar o animal facilmente após a palavra ser dita; mas em termos científicos é importante saber a diferença.
E em relação às cobras? Podemos também chamá-las de serpentes?
Essa é uma resposta clássica da biologia: DEPENDE. Mas porque não existe uma resposta certa?
Por um lado, há a definição formal de SERPENTES: répteis que não apresentam patas (rastejantes), possuem escamas por todo o corpo, estômago com grande capacidade de dilatação, mandíbulas que podem abrir até 180 graus e, em alguns casos, produzem peçonha.
Dentro desse grupo de animais há a família Elapidae, tendo como alguns representantes as serpentes do gênero Naja e a Cobra-Rei (espécie Ophiophagus hannah), que também são conhecidas como cobras-capelo. Todas essas são serpentes que dilatam a região do pescoço para parecerem maiores, são peçonhentas e comumente encontradas nos continentes africano e asiático. São essas as serpentes que, normalmente, são chamadas de COBRAS; entretanto essa é uma especificação informal.
Sendo assim, em revistas científicas e em artigos, você verá o uso de “serpente” para se referir a qualquer animal deste grande grupo, enquanto que em jornais locais e postagens populares, o termo cobra costuma ser mais utilizado, principalmente para esses representantes que dilatam o pescoço.
Ou seja, em níveis informais, COBRA é um termo mais informal, já SERPENTE é o padrão para linguagem técnica.
E COMO CURIOSIDADE
Existem lagartos, das famílias Anguidae e Pygopodidae, por exemplo, que possuem membros reduzidos ou mesmo ausentes, e também Amphisbaenidae, répteis próximos aos lagartos, que também apresentam corpos cilíndricos e ausência de membros.
SENDO ASSIM, NEM TODO RÉPTIL SEM MEMBROS É UMA SERPENTE, MUITO MENOS UMA COBRA!
Colaboração: João Arthur Bernardes S. de Souza
Referências:
Artigo científico intitulado “Acidentes por serpentes peçonhentas do Brasil”, publicado na Revista da Associação Médica Brasileira em 1990, de autoria de Jorge, M.T. e Ribeiro, L.A.
Livro “Animais Peçonhentos”, de autoria de Fonseca, F., publicado pelo Instituto Butantan. São Paulo em 1949.
Livro “A vida dos vertebrados”, de autoria de Pough, F.; Janis, C.; e Heiser, J., publicado pela editora Atheneu Editora. São Paulo em 2008. 4a ed.
Livro “Guia de cobras”, de autoria de Fraga, R. e colaboradores, publicado pela editora INPA. Manaus em 2013, 1a ed.
Matéria no site CANAL AGRO intitulada “Mexerica, tangerina, poncã, bergamota: entenda as diferenças” publicada em 09/03/2023 (https://summitagro.estadao.com.br/noticias-do-campo/mexerica-tangerina-ponca-bergamota-entenda-as-diferencas).
Matéria no site PONTO BIOLOGIA intitulada “Qual a diferença entre jabuti, cágado e tartaruga?” publicada em 14/12/2017 (https://pontobiologia.com.br/diferenca-entre-jabuti-cagado-tartaruga/).
Site do The Reptile Database (http://www.reptile-database.org/).
- Quer ser o próximo autor colaborador do Ilha do Conhecimento? Participe!
- Não perca mais nenhuma postagem: Acompanhe nosso projeto nas redes sociais!
(Editoração: Fernando F. Mecca e Nathália Khaled)