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Por que tomar a dose de reforço e a quarta dose da vacina contra COVID-19? - Ilha do Conhecimento
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Por que tomar a dose de reforço e a quarta dose da vacina contra COVID-19?

#Ao seu alcance (Artigos científicos em linguagem simplificada)

A eficácia de vacinas da COVID-19 contra a variante Omicron (B.1.1.529)

Destaques
● A variante Omicron da COVID-19 alertou autoridades da saúde por causar novo aumento no número de casos da doença;
● Mesmo pessoas com 2 doses de vacinas estão sujeitas a contrair COVID, e essa chance aumenta ao passar do tempo;
● Uma dose de reforço pode fazer os níveis de eficácia da vacina ficarem ainda maiores do que logo após a 2ª dose;
● A quarta dose pode ser uma medida importante na prevenção de casos graves, especialmente nos grupos de risco.

Resumo

Atualmente, apesar da vacinação eficiente disponibilizada por diferentes indústrias farmacêuticas, ainda não há um tratamento disponível para a COVID-19. Um aumento recente nos casos de doença por coronavírus 2019 (COVID-19) devido à variante Omicron em populações com alta cobertura vacinal despertou preocupação sobre a eficácia das vacinas atuais. Neste artigo, será descrita a importância vacinal para as variantes preocupantes da COVID-19.

Introdução

Uma sequência de doenças respiratórias atípicas graves ocorreu em Wuhan, China, em dezembro de 2019, denominada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como síndrome respiratória aguda grave coronavírus-2 (SARS-CoV-2). Foi descrito que a sua disseminação entre humanos desempenhou um papel vital na pandemia. Diferentes variantes do SARS-CoV-2 foram identificadas desde que a primeira infecção por doença de coronavírus 2019 (COVID-19) apareceu em dezembro de 2019.

Até novembro de 2021, a variante Delta foi designada como variante preocupante (VP), designação dada com base em critérios do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), caracterizando uma variante responsável pelo aumento da transmissibilidade, curso grave da doença, redução da eficácia dos tratamentos e muitos outros fatores alarmantes. A Omicron, por sua vez, é uma variante do SARS-CoV-2 mutada, designada como VP pela OMS em 26 de novembro de 2021.

A mutação no SARS-CoV-2 é um processo contínuo que leva a múltiplas introduções de variantes preocupantes que são a razão por trás das ondas de infecções que podem continuar com a variante Omicron. Um grande número de mutações foi identificado na variante Omicron, incluindo múltiplas mutações no domínio de ligação ao receptor da proteína spike (proteína que desempenha um papel importante no mecanismo de infecção de nossas células pelo vírus) que foram associadas ao aumento da transmissibilidade e evasão imune após infecção natural ou vacinação. Desse modo este artigo abordará a eficácia vacinal frente a variante Omicron com duas ou três doses e ao final um comentário sobre a quarta dose.

Métodos

Estudos de caso-controle apresentam uma abordagem particularmente eficiente para monitorar a eficácia vacinal porque tendem a ser mais rápidos e baratos do que os estudos de coorte. Caso-controle é um tipo de estudo epidemiológico observacional, no qual os indivíduos não são randomizados para os grupos expostos ou não expostos, mas os indivíduos são observados para determinar sua exposição e seu status de resultado e o status de exposição não é determinado pelo pesquisador.

Uma característica chave do desenho negativo para o teste é o uso de um grupo controle com a mesma apresentação clínica, mas com teste negativo para o patógeno de interesse, ou seja, COVID-19. Desse modo, foi utilizado um desenho de caso-controle com teste negativo para estimar a eficácia da vacina contra a doença sintomática causada pelas variantes Omicron e delta na Inglaterra. A eficácia da vacina foi calculada após a imunização com duas doses de vacina Pfizer–BioNTech (BNT162b2), AstraZeneca (ChAdOx1 nCoV-19) ou Moderna (mRNA-1273) e após uma dose de reforço de Pfizer–BioNTech, AstraZeneca ou Moderna.

Resultados

     Entre novembro de 2021 e janeiro de 2022, foram identificadas 886.774 pessoas elegíveis infectadas com a variante Omicron, 204.154 pessoas elegíveis infectadas com a variante delta e 1.572.621 controles elegíveis com teste negativo. Nos momentos investigados, foram caracterizadas as combinações vacinais, sejam elas de duas doses ou de reforço. Além disso, foi avaliada a eficácia vacinal após o esquema vacinal completo, seja de duas doses ou contendo a dose de reforço. Nos indivíduos que tomaram a dose de reforço, a eficácia foi acompanhada por maior período. A eficácia contra a doença sintomática foi maior para as variantes Delta do que para as Omicron (Figura 1).

vacinas
Figura 1: Esquema vacinal de duas doses e dose reforço utilizando as vacinas AztraZeneca (ChAdOx1 nCov-19) e Pfizer-BioNTech (BNT162b2) contra as variantes Delta e Omicron. Imagem: adaptada de Andrews, N. e colaboradores, 2022.

  Discussão e Conclusões

A imunização com duas doses da vacina AstraZeneca ou Pfizer-BioNTech forneceu proteção limitada contra a doença sintomática causada pela variante Omicron. Um reforço com Pfizer-BioNTech ou Moderna após duas doses de AstraZeneca ou Pfizer-BioNTech aumentou substancialmente a proteção, mas essa proteção diminuiu com o passar do tempo. O reforço com Pfizer-BioNTech ou Moderna proporcionou um aumento substancial na proteção contra doenças leves, embora o declínio tenha ocorrido ao longo do tempo. Os reforços provavelmente oferecerão níveis ainda maiores de proteção contra doenças graves e fatais.

Levando em consideração a queda da imunidade após o reforço e grandes ondas de infecção pela variante Omicron, vários países começaram a administrar uma quarta dose de vacina às pessoas de grupo de risco, para aumentar a proteção imunológica. Uma quarta dose de vacina de mRNA é imunogênica, segura e aumenta a eficácia. E recentemente um estudo demonstrou que a quarta dose da vacina Pfizer-BioNTech aumenta a proteção contra infecção por SARS-CoV-2 em COVID-19 sintomática moderada ou grave, e diminui o número de mortes relacionado à COVID-19 em comparação com uma terceira dose (de reforço) em pessoas com 60 anos de idade ou mais.

 

Colaboração:

Pedro Augusto Carvalho Costa  sobre o autor           

Pedro Augusto Carvalho Costa é biólogo, mestre e doutor com experiência na área de Imunorregulação, atualmente trabalha com modulação da resposta imune, desenvolvimento de vacinas e terapia CAR-T através do uso nanopartículas lipídicas. Possui interesse em divulgação científica e disseminação do conhecimento.

Artigo Original:

O texto apresentado é uma adaptação do artigo “Covid-19 Vaccine Effectiveness gainst the Omicron (B.1.1.529) Variant”, publicado pela revista The New England Journal of Medicine em março de 2022, de autoria de Andrews, N., Stowe, J., Toffa, S. e colaboradores. O artigo original pode ser acessado em https://doi.org/10.1056/NEJMoa2119451

(Editoração: Fernando F. Mecca e Loren Pereira)

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